segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Atlântida


José Manuel
Era um país continental, situado no hemisfério sul do planeta e fazia fronteira com a Bolímia, o Paraguaçu, a Argentalha, o Uruchurro, a Venezuéria, a Colomfarc, o Peruchos,  e  mais três montículos  de  terra   chamados   Iguanas e  Suricane, que até hoje ninguém descobriu para que servem.
Uma nação grande e mal distribuída em busca do seu despertar emergente, pois tinha tudo para o ser mas o que havia sido construído em anos de trabalho árduo foi sistematicamente sendo destruído, por ONG's e bolsões maravilha que afloravam, se multiplicavam por todos  os  lados,  principalmente nas  áreas   Charlie e Delta
Em 10 anos, institucionalmente o país foi sucateado pela nova ordem e o que antes era de primeiro mundo, passou a ter um retrocesso visível chegando ao nível dos anos 50. Era a síndrome do baixo astral  se expandindo e fazendo-se cada dia mais presente nas vidas dos seus habitantes.

Convenhamos que, com uns vizinhos daquela estirpe, só poderia dar no que deu, porque a Bolímia  cultivava folhas de coca e roubava refinarias, o Paraguaçu, falsificava whisky e ficava com a grana da energia da hidrelétrica, a Argentalha aprontava tudo e todas, contra todos, a toda a hora, o Uruchurro só queria saber de cassinos e jogos de azar, a Venezuéria era muito chegada a doenças comuno-cubanacanas em alta expansão, por sua vez a Colomfarc não se decidia se ficava na droga ou na guerrilha, e o Peruchos que também não sabia se queria continuar indígena com os seus penachos na cabeça ou dar a presidência definitiva ao Japão.

Envolto nesse caos latino-Cubanacano,  o dito país, de  nome  arbóreo e  originário da área  lerdamente conhecida como novo-baiânica, era um  país,  com problemas, é claro, como todos, mas um lugar muito legal para se viver, porque além de ser naturalmente rico, altamente industrializado, tinha sol o ano inteiro, 8.000 Km de costa com lindas praias, terras férteis, grandes montanhas, florestas indescritíveis, fauna muito diversificada, um povo tranquilo, mas infelizmente, com muita falta de aspirações e levemente Disneyano.
Foi assim tudo isso, até ao início de 2003, quando uma estranha e desconhecida epidemia  que teve origem em terras canavieiras pós Maurício de Nassau, vicejou com sucesso durante décadas por terras bandeirantes, acabando finalmente por contaminar todo o território. 
Ainda não se conhece com clareza qual foi o resultado final desse mal, pois a doença é desconhecida e persistente, mas os efeitos colaterais foram por si só desastrosos senão calamitosos.

Essa doença que teve início em 1945, já vinha se alastrando lentamente pelas metalurgias e pelos sindicatos com visíveis sintomas de que poderia contaminar outros setores, mas como ainda estava sob controle, somente alguns se preocuparam e a declararam doença de altíssimo risco.
Apesar de todos os esforços e alertas desses poucos heróis, ela acabou se instalando  na área do planalto central e, como uma metástase, a partir de janeiro de 2003, se espalhou por todo o território, tornando-o oficialmente um Estado epidêmico.
Não existia, antídoto possível naquele momento que conseguisse acabar com a epidemia, e só seu povo com sua vontade, o seu voto e a sua força poderia torná-lo imune ao processo  de degradação iminente.
Dependia única e exclusivamente de seu povo, a volta do  país e de seus habitantes ao estado de saúde compatível a níveis anteriores saudáveis e com a modernidade que ele tanto almejava.

Os sintomas começaram com uma espécie de letargia, uma falta de vontade de reagir a qualquer notícia, principalmente as más notícias políticas.
Em seguida, notícias diárias de roubos bilionários praticados não por ladrões comuns, mas por agentes do seu próprio governo, tornaram-se tão comuns que o indivíduo passou a achar que aquilo que ouvia e via, estava dentro de uma aparente normalidade.
As greves foram se sucedendo, bancos, correios, transportes, serviços básicos e eles passaram a notar que aquilo também não os afetava mais.
Quando eles constataram que aquilo que eles mais prezavam, os tribunais, também estavam contaminados, aí caíram no fundo do poço e o sintoma mais primário e imediato, foi o da perda de memória cognitiva.

Essa doença foi tão devastadora a esse país que logo de cara dizimou em pouco tempo três companhias aéreas com milhões de vítimas, prostrou aquelas que eram as mais novas, destruiu fundos de pensão e seus milhares de assistidos, a indústria e o comércio também foram sacrificados porque tudo passou a ser contaminado pela China, liquidou com o sistema de saúde oficial, atingiu a educação por cotas raciais, arrasou hospitais, e nos estertores finais importaram-se médicos de Cubanacana, sem experiência alguma, nem o conhecimento da língua, pois o mal já havia se alastrado de tal forma que os  indivíduos entraram em confusão mental. Era o início do fim.

Ao que se sabe a doença não foi controlada, pois a apatia, a irritabilidade e a instabilidade emocional não deixou que o povo se insurgisse contra ela. A epidemia continua arrasando o que ainda resta de bom por lá, e seus habitantes entraram na fase de perda progressiva de neurotransmissores com dificuldade em reconhecer e identificar pessoas ou objetos.
Organizações americanas, estudam por satélite, e por outras formas de vigilância menos convencionais e não oficiais, pois não se pode chegar perto devido à contaminação, uma forma de evitar que esse mal se estenda a outros países, notadamente os da América do Norte.
Tendo em vista as últimas pesquisas, não há perspectivas de que essa doença seja debelada nos próximos anos, e  esse país tende a desaparecer.

Título e Texto: José Manuel, Imortal da ABM, 30-9-2013

Um comentário:

  1. Voltando aos meus sonhos: - Tenho certeza que "alguéns" podem ter deixado o meu sono com a tecla PESADELO acionada e com uma gigantesca pedra em cima para que eu não pudesse dar um "reset". Quando digo alguéns é por que o número cresceu tanto que a responsabilidade dos meus maus sonhos é de muitos. Essa descrição do José Manuel é um pesadelo sonhado todos os dias aqui em Pindorama e essa nossa "aldeia" só pode ser retirada desse pesadelo coletivo, de um modo sutil ao estilo "O Rato que ruge". Declararemos guerra à um pais social e economicamente bastante desenvolvido com um IDH excelente e no segundo seguinte declararemos rendição incondicional. Cabe ao vencedor o ônus de administrar as terras e os povos conquistados. E isso é para já. Escolha o país da sua preferência e vote. Pegue seu telefone, seu celular, Ipod também pode e vote ;tecle 01 para Noruega,tecle 02 para Dinamarca, tecle 03 para Suécia, tecle 04 Suíssa e tecle 05 para Canadá. Ou dê seu voto por e-mail para goodfuture@isthat-isgood.com A apuração será ao vivo diretamente pela NSA. Participe !!!
    Jonathas Filho

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