sexta-feira, 27 de setembro de 2013

O país do baixo astral (II)

José Manuel

Mais um escândalo esta semana vem se somar aos diários, que nos deixam cada vez mais para baixo.
Desta vez, a CGU ou Controladoria Geral da União está solicitando que sejam  devolvidos aos cofres da União a irrisória quantia 1,8 bilhões desviados por irregularidades.
Então, Doutor, o senhor que não nos deu a antecipação de tutela, com a alegação de grave dano  à União com possibilidade de  risco irreversível, o que acha desta notícia?
Muito enfáticas as suas palavras em defesa da Nação. Mas o que fizemos nós, do AERUS, simples trabalhadores, pagadores de impostos e do seu salário pago regiamente por nós?

A Controladoria-Geral da União (CGU), órgão responsável por fiscalizar o governo federal, recomendou nesta quarta-feira que sejam devolvidos aos cofres públicos 1,8 bilhões de reais, desviados por irregularidades. O valor é o mais alto da série histórica, calculada desde 2002. Nesses nove anos, a CGU recomendou a devolução de 7,7 bilhões de reais. (Veja.com)

Será que vamos acreditar mesmo, que essa quantia fabulosa desviada por irregularidades flagrantes, vai ser devolvida?  Shows anteriores nos fazem acreditar que não.
O que será que poderia ser feito com um valor como 1,8 bilhões  se fosse corretamente empregado?
E com 7,7 bilhões desviados desde 2002?
Qualquer criança responderia que um monte de problemas com hospitais, escolas, universidades e previdência social estariam parcialmente resolvidos. Sem contar, é claro, que evitaríamos a vergonhosa importação de  médicos.

Para chegar ao valor de 1,8 bilhão de reais, a CGU teve como base 744 processos de tomadas de contas especiais, instrumento para ressarcir a administração pública de prejuízos que lhe foram causados. O processo só é instaurado depois de esgotadas as demais medidas administrativas para reparação do dano. Os processos são instaurados nos próprios órgãos onde ocorreu o prejuízo e, antes de serem encaminhados ao Tribunal de Contas da União (TCU), são analisados pela CGU. (Veja.com)

São 7 274 (sete mil  duzentos e setenta e quatro) processos instaurados em nove anos ou 808 por ano, ou ainda 2,21 por dia!
Onde estamos e onde  vamos chegar?
O uso da máquina pública é cada dia mais criminoso e é preciso urgentemente dar um basta.
Vamos acabar vivendo em um país ilegal, marginal
Isto é um absurdo, ainda mais se pensarmos nos déficits de emprego, mão de obra especializada, aumento crescente de analfabetismo, saneamento básico precário, sistema prisional esfacelado, aumento da criminalidade a níveis espantosos, trabalho escravo, indústria e comércio rolando ladeira abaixo, etc, etc.

De 2002 a dezembro de 2011, os Ministérios da Saúde, da Educação e da Integração Nacional foram os que instauraram maior número de processos para reparação de prejuízos. Na Saúde, o total chegou a 3.316 processos (representando 34% do valor de recursos potencialmente recuperáveis); em seguida vem o Ministério da Educação, com 3.187 processo (12,5% do valor), e o Ministério da Integração Nacional, com 771 processo (14,5% do valor).

E aí, doutores? Isso tudo é praticado na área governamental, onde os senhores trabalham, mas nós do AERUS é que somos os que continuam lesando a Pátria?
Por favor, façam o que quiserem pois o poder por enquanto está com vocês, mas não nos passem um atestado de idiotas.

A conta durante o julgamento dos criminosos do mensalão, somando os salários dos juízes mais a instauração dos inquéritos, mais o show, durante meses, deve ter ficado muito boa.
Só com a contratação de seguranças para o julgamento, foi gasto 1,9 milhões (Portal G1).

Uma ação que beneficia o AERUS por direito e que está com o doutor há exatos 139 dias para avistar, não precisa de seguranças e sentenciada deve chegar ao mesmo valor desviado fraudulentamente.
Uma coisa interessante é que a ação que está sendo avistada vai completar 21 anos ou a maioridade dentro em pouco, enquanto o dinheiro desviado e agora solicitado pelo TCU, levou apenas 9 anos.
Duas vezes e meia  mais rápido. Fantástico!

Esse é o baixo astral a que estamos sendo submetidos diariamente.
Enquanto isso, dois meses são passados desde o anúncio oficial de formatação de acordo.
Nós, cidadãos, cujo único delito foi trabalhar para este país baixo astral, continuamos a sofrer todo o tipo de baixaria. SEM SEGURANÇA OFICIAL.
Título e Texto: José Manuel, ex-tripulante Varig, 67 anos, nunca praticou baixaria e tem um astral muito alto, 27-9-2013

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3 comentários:

  1. Parabéns Zé Manuel. Vc se superou neste brilhante artigo. Parabéns e para nós continua o drama. O terrivel drama ou melhor a Tragédia Silenciosa como diz meu amigo Vilmar Mota.

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  2. Jonathas Filho
    Soube de uma reclamação, no século XIX em que um Policial reclamava de não ter sido "convidado" para dar segurança em sequer um Baile da Ilha Fiscal. Os séculos passam e os "Fiscais" continuam "Bailando" nessa Ilha...onde tudo é Fantasia.!
    Jonathas Filho

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  3. Sinceramente, José Manuel, José Paulo e Jonathas... por uma questão de sobrevivência emocional, estou me recusando a acompanhar o noticiário, não apenas no Brasil como no estrangeiro. Quase todo o espaço noticioso está voltado para o que tem de pior em termos do que acontece na nossa sociedade e no mundo. Corrupção, má administração pública, evasão de divisas, roubalheira, assassinatos, conspirações, traições em todos os escalões da vida pública e privada...
    Banalizou-se a notícia e a vida e tudo gira em torno do vil metal! As pessoas mandam matar, matam e morrem e, no instante seguinte, são esquecidas, pois os mortos não incomodam... Então, o drama da vida é estar vivo e ser a próxima vítima, num mundo onde não se respeita mais nada e a “justiça” é mais uma palavra vazia...
    Que vida mais medíocre é esta? Apenas o dinheiro e o poder de mandar e de decidir é que entram em cena como objetos de desejo e prazer!
    Não, eu não consigo sequer escrever sobre a vida... Enquanto for este o horizonte à minha frente eu prefiro o isolamento, por uma questão de sobrevivência emocional.
    Posso aplaudi-los e também agradecer por vocês estarem tentando fazer alguma coisa em prol de um objetivo, uma causa, um compromisso assumido. Que o Criador deste Universo os acompanhe e os proteja. É o que posso dizer, no momento.

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