Rivadávia Rosa
Hegemonia (grego eghesthai)
– “guiar”, “conduzir”; em sua origem genuinamente grega, designava na Grécia
antiga a preponderância política e a direção militar pertencentes à
população mais importante em uma confederação permanente ou em uma liga
temporária de cidades.
"Um grupo humano
se transforma numa multidão quando responde a uma sugestão em vez de a um
raciocínio, a uma imagem em vez de a uma ideia, a uma afirmação em vez de a uma
prova, à repetição de uma frase em vez de argumentos, ao prestígio em vez de à
competência." Jean-François
Revel
Há efetivamente o que se
denomina demência/sabedoria das massas.
Mas o fato é que e é bom
que se reitere: as leis para vivermos em liberdade e democracia estão
escritas, os que estão destruindo o sistema são justamente as autoridades
públicas que não as respeitam nem as fazem cumprir.
A partir do governo do
sociólogo de formação marxista –
Fernando Henrique Cardoso (em dois mandatos sucessivos, o
primeiro de 1995-1998 – na esteira do “Plano Real” do presidente Itamar Franco
(Itamar Augusto Cautiero Franco – interino de 1992-1995); o segundo
1999-2002 pela reeleição “comprada”) foi forjada a “hegemonia esquerdista” e o domínio
do poder no País, na linha preconizada por Gramsci (Antonio Gramsci,
comunista italiano – 1891-1937); sucedido em dois mandatos a partir de
2003 por Luiz Inácio Lula da Silva e, num terceiro, por Dilma Rousseff,
atual presidente.
Gramsci preconiza que a
única maneira de fazer uma revolução nos países capitalistas é pela
substituição da hegemonia burguesa (capitalista) por uma nova de base
proletária para sustentar a ‘nova ordem socialista’ e, assim, por essa nova
classe a hegemonia (esquerdista) passaria a dominar...
Porém, o fato é que o exercício
do poder hegemônico – revela
suas inevitáveis e perversas contradições que emergem num regime político
estruturado sobre a supremacia do Poder Executivo – em que um dos
efeitos extremos da ‘lógica’ hegemônica – é converter – numa Federação – os
Estados-membros em meras ‘sucursais’ das decisões do poder central presidencial
– aniquilando o Federalismo.
E, segue-se a desordem
institucional, sobretudo quando não se respeita a independência da Justiça,
em que o governo exercita um populismo personalista e hegemônico que não só atenta
contra o sistema político, a democracia e a República, mas também
o degrada mediante a cooptação despudorada de parlamentares oposicionistas, que
como vestais no bordel da política cedem a irresistíveis manobras,
outorga de cargos, favores e prebendas, num formidável ‘espetáculo da
corrupção’.
Por outro lado, os
conflitos e tensões sociais –
de forma reiterada – se movem de forma (des) estruturante para uma rotina
perversa entre a sociedade e os governos – marcando a confrontação e o
antagonismo; mesmo que as causas dos conflitos não sejam sempre as mesmas – as
consequências são a violência crescente no espaço aberto das ruas,
rodovias, órgãos públicos e propriedades privadas.
Daí, o paradoxo da hegemonia:
os governos querem ser hegemônicos, porém não podem sê-lo; a instituição de um
círculo vicioso de apostas e fracassos, em lugar de acumular experiência
institucional, dilapida os valores morais, enveredando para a retórica
discursiva ou na interdição do diálogo social e suas (in) consequentes negociações.
Assim, ressurge em nossos
tempos a violência política utilizada pelos insurgentes comunistas no século
passado, mas atualmente instrumentalizada por ações diretas,
bloqueios, de ruas, rodovias, destruição e saque do patrimônio privado,
promovidos por movimentos auto denominados ‘sociais’, por ou patrocinado por
sindicalistas, políticos com ‘controle’ de áreas políticas (municípios e
Estados) e grupos de ativistas que buscam entrar em choque inspirados
numa estratégia habitual, e de ocasião tanto circunscrita como eficaz; um mero
conflito por questões salariais, a mudanças/rejeições forçadas de projetos e
intimidação pura e simples da sociedade; (in) consequências: prepotência,
falta de diálogo e descompromisso para com os acordos firmados pelas
próprias autoridades públicas – rumo ao vazio de autoridade e à
anarquia.
Obervam-se sinais
explícitos de estratégia ‘política como prolongamento da guerra’ –
cujas ações, linguagem e comportamentos ultrapassaram a prudência pela ‘fúria’,
não só verbal, mas também física.
A estes choques de
intenções e (in) consequências inesperadas soma-se o contexto frágil das instituições
do Estado; esta dissolução das estruturas estatais – sujeitas à
vontade hegemônica dos governantes de turno, provoca nos Estados implosões de
diversas intensidades. As posições se conectam às autoridades e se
desmoronam subitamente, como se a capacidade dessas autoridades não pudesse
conter as pressões externas.
Os golpes institucionais, a
história registra – situam-se nessas encruzilhadas, depois da implosão
em que se desenvolve um segundo ato que conhecemos de sobra – troca de
presidentes, nas ocorrências em que o caos e anarquia se produzam em
nível nacional, e, sucessivamen nos Estados.
A implosão da hegemonia –
com ou sem alternância, nas implosões do exercício da soberania do povo se
projeta sobre dois planos paralelos: num, prevalecem as eleições e o regime
representativo; noutro, as rebeliões sociais e o protesto direto.
Estes planos são interdependentes.
As implosões decorrentes dos protestos podem ser tão eficazes para
derrubar governantes como as eleições para sua saída pacificamente.
Por outro lado, tem-se
a violência difusa ou explícita manipulada pelo Governo ou desde algumas
facções da supostas oposições que impregnam as táticas eleitorais dos
contendores.
O pluralismo exacerbado de
partidos ou meras facções, com um conceito amplo de cultura que envereda, em
não poucas oportunidades para o espetáculo. As microviolências eleitorais, o
engano oculto por trás da propaganda e a indução das pesquisas para manipular
as massas, assim como o uso de recursos públicos com fins eleitorais estão na
ordem do dia.
O embate se desenvolve e
é encarado sem reconhecer os assuntos graves pendentes, sem controle de
segurança, nem de transporte (mobilidade urbana), assim como dos demais
serviços básicos e essenciais que devem ser prestados pelo Estado…
RESUMINDO: É a
marcha da implosão da hegemonia imposta de forma perversa pelo esquerdismo
que aos choques de intenções e (in) consequências inesperadas soma-se
o contexto frágil das instituições do Estado; a dissolução das
estruturas estatais – pela ‘vontade’ hegemônica dos governantes de turno,
provoca nos Estados implosões de diversas intensidades. As posições se
conectam às autoridades e se desmoronam subitamente, como se a capacidade
dessas autoridades não pudesse conter as pressões externas.
Os golpes institucionais, a
história registra – situam-se nessas encruzilhadas, depois da implosão
em que se desenvolve um segundo ato que conhecemos de sobra – troca de
presidentes, no caso de que a anarquia se produza a nível nacional, e
sucessivamen nos Estados.
Enfim, a implosão da
hegemonia – com ou sem alternância, nas implosões do exercício da soberania
do povo se projeta sobre dois planos paralelos: num, prevalecem as eleições
e o regime representativo; noutro, as rebeliões sociais e o protesto direto.
Estes planos são interdependentes. As implosões decorrentes dos protestos
podem ser tão eficazes para derrubar governantes como as eleições para sua
saída pacificamente…
Título e Texto: Rivadávia
Rosa, 29-10-2013
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