sexta-feira, 25 de outubro de 2013

O Ocidente espera que o Irã substitua as palavras por ações

PRESIDENTE DO IRÃ DIZ QUE “OS SIONISTAS APELAM PARA A SABOTAGEM ONDE O IRÃ JÁ TEVE SUCESSO”
Francisco Vianna

O Presidente do Irã, Hassan Rouhani, discursa durante uma entrevista à TV estatal do país em setembro último, em Teerã. Foto: AP/Escritório da Presidência/Rouzbeh Jadidoleslam
O Presidente Hassan Rouhani disse no último domingo que seu país tem tido sucesso em isolar Israel e que esta foi a razão de o estado judeu ter tentado “arruinar a atmosfera positiva” em torno das conversações sobre o programa nuclear do regime iraniano.

Falando numa reunião de gabinete, Rouhani disse que “o Irã tem que ser cuidadoso com os planos de seus inimigos externos que visam danificar a unidade nacional”, relatou a agência de notícias estatal iraniano IRNA. Rouhani acrescentou que Israel estava tentando sabotar as negociações nucleares em curso.

“Os sionistas têm apelado à sabotagem e criado incidentes domésticos e no exterior”, disse ele, assinalando que a história da Revolução Islâmica mostra que isso acontece cada vez que a República Islâmica se aproxima de um marco de entendimento na arena internacional. O mandatário elogiou os esforços diplomáticos do seu país, afirmando que sua administração tomou ativamente a iniciativa na arena global e “venceu a batalha no ‘tribunal da opinião pública’ nos países que impuseram as sanções contra o Irã via ONU”, segundo a mídia local.

Concluiu dizendo que seu governo já conseguiu sucesso diplomático ao suspender a aplicação de sanções adicionais ao país e ao se engajar construtivamente com as potências mundiais. “Com a graça de Deus e graças ao feito épico do povo persa nas eleições presidenciais, o movimento diplomático do governo, numa interação construtiva com o resto do mundo e através do apoio e confiança do Líder Supremo da Revolução Islâmica, tem produzido resultados avaliáveis neste curto período, os quais têm não só motivado os governos a elogiar a democracia no Irã como também a suspender a tendência de aplicar novas sanções contra Teerã”, disse em sua peroração de gabinete. “O governo do Irã está consolidando seus direitos nucleares passo a passo e removendo obstáculos do caminho do progresso da nação”, acrescentou.
O presidente iraniano concluiu dizendo que “o caminho digno do Irã está claro, e os objetivos que têm sido estabelecidos pelo Líder Supremo da Revolução para o desenvolvimento do país serão vigilantemente buscados”. 

No último domingo, o orador do Parlamento iraniano, Ali Larijani, advertiu que “uma pressão exagerada por parte do Ocidente, durante as conversações sobre o assunto nuclear pode levar os legisladores iranianos a apelar para uma aceleração dos trabalhos atômicos em toda a sua gama, inclusive a militar”. Essa mensagem de Larijani foi seguida de apelos por parte de alguns membros do Congresso dos EUA no sentido de aumentar ainda mais a severidade das sanções apesar e independentemente de qualquer negociação nuclear em curso ou em vista de ocorrerem como as que começaram na semana passada em Genebra. “Os iranianos têm que mudar sua atitude e seu discurso, ambos ameaçadores, em relação ao Ocidente e particularmente a Israel, ou jamais ganharão a confiança do mundo em relação ao seu programa nuclear”, disse um senador americano. Também foi claro ao se referir às preocupações dos ‘linha-duras’ com relação às possíveis concessões que os iranianos possam obter nos seus esforços para aliviar as atuais sanções impostas pelos EUA e seus aliados via Conselho de Segurança da ONU.

Larijani disse que o Parlamento do seu país pode e deve ser ouvido no tocante à “quantidade e diversidade” das atividades nucleares do país, sugerindo que é urgente expandir essa atividade nuclear caso o Ocidente mostre um “comportamento de duplo padrão e injustificável”. Não forneceu mais detalhes em seus comentários relatados pela agência de notícias semioficial FARS.

Detalhes das conversações iniciadas na semana passada permanecem fortemente secretas, mas as prioridades no curto prazo, ficaram mais claras. Os EUA e seus aliados procuram reverter as ações de enriquecimento de urânio de alto nível por parte do Irã, as quais ainda estão diversos passos distantes do grau de aquisição de capacidade bélica.
O Irã quer que o Ocidente comece a suspender as sanções, que têm atingido seriamente a vital exportação de petróleo do país.

A próxima rodada dessas conversações está marcada para os dias 7 e 8 de novembro próximo em Genebra entre o Irã e o G5+1, os países integrantes permanentes do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha. Tanto o Ocidente como outros países temem que o Irã possa eventualmente produzir uma ogiva nuclear, ao passo que o regime persa insiste em que busca apenas construir reatores para a produção industrial de energia elétrica e para uso médico.

Segundo autoridades israelenses – que receberam informes reservados sobre as discussões da semana passada –, o Irã está alegadamente querendo limitar o enriquecimento de urânio em 20% e “restringir amplamente” a atividade de suas instalações nucleares em troca da suspensão das sanções econômicas ocidentais impostas contra a República Islâmica, mas ao mesmo tempo não quer desistir de progredir com sua tecnologia nuclear.

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, falando na reunião de seu gabinete, no domingo, instou que o Ocidente aumentasse a pressão internacional sobre Teerã e além de manter as atuais sanções, até mesmo as aumentem em variedade e severidade, pelo menos enquanto “as ações persas não se tornarem mais visíveis do que suas palavras têm sido audíveis”. Netanyahu destacou que o mundo não deveria esquecer que o Irã tem “sistematicamente enganado a comunidade internacional” no tocante ao seu programa nuclear e principalmente ao que pretende dele a cúpula islamofascista do regime de Teerã, que já foi bastante explícita quanto a elas.

O jornal americano, de esquerda, o The New York Times, disse na sexta-feira passada que o governo de Obama estava ponderando um “descongelamento gradual” dos depósitos iranianos no exterior, sem rescindir propriamente as sanções.

O Ministro para Assuntos Estratégicos e de Inteligência, Yuval Steinitz, tem agendada uma viagem aos EUA neste fim de semana, tanto para ser informado sobre o que foi conversado em Genebra, quanto para avisar Washington para não se deixar enganar, de novo, ao fazer concessões prematuras a Teerã. Netanyahu também tem agendado com o Secretário de Estado, John Kerry, uma discussão sobre o Irã durante um encontro em Roma nesta semana.
A posição de Israel, Segundo uma reportagem da mídia hebraica, é a de que concessões dadas a Teerã ainda deixarão que o Irã mantenha sua infraestrutura em funcionamento para retomar seu programa nuclear a qualquer momento no futuro. Netanyahu tem exigido repetidamente, que o Irã deva ser privado inteiramente de qualquer possibilidade “de uso militar da energia nuclear”, uma vez que, declaradamente, o mundo todo sabe o que o regime persa pretende fazer com ele, assim que o conseguir.

“O fechamento incondicional das usinas nucleares de Arak e Fordo é fundamental para que a capacidade de enriquecimento de urânio em nível militar seja eliminada. Com isso, todo o urânio enriquecido deve ser enviado para for a do Irã e ser armazenado em local seguro, com a AIEA da ONU fiscalizando amplamente os reatores e fornecendo o combustível atômico apenas para o funcionamento pacífico que os persas dizem buscar e até ajudando os cientistas iranianos a obtê-lo”.

No fim de semana passado, o presidente Rouhani disse que o Irã “tem a vontade política necessária” para chegar a um acordo com a comunidade internacional “que represente uma vitória para ambos os lados” quanto ao seu programa nuclear, como publicou o jornal “Tehran Times” no domingo. Disse ainda que o encontro da semana passada em Genebra, chamado de “o mais sério até o momento” pela Casa Branca, mostrou que “os outros países [menos Israel, é claro] ficaram cientes da vontade política da República Islâmica do Irã”.
Teerã procura o alívio de anos de sanções paralisantes impostas pela ONU, as quais Israel insiste que sejam mantidas como sendo determinantes para que o Irã seja forçado a se amoldar às regras nucleares internacionais de segurança estabelecidas pela Organização Mundial.
Título e Texto: Francisco Vianna, (da mídia internacional), 25-10-2013

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