domingo, 27 de outubro de 2013

"Pior, o mais irritante é como este governo corta despesa e em vez da tão propalada 'espiral recessiva', o País cresce e sai da recessão!"

Rudolfo Rebelo
Estou a ler o Expresso. Acabei de ler a costumeira prosa do revisionista Daniel Oliveira. Recomendo, diga-se de passagem. Acho que DO é pessoa recomendável, embora de uma "ileteracia económica" espantosa para quem almeja aspirar algo mais do que contar histórias à esquerda.
Mas é um divertido.

Diz o menchevique-socrático Oliveira que "as despesas sociais" sempre estiveram "abaixo da média europeia em percentagem do PIB" (...). Percebo que esta malta vive e respira enganos. E gostam disso.
Não é verdade que as despesas sociais "sempre estiveram abaixo da média europeia".

Sucede precisamente o contrário. Basta consultar a base de dados da Comissão Europeia (Ameco). Em 2013, as despesas com prestações sociais em Portugal representavam 19,4% do PIB, o terceiro país na UE que mais gasta nesta rúbrica, a seguir a Itália e França. A média europeia é de 17,1%. O problema não é do presente. Já em 2010, em pensões (com a CGA e SS), Portugal dedicava o equivalente a 12,5% do PIB, quando a média europeia andava nos 11%. Em 2013, com a pressão do sistema, a despesa já equivale a quase 15% do PIB (este acréscimo não é explicado pela queda conjuntural do PIB). Basta, aliás, dizer que entre 2000 e 2013 a despesa subiu 8 pontos de PIB, algo inédito na UE!

Como a asneira não pode ficar coxa, o menchevique afirma que foi a crise de 2007/2008 (aí está o lado socrático do homem) que fez disparar a Dívida Pública, que "até então estava abaixo da média europeia"...
Mentira.

Ninguém mandou os governos de Sócrates disparar os défices orçamentais para a casa dos 10% em 2009 e 2010 (a Dívida Pública, grosso modo, resulta do somatório dos défices). E, em 2011, não fosse a interrupção patriótica, iria pelo mesmo caminho.

A CE foi taxativa em 2008: apenas os países em boas condições orçamentais teriam margem para aumentar os défices. Só que, em 2009, Sócrates comprou as eleições (ai, se fosse o centro a fazer isso...) ao aumentar os salários da Função Pública, pensões, e... baixa de impostos. E, mesmo assim, no fim de 2010, o País caiu em recessão económica!

Até hoje não percebem porque isso sucedeu. Estão atónitos. Desesperados.
Pior, o mais irritante é como este governo corta despesa e em vez da tão propalada "espiral recessiva", o País cresce e sai da recessão!
Isto é que é demais... Não lhes cabe na cabeça.

Por fim é uma delícia os mencheviques agarrarem-se a Keynes... Para eles a teoria do economista só é válida no tempo das vacas magras, porque quando a economia cresce (a teoria obriga a poupanças orçamentais) estão-se nas tintas para o inglês.
Mencheviquices úteis para uns tantos sabichões.
Título e Texto: Rudolfo Rebelo, 27-10-2013

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