sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Suspenso o Protesto de Greve de Fome

Estatística
José Manuel
Face  à notícia não oficial e veiculada pelo SNA/FENTAC, na noite de ontem, 24-10-2013, de que a AGU solicitou um agendamento com o escritório de advocacia que representa o SNA (Sindicato Nacional dos Aeronautas) e a AAPT (Associação dos Funcionários Aposentados e Pensionistas da Transbrasil), em Brasília, para terça-feira, 29-10, às 16 horas, e em conformidade com informações recebidas do  Sr. Thomaz Raposo, diretor presidente da APRUS, fica suspenso temporariamente a execução do protesto já divulgado há uma semana, em que me propus a permanecer em greve de fome. Com este procedimento ratifico o compromisso de em momento nenhum polemizar com o acordo que está sendo construído. Outrossim, quero ressaltar de que os movimentos estão atentos e voltarei a realizá-lo caso se configurem os constantes adiamentos.

Em  1978, eu voava a linha internacional da Varig e me inscrevi para o baseamento de Los Angeles, porque era uma coisa que todos almejavam. O sonho de viver no Exterior, treinar o idioma e, claro, fazer uma pequena poupança, que ajudaria muito nos anos vindouros, era mágico.
Nessa época, eu tinha acabado de fazer um pré-vestibular e passei para a universidade Santa Úrsula, em administração de empresas. Ao mesmo tempo fui chamado para o baseamento, mas acabei optando pelo campus, indo, no meu lugar, o colega Nakamura.
Então, iniciei as minhas atividades  universitárias, com imensa  dificuldade pois a escala na época era muito pesada, os voos, muito juntos, não me davam as folgas suficientes para que pudesse frequentar com assiduidade e conforto os períodos.

Em particular, havia uma matéria que eu simplesmente odiava, porque é muito chata e complicada. Chama-se Estatística e eu nunca mais esqueci os problemas que me causavam essa complicação de cálculos, uma vez que eu não sou exatamente um burocrata nato. Chegava ao ponto de ir para as aulas de arquitetura, nos horários da dita matéria.
Por incrível que possa parecer um dos meus pesadelos recorrentes ao longo da vida é o de que não vou completar o período por faltar às provas dessa matéria. Um porre!

A introdução que fiz, muito pra lá de chata é para que todos percebam como a Estatística sempre fez e vai continuar fazendo parte da nossa vida.
Por exemplo, estatisticamente estamos entre aqueles que mais  foram lesados por um país que não cumpre com responsabilidade as suas obrigações contratuais. Da mesma fórmula matemática somos o grupo que mais perde indivíduos por ano, por conta dessas obrigações contratuais, não cumpridas pela União, ou seja, em um cálculo hipotético com séria tendência à realidade, temos 800 óbitos em sete anos e meio, ou média de 107 por ano ou, ainda, por volta de três por mês. Parece macabro, mas não. É estatística.

Estatisticamente estamos entre aqueles que menos praticam a sua cidadania, ou seja, procurar seja de que forma for, atingir  nossas prioridades, como, por exemplo, ir atrás de perdas causadas por terceiros. Neste caso específico torna-se gritante, o porquê das associações Variguianas, não terem tomado a mesma atitude da  AAPT (Transbrasil) que através do SNA contratou um escritório previdenciário especializado, para lutar pelos direitos de seus membros participantes do Aerus.
Diga-se de passagem que o fato de nós, Variguianos, estarmos incluídos nessa ação, por si só é um verdadeiro milagre. É fato!
Por quenão o fizeram?
Ficaram esperando o quê?
Será que estavam esperando a causa bilionária da Varig? Provavelmente.
Essa causa já vai fazer a maioridade, ainda está sendo avistada pelo STF e, estatisticamente, isso foi um desastre em todos os pontos de vista. Inclusive no final, o do ministro.

Estatisticamente, afirmo sem a menor dúvida que o nosso maior problema começou quando não tomamos a iniciativa de correr atrás do que nos haviam surripiado. Tínhamos três associações muito bem estruturadas, mas infelizmente nos perdemos, ou por ambições pessoais, ou por falta de capacidade para gerenciar o problema que se avizinhava.

A falha em que incorremos foi clássica e imperdoável. A de não termos nos assessorado de áreas técnicas na área atuarial e muito menos a percepção do motivo pelo qual foi criado o plano II. Alguns aeronautas participaram de um estudo a respeito, mas certamente não se aperceberam do que estava ocorrendo, inclusive em função da quebra de contrato com a terceira fonte, fato basicamente escondido pelo AERUS  (ODILON JUNQUEIRA) por motivos claros visto que a terceira fonte deixou de ser alocada ao Aerus.

Isto que acabaram de ler é a realidade nua e crua, em que temos a nossa parcela de culpa.
Mas bem pior, foi a omissão criminosa da União em permitir que isso tudo acontecesse, uma vez que foi a responsável  pelo descumprimento de regras que ela (União) implantou ao criar os fundos de pensão, e ao permitir que um simples ato administrativo sem poder para tal, cancelasse a terceira fonte, também implantado pela União.

As ações em curso e já com sentenças definidas, não deixam dúvidas quanto à sua culpabilidade, nos dois episódios.
E a resposta, está ai para todos verem, a triste situação em que nos encontramos, dependentes de uma ação que não é nossa, dependentes de um STF que não julga a ação garantidora do Aerus, dependentes de uma terceira fonte que está ao sabor dos humores de um Desembargador, dependentes de um escritório de advocacia que não foi por nós contratado, e sem voz ativa em nenhuma dessas questões.
Navegando pelo imponderável, com uma promessa de acordo que já se arrasta há dois meses e meio sem justificativa nem informações oficiais.

Quem são os nossos verdadeiros líderes?
Essa resposta nós vamos ter que saber agora, que nos encontramos no limiar de um acordo proposto pela União. É bem verdade que nem tudo está perdido para nós, Variguianos, pois, por sorte e como "pièce de résistance", temos a defasagem tarifária  em garantia ao Aerus e a terceira fonte, que nos dão uma força de enfrentamento e negociação enorme.

Mas, agora não há mais lugar para ambições descabidas, teorias fora de contexto ou hombridades exacerbadas, pois nem hormônios mais produzimos, para nos candidatarmos a ser pai ou mãe de alguém ou alguma coisa.
Nós somos velhos, e como tal temos que executar o que aprendemos a vida inteira, a respeitar a todos, a se fazer respeitados e, finalmente, encontrar o nosso caminho através de uma verdadeira liderança. Não temos mais tempo para nada, e vamos nos  conscientizar de que temos que honrar o nome da empresa para a qual trabalhamos toda a nossa vida, como uma homenagem póstuma e trabalhar com honestidade de propósitos para reaver o que nos pertence.
Caso contrário vamos ter que enfrentar outra vez a palavra estatística  e tristemente passar a fazer parte daquilo que ela significa.
Título e Texto: José Manuel, ex-tripulante Varig, e puro de origem, 25-10-2013

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