José Manuel
Face à notícia não
oficial e veiculada pelo SNA/FENTAC, na noite de ontem, 24-10-2013, de que
a AGU solicitou um agendamento com o escritório de advocacia que
representa o SNA (Sindicato Nacional dos Aeronautas) e a AAPT (Associação dos
Funcionários Aposentados e Pensionistas da Transbrasil), em Brasília, para
terça-feira, 29-10, às 16 horas, e em conformidade com informações recebidas do
Sr. Thomaz Raposo, diretor presidente da APRUS, fica suspenso temporariamente a execução do
protesto já divulgado há uma semana, em que me propus a permanecer
em greve de fome. Com este procedimento ratifico o compromisso de em
momento nenhum polemizar com o acordo que está sendo construído. Outrossim,
quero ressaltar de que os movimentos estão atentos e voltarei a realizá-lo caso
se configurem os constantes adiamentos.
Em 1978, eu voava a
linha internacional da Varig e me inscrevi para o baseamento de
Los Angeles, porque era uma coisa que todos almejavam. O sonho de viver no Exterior,
treinar o idioma e, claro, fazer uma pequena poupança, que ajudaria muito nos
anos vindouros, era mágico.
Nessa época, eu tinha acabado
de fazer um pré-vestibular e passei para a universidade Santa Úrsula,
em administração de empresas. Ao mesmo tempo fui chamado para o
baseamento, mas acabei optando pelo campus, indo, no meu lugar, o
colega Nakamura.
Então, iniciei as minhas
atividades universitárias, com imensa dificuldade pois a escala na
época era muito pesada, os voos, muito juntos, não me davam as folgas
suficientes para que pudesse frequentar com assiduidade e conforto os períodos.
Em particular, havia uma
matéria que eu simplesmente odiava, porque é muito chata e
complicada. Chama-se Estatística e eu nunca mais
esqueci os problemas que me causavam essa complicação de cálculos, uma vez que
eu não sou exatamente um burocrata nato. Chegava ao ponto de ir para as aulas
de arquitetura, nos horários da dita matéria.
Por incrível que possa parecer
um dos meus pesadelos recorrentes ao longo da vida é o de que não vou completar
o período por faltar às provas dessa matéria. Um porre!
A introdução que fiz, muito
pra lá de chata é para que todos percebam como a Estatística sempre
fez e vai continuar fazendo parte da nossa vida.
Por exemplo, estatisticamente
estamos entre aqueles que mais foram lesados por um país que não cumpre
com responsabilidade as suas obrigações contratuais. Da mesma fórmula
matemática somos o grupo que mais perde indivíduos por ano, por conta dessas
obrigações contratuais, não cumpridas pela União, ou seja, em um cálculo
hipotético com séria tendência à realidade, temos 800 óbitos em sete anos e
meio, ou média de 107 por ano ou, ainda, por volta de três por mês. Parece
macabro, mas não. É estatística.
Estatisticamente estamos entre
aqueles que menos praticam a sua cidadania, ou seja, procurar seja de que forma
for, atingir nossas prioridades, como, por exemplo, ir atrás de perdas
causadas por terceiros. Neste caso específico torna-se gritante, o porquê das
associações Variguianas, não terem tomado a mesma atitude da AAPT (Transbrasil)
que através do SNA contratou um
escritório previdenciário especializado, para lutar pelos direitos de
seus membros participantes do Aerus.
Diga-se de passagem que o fato
de nós, Variguianos, estarmos incluídos nessa ação, por si só é um
verdadeiro milagre. É fato!
Por quenão o fizeram?
Ficaram esperando o quê?
Será que estavam esperando a
causa bilionária da Varig? Provavelmente.
Essa causa já vai fazer a
maioridade, ainda está sendo avistada pelo STF e, estatisticamente,
isso foi um desastre em todos os pontos de vista. Inclusive no final, o do
ministro.
Estatisticamente, afirmo sem a
menor dúvida que o nosso maior problema começou quando não tomamos a iniciativa
de correr atrás do que nos haviam surripiado. Tínhamos três associações muito
bem estruturadas, mas infelizmente nos perdemos, ou por ambições pessoais, ou
por falta de capacidade para gerenciar o problema que se avizinhava.
A falha em que incorremos
foi clássica e imperdoável. A de não termos nos assessorado de áreas técnicas
na área atuarial e muito menos a percepção do motivo pelo qual foi criado o
plano II. Alguns aeronautas participaram de um estudo a respeito, mas
certamente não se aperceberam do que estava ocorrendo, inclusive em função da
quebra de contrato com a terceira fonte, fato basicamente escondido pelo AERUS
(ODILON JUNQUEIRA) por motivos claros visto que a terceira fonte deixou de ser
alocada ao Aerus.
Isto que acabaram de ler é a
realidade nua e crua, em que temos a nossa parcela de culpa.
Mas bem pior, foi a omissão
criminosa da União em permitir que isso tudo acontecesse, uma vez que foi a
responsável pelo descumprimento de regras que ela (União) implantou ao
criar os fundos de pensão, e ao permitir que um simples
ato administrativo sem poder para tal, cancelasse a terceira fonte,
também implantado pela União.
As ações em curso e já com
sentenças definidas, não deixam dúvidas quanto à sua culpabilidade, nos dois
episódios.
E a resposta, está ai para
todos verem, a triste situação em que nos encontramos, dependentes de uma ação
que não é nossa, dependentes de um STF que não julga a ação
garantidora do Aerus, dependentes de uma terceira fonte que está ao sabor
dos humores de um Desembargador, dependentes de um escritório de advocacia que
não foi por nós contratado, e sem voz ativa em nenhuma dessas questões.
Navegando
pelo imponderável, com uma promessa de acordo que já se arrasta há dois
meses e meio sem justificativa nem informações oficiais.
Quem são os nossos verdadeiros
líderes?
Essa resposta nós vamos ter
que saber agora, que nos encontramos no limiar de um acordo proposto pela
União. É bem verdade que nem tudo está perdido para nós, Variguianos, pois,
por sorte e como "pièce de résistance", temos a
defasagem tarifária em garantia ao Aerus e a terceira fonte,
que nos dão uma força de enfrentamento e negociação enorme.
Mas, agora não há mais lugar
para ambições descabidas, teorias fora de contexto ou hombridades exacerbadas,
pois nem hormônios mais produzimos, para nos candidatarmos a ser pai ou mãe de
alguém ou alguma coisa.
Nós somos velhos, e como tal
temos que executar o que aprendemos a vida inteira, a respeitar a todos, a se
fazer respeitados e, finalmente, encontrar o nosso caminho através de uma
verdadeira liderança. Não temos mais tempo para nada, e vamos nos
conscientizar de que temos que honrar o nome da empresa para a qual
trabalhamos toda a nossa vida, como uma homenagem póstuma e trabalhar com
honestidade de propósitos para reaver o que nos pertence.
Caso contrário vamos ter que
enfrentar outra vez a palavra estatística e
tristemente passar a fazer parte daquilo que ela significa.
Título e Texto: José Manuel, ex-tripulante Varig, e puro
de origem, 25-10-2013
O Movimento ACORDO JÁ! estará lá, no SDU!
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