Na “caverna”, apesar da solidariedade reinante, temos eventuais
discordâncias, coisas de somenos, é claro.
Um dos mais otimistas acredita que após a Copa do Mundo, a bancarrota
econômica nacional provocará uma onda de manifestações populares que mergulhará
o País na desordem.
“Será a virada moral da sociedade, disposta a banir os vermes e os
parasitas”.
“Isto, se o Brasil não vencer a Copa”, sublinhou o otimista, “pois se vencer, o tsunami carnavalesco será
tão grandioso que qualquer reação do poviléu ficará para o próximo século”.
“Porém, em caso de derrota”, prosseguiu o otimista, “os manifestantes em massa e
descaracterizados sairão pelas ruas das principais capitais e, em Brasília,
invadirão o Congresso, o Palácio do Planalto e aos pontapés expulsarão os
parlamentares”.
Destacou, ainda, que a descaracterização será necessária e fundamental
para realizar o cerco aos “black shits” e congêneres, “que serão
devidamente banhados em piche e cobertos com penas de galinhas”.
“Os mais radicais”,
declarou, “deverão empalar os do PT e seus simpatizantes”.
“Quanto à mandatária”, ele afirmou, “será queimada em praça
pública”. Depois mudou por algum motivo, talvez por considerá-la um
traste(?) para, “será incinerada”.
Mas é um sonho, pois outro indignado mais realista, não acredita em nada
do que é esperado pelo otimista.
“Meus preclaros”
anunciou o realista, “o fato de o País entrar na falência, não significará
nem mudará nada, pois, em qualquer cenário, a alta cúpula sempre passará bem,
pois com as mordomias existentes e os bons hotéis, para eles nunca faltarão os
transportes adequados, os aviões de luxo e os helicópteros sofisticados”.
“Vejam Cuba, por exemplo. Lá, desde 1959, o país vive numa miséria de dar
gosto, regrediu espantosamente, a economia não existe, nem a indústria, nem a
agricultura, no entanto a alta cúpula está firme e forte e não abre mão de sua
excelência”.
“E durante todos estes anos, mais de 50, inibiu com mão de ferro todas as
denúncias e reclamações e o povinho, nem chia”
“Vamos para a Coréia do Norte, lá é a mesma coisa há dezenas de anos.
Como é praxe, o nababesco luxo em que vive a alta cúpula não sofreu qualquer
abalo, pois a população parece entrar em orgasmos diários diante da própria
miséria”.
Logicamente, quando analisamos aqueles dois países, e até a Venezuela,
que descaradamente está na berlinda econômica e ideológica, estupefatos, mas
não surpresos, vemos que o populacho nem se abala e nada faz para expurgar os
seus empreendedores governantes.
“Logo, podemos concluir”, asseverou o realista, “que conhecendo a fibra de nossa gente, de seu
gosto por feriados e trios elétricos, por programas como o BBB, por Coliseus
futebolísticos, por porta - bandeiras com traseiros colossais, e as
efervescentes quadras de escolas de samba, de que nada mudará”.
Diante do silêncio, uma tristeza de doer invadiu as escuras paredes da
gruta.
E fomos afiar os nossos facões de mato, pois a conclusão é que a coisa só
mudará se for iniciada outra contrarrevolução para expurgar os velhacos que
tanto conhecemos.
Título e Texto: Gen. Bda Rfm Valmir Fonseca Azevedo Pereira, Brasília,
DF, 10 de novembro de 2013
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