segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Chile: eleição irá para o segundo turno. O que podemos aprender para 2014

Cesar Maia       
1. Bachelet liderou as pesquisas com 60% das intenções de voto e até mais, enquanto a lista de candidatos repetia 2009: três candidatos, sendo dois das grandes alianças e um tercius –independente – que expressava a antipolítica. Mas quando o processo eleitoral se abriu, eram nove candidatos e Bachelet veio para o entorno de 45%.

Bachelet e Matthei, foto: Martin Bernetti/AFP
2. Concluída a apuração, ontem, a eleição irá para o segundo turno. Durante a campanha, quatro candidatos se destacaram: Bachelet, que fechou com 46,7%; Matthei, candidata do governo, com 25%; Ominami, independente em 2009 quando obteve 20% que, agora, com seu partido PRO obteve 10,9% (nas pesquisas vinha com um pouco menos de 10%); e Parisi – titular de um popular programa de defesa do consumidor na TV paga e que chegou a 10,1% (nas pesquisas vinha com pouco menos de 15%). Se fosse assim, Bachelet venceria no primeiro turno com quase um ponto de vantagem.
       
3. Mas surgiram cinco micro-candidatos que tiveram respectivamente 2,78%, 2,33%, 1,26%, 0,57% e 0,19%, somando 7,13% e garantindo o segundo turno.
       
4. Num mundo globalizado é sempre bom aprender com as eleições em outros países, especialmente aqueles regionalmente mais próximos. O que nos ensinou essa eleição chilena e que pode servir para o Brasil em 2014?
a) os micro-candidatos podem garantir o segundo turno numa eleição triangular como a nossa, até aqui;
b) a defesa do consumidor é, agora, um discurso eleitoral forte;
c) a antipolítica, tendo os temas pós-modernos como referência (redes, meio ambiente, corrupção, cidades...), pode ocupar um espaço maior que 10% do eleitorado, como já ocorreu aqui em 2006 e 2010.

       
5. A líder estudantil do partido comunista, Camila Vallejo, foi eleita deputada federal no distrito de La Florida, com 43% dos votos, longe do segundo. Com ela, outros três líderes estudantis foram eleitos: Karol Cariola, também do partido comunista; Giorgio Jackson, da Revolução Democrática (46% dos votos em seu distrito); e Gabriel Boric, da Esquerda Autônoma. A Nova Maioria, de Bachelet, lhes ofereceu apoio, pois o sistema distrital chileno é de dupla maioria (os dois mais votados). No caso brasileiro, as manifestações de rua ocorreram sem lideranças abertas.
       

6. Camila presidia a Federação dos Estudantes da Universidad de Chile (FECH). Um mês atrás, seu partido comunista chegou em terceiro lugar. Venceu Melissa Sepúlveda, de 23 anos, do quarto ano de medicina, líder anarquista que defendeu a abstenção, o voto nulo. Sua tese foi bem-sucedida. Um sinal do que pode ocorrer a partir das manifestações de rua aqui no Brasil.
       
7. Estavam inscritos 13 milhões de eleitores. Pela primeira vez as eleições presidenciais e parlamentares chilenas se realizaram com o sistema de inscrição automática (carteira de identidade) e voto voluntário. Na eleição municipal recente votaram menos de 50% dos eleitores e, agora, na presidencial um pouco mais de 50%, com uma alta abstenção, no entorno de 48%.
Título e Texto: Cesar Maia, 18-11-2013

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