1. Há uma máxima em política que aconselha não polemizar para baixo
e entregar a tarefa a outro político do mesmo nível. Dilma, ao chamar a si o
caso 'black blocs', deu a estes um status de organização a ser combatida pelo
Estado. E ao adjetivá-los de fascistas, acrescentou esse status a outro, de
organização hierarquizada que busca o poder.
2. Depois de se somar às críticas gerais ao uso de violência nas
manifestações, Dilma foi mais longe e pediu publicamente que seu ministro da Justiça
convocasse os secretários de Segurança do Rio e de São Paulo para definir um
procedimento articulado entre as polícias dos dois estados e a polícia federal.
3. O ministro se expôs em coletiva à imprensa e em todos os jornais
de TV à noite. Só faltou Dilma convocar uma rede de TV e Rádio. O ato deu
status de grande organização aos 'black blocs' e – mais ainda – de organização
articulada em dois grandes Estados. Guardadas as diferenças, o mesmo erro
cometido no auge das pichações em paredes que, a cada divulgação com destaque na
imprensa, mais desafios e estímulos obtinham os pichadores que passaram a
assinar suas pichações.
4. Um micro-movimento de 300 pessoas no Rio e 300 em São Paulo com
orientação explícita na internet e com exposição aberta nos enfrentamentos que
promovem, até deveria levar a troca de informações entre as polícias do Rio e
S. Paulo para definirem a melhor maneira de enfrentá-los e – especialmente – de
prevenir.
5. A tática usada em ambos os casos foi a de prisão ostensiva e
enquadramento na lei, dando máxima publicidade, de forma a que outros jovens
que pensem em se agregar sejam desestimulados pelos riscos. Tudo bem...
6. Mas elevá-los à condição de grupo tão organizado que exige um
enfrentamento articulado do Estado é reconhecer a firma deles nesse nível, que
é seu principal objetivo, na antiga prática de propaganda armada dos anos 60 e
70.
7. Imagine-se o entusiasmo deles, com sentimento de vitoriosos e o
aumento da capacidade de recrutamento, ao se verem elevados em três meses a
este patamar de organização inimiga número um do Estado.
8. Espera-se que as polícias atuem, é claro, que previnam,
principalmente, mas que guardem a discrição de forma a não dar a eles a coroa
de heróis anticapitalistas com capacidade de enfrentar as forças da ordem.
Porque aí sim, vão crescer.
Título e Texto: Cesar Maia, 04-11-2013
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