segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Dilma errou ao chamar a seu nível os 'black blocs'

Cesar Maia
1. Há uma máxima em política que aconselha não polemizar para baixo e entregar a tarefa a outro político do mesmo nível. Dilma, ao chamar a si o caso 'black blocs', deu a estes um status de organização a ser combatida pelo Estado. E ao adjetivá-los de fascistas, acrescentou esse status a outro, de organização hierarquizada que busca o poder.

2. Depois de se somar às críticas gerais ao uso de violência nas manifestações, Dilma foi mais longe e pediu publicamente que seu ministro da Justiça convocasse os secretários de Segurança do Rio e de São Paulo para definir um procedimento articulado entre as polícias dos dois estados e a polícia federal.

3. O ministro se expôs em coletiva à imprensa e em todos os jornais de TV à noite. Só faltou Dilma convocar uma rede de TV e Rádio. O ato deu status de grande organização aos 'black blocs' e – mais ainda – de organização articulada em dois grandes Estados. Guardadas as diferenças, o mesmo erro cometido no auge das pichações em paredes que, a cada divulgação com destaque na imprensa, mais desafios e estímulos obtinham os pichadores que passaram a assinar suas pichações.

4. Um micro-movimento de 300 pessoas no Rio e 300 em São Paulo com orientação explícita na internet e com exposição aberta nos enfrentamentos que promovem, até deveria levar a troca de informações entre as polícias do Rio e S. Paulo para definirem a melhor maneira de enfrentá-los e – especialmente – de prevenir.

5. A tática usada em ambos os casos foi a de prisão ostensiva e enquadramento na lei, dando máxima publicidade, de forma a que outros jovens que pensem em se agregar sejam desestimulados pelos riscos. Tudo bem...

6. Mas elevá-los à condição de grupo tão organizado que exige um enfrentamento articulado do Estado é reconhecer a firma deles nesse nível, que é seu principal objetivo, na antiga prática de propaganda armada dos anos 60 e 70.

7. Imagine-se o entusiasmo deles, com sentimento de vitoriosos e o aumento da capacidade de recrutamento, ao se verem elevados em três meses a este patamar de organização inimiga número um do Estado.

8. Espera-se que as polícias atuem, é claro, que previnam, principalmente, mas que guardem a discrição de forma a não dar a eles a coroa de heróis anticapitalistas com capacidade de enfrentar as forças da ordem. Porque aí sim, vão crescer. 
Título e Texto: Cesar Maia, 04-11-2013

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