quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Mais uma eleição na América Latina: mais ensinamentos para 2014

 Cesar Maia         
1. A globalização das campanhas eleitorais é um fato. E por duas razões:
a) as técnicas de comunicação (marketing) que se oferecem internacionalmente;
b) o ambiente econômico que atinge a todos indistintamente.
E uma mais na América Latina: a violência e o tráfico de drogas.

          
2. A eleição de domingo em Honduras, um país de 8,5 milhões de habitantes da América Central, nos traz também ensinamentos. Nas eleições anteriores a abstenção superava os 50%. Nesta ficou em 39%. A diminuição foi produto da polarização entre o candidato do partido do governo e a esposa do ex-presidente Zelaya, que tentou um golpe em 2009 e foi destituído. As pesquisas davam a JOH, do PN (governo), 28% e a Zelaya 27%. O voto útil – comparecimento às urnas – beneficiou JOH, que teve 34%, apesar da enorme impopularidade do presidente Lobo. Zelaya 28%. Zelaya – marido – esperneou, disse que ia para as ruas, mas todos os presidentes da América Central, Panamá e Colômbia reconheceram a vitória do PN. Ficou isolado. A polarização deixou a questão econômica para trás.
          
3. Foi criado às vésperas das eleições o PAC-Partido Anticorrupção. E seu candidato surpreendeu com 15% dos votos.
          
4. A violência foi o tema eleitoral. Passam por Honduras uns 50% da cocaína que vão da América do Sul para os EUA. O índice de homicídios é dos maiores do mundo: 85 por 100 mil habitantes. É na segunda maior cidade do país – com mais de 1 milhão de habitantes – San Pedro Sula, onde estão empresas de alta tecnologia ao lado do Porto Cortez e que produzem para os EUA as marcas Victoria Secret e Calvin Klein, que ocorre a mais alta taxa de homicídios do mundo: 173 assassinatos para cada 100 mil habitantes.

5. Foi exatamente aí – em San Pedro Sula – que o PN foi derrotado, tanto para Presidente, como para Prefeito. O prefeito vencedor foi do PAC-Partido Anticorrupção. Importante notar – como ensinamento – que o eleitorado de San Pedro Sula fez a conexão entre o crime organizado, a corrupção e a política. Ensinamento: ao se tratar do tema violência, essa conexão atrai mais votos que o tema segurança/violência em si.
          
6. Essa eleição quebrou o bipartidarismo PN-PL com a entrada do Libre de Zelaya e do PAC de Nasralla. O Partido Liberal – ex-Zelaya – atingiu 20% dos votos com Villeda. Sem a ruptura do grupo Zelaya e, portanto, sem a polarização, o PL de oposição ao PN, venceria.
          
7. Portanto, olho nos ‘outsiders’ que podem ser decisivos em 2014 no Brasil para um segundo turno. Olho na conexão criminalidade-corrupção-política, que pode atrair o eleitor muito mais que o tema segurança tratado apenas nessa esfera. E olho na polarização governo-oposição, que deve atrair o voto útil. Mas... em que direção?
Título e Texto: Cesar Maia, 27-11-2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-