Paulo Ricardo Paúl
Eu moro há quase trinta anos
no mesmo prédio situado na Zona Norte do Rio de Janeiro. São cento e vinte e
dois apartamentos. Cerca de quinhentos moradores.
Ao longo dos anos cumpri os
meus deveres de condômino, entre eles o dever de exercer funções na administração,
sendo síndico e membro do Conselho Consultivo e Fiscal (CCF), por mais de uma
vez. Sim, considero um dever de todo condômino dar a sua cota de sacrifício e
exercer tais funções, sair da zona de conforto de estar sempre na posição de
quem só cobra dos síndicos e conselheiros. Funções que quando exercidas com
dignidade, causam extremo desgaste físico e emocional.
As experiências foram
gratificantes, apesar dos problemas.
A vida em um condomínio, uma
cidade em miniatura, nos permite entender as dificuldades que muitos
brasileiros possuem para internalizar que no condomínio, excluídas as áreas
privadas, as unidades (apartamentos ou casas), o restante, o que recebe a
denominação de "área comum" é de todos, o que não pode ser confundido
como sendo do condômino, um lugar onde pode fazer o que quiser.
É comum o condômino reclamar
que pode fazer uso da área comum (salão de festas, play, piscina, quadra,
corredores, elevadores, etc) ao seu bel-prazer, pois ele é dono de tudo.
Não. Ele não é o único dono.
A área comum é de todos,
portanto, seu uso deve ser regido conforme ditames da convenção e do regimento
interno, pois ninguém é dono desses espaços isoladamente, todos são donos. São
bens comuns.
Pode parecer confuso, mas é
simples.
Você pinta as paredes internas
do seu apartamento com a cor que quiser, mas não pode pintar a parede do
corredor contígua ao seu apartamento com a cor que escolher, ela não é sua, ela
é de todos, deve ser pintada com a cor escolhida na assembleia que tratou do
tema.
Qual a relação que existe
entre a Perimetral, as escolas, os hospitais e a vida em condomínio?
No condomínio aprendemos que
existe o dinheiro de todos, dinheiro que embora seja fruto da contribuição de
cada condômino, não pertence a qualquer condomínio, ao síndico, ao subsíndico
ou ao CCF.
O seu uso deve obedecer
regras, ser usado obedecendo prioridades e ser feito em conformidade com
o interesse e com a decisão dos condôminos. O síndico tem alguma liberdade em
casos emergenciais, cabe registrar, mas mesmo assim com limitações de valores,
como determinam as convenções, via de regra.
O dinheiro de todos os
condôminos é o similar ao dinheiro público, o dinheiro de todos nós,
cidadãos que contribuímos para formação do caixa, por assim dizer.
No Brasil, assim como em
muitos condomínios, parcela significativa acredita que o dinheiro de todos não
tem dono, assim pode ser gasto à vontade do seu detentor ou gestor.
Isso é um completo absurdo, o
dinheiro público tem dono, ele é de todos nós, não pode ser usado em desacordo
com as regras (legislação) e sem atender às nossas prioridades.
Neste contexto, uma excelente
qualidade, a que caracteriza o bom gestor, é saber escolher as prioridades,
para que o uso do dinheiro de todos seja feito da melhor forma possível.
O bom síndico ele não tem
dúvidas sobre priorizar entre reparar as tubulações de água e esgoto ou
embelezar o salão de festas.
Saindo do condomínio e
entrando no município.
O Rio de Janeiro pode obter
muito mais receita do que consegue através do turismo? Sim.
Nesta direção revitalizar a
região do Porto do Rio de Janeiro é uma boa ideia? Sim.
Os velhos, abandonados e
maltratados armazéns precisam ser transformados em algo útil? Sim.
A Perimetral era feia? Sim.
Ela escondia a visão do mar?
Sim.
O trânsito na região era
caótico? Sim.
Portanto, eliminar a
Perimetral e modernizar a região era uma decisão política correta? Sim.
Apesar de todos esses
aspectos, a decisão não era oportuna.
Revitalizar a Região Portuária
não era e continua não sendo a prioridade do município do Rio de Janeiro, onde
escolas e hospitais públicos são deficitários, citando dois exemplos que
deveriam estar no topo das prioridades do Prefeito Eduardo Paes, assim como, a
valorização dos servidores públicos.
No atual momento, gastar um
centavo de dinheiro público, o dinheiro de todos nós, na modernização
pretendida é um descalabro administrativo. Algo inimaginável em um país onde os
órgãos de controle dos gastos do dinheiro público funcionassem com um mínimo de
seriedade.
Ao implodir a Perimetral,
Eduardo Paes ocultou na poeira os problemas das escolas e dos hospitais
públicos. E, quando a poeira assentou, ele sepultou essas prioridades.
O síndico deve obedecer
prioridades, como explicamos.
Eduardo Paes está
embelezando o salão de festas do condomínio, enquanto a água é o esgoto vazam
por todos os lados.
Quem entrar no condomínio de
Eduardo Paes pelo Salão de Festas vai achar tudo maravilhoso, uma beleza só,
quem entrar pela garagem se afoga em água e fezes.
Os moradores de Niterói também
estão muito satisfeitos com o "Síndico do Rio".
Eis a verdade.
Juntos Somos Fortes!
Título e Texto: Paulo Ricardo Paúl, no seu blogue, 25-11-2013
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