quinta-feira, 14 de novembro de 2013

O Escudo…

Elogio à égide da loucura
Jonathas Filho
Eu tinha 17 vidas. Desde Abril de 2006, venho perdendo uma por ano. Não por problemas de saúde ou desgaste físico acentuado. É por pura decepção. A decepção já me matou oito vezes.
Como “souvenir” destas “viagens” mortais só ficaram as marcas na minha face, também descolorida pela indignação. Sobram-me nove vidas que eu espero continuar vivendo de forma pragmática mas, com um sabor muito especial... do modo que eu quero agora. Parece-me aí que aparece esse escudo, a Égide da Loucura. Essas nove vidas serão distribuídas na média de uma vida para cada seis anos e então na exata ciência matemática viverei por mais 54 anos. Nada mal para quem já acumula muito mais do que isso e é certo que dará para viver uma nova vida com tudo que eu tenho direito! Sei que sou um louco meio equilibrado e por isso sigo nesse rio por vias tortas, porém, sem ultrapassar as margens perigosas e em consonância, não me aventurarei em traiçoeiras corredeiras. Aprendi muito nesses oito anos de sofrimento; tive o conhecimento exaustivamente acumulado de desilusões, desenganos e desapontamentos. Para ser sincero, aprende-se mais na dor, na tristeza e na falta, do que quando vivemos num tempo de “mar de rosas”. 

A Cura da Loucura, por Hieronymus Bosch. Óleo sobre tela, 48 x 35 cm; Museo del Prado, Madrid
Vivendo nessa loucura... que tem sido a nossa vida, precisamos a todo instante de “tarjas pretas”, sejam nas veias, nos braços ou nas lapelas, demonstrando que um colega muito kirido se foi ou fazendo uso daquela constante na caixa do remédio que nos reduz a amargura e a raiva causadas pela frustração ao se escutar novamente que “ainda não é agora, mas espere um pouco mais...”

Digo isso por ter a certeza de que as cartas estão marcadas, as armadilhas armadas, os árbitros seduzidos; tudo isso ensaiado teatralmente para parecer certo o que é errado e manter um compasso de espera interminável ou melhor dizendo, exterminável... pois a espera cria ansiedade que cria expectativas, e a cada frustração vê-se que essa espera foi em vão e aí então enlouquecemos e morremos mais um pouco. Até o dia em que acabamos com nossos créditos divinos e puff...

As vezes é preciso ser louco para aguentar tanto blá-blá-bla!!!   
A loucura bem equilibrada é uma vacina que prepara o nosso estado emocional e que cria um escudo invisível, para a proteção do nosso bem maior que é a paz de espírito.
Por um instante, como demonstração... vou viajar na minha loucura, pois faz parte do meu merecimento e pelo que vejo... a estrada é grande, larga e muito bem pavimentada. Concluí que passo a passo, posso num louco devaneio viajar no vagão das recordações, sem pagar um centavo. Nessa vã loucura eu continuarei viajando... entretanto, nunca irei visitar qualquer sentimento de culpa, pois, mesmo aqueles que já tive, morreram com as oito vidas passadas. 

A minha bagagem é pouca e leve, pois sou um viajante transitório e costumo permanecer somente nos lugares onde repercuto com mais sonoridade. Onde eu chegar, se perceber que  os sons emitidos estão cheios de chiados ou ruídos desagradáveis que fujam à sintonia, irei embora. Será melhor ir para outro lugar, onde, de fato, me sinta mais dentro da harmonia, sem síncopes desnecessárias, tampouco com arranjos desconcertantes.   Nessa minha louca sabedoria, deslizarei nas cordas retesadas de um violino cigano, sem comprometimentos com horários ou datas... estarei no tempo parado dos relógios quebrados. Sentarei na lapa à margem do lago, ao lado de uma sílfide e vou saborear os tons da sua harpa, gentilmente dedilhada. Sentirei o frescor das gotas de orvalho que caem das folhas nas manhãs iniciadas com sons de trumpetes desfilantes. Absorverei viciosamente o tilintar do piano, emoldurando o canto mágico de uma ninfa escondida na bruma que se desfaz nos tímidos raios de sol que começam a aparecer”.
Pode parecer um sonho, mas a loucura também é um estado de espírito.

Toda essa louca sensação cria uma dependência chamada vulgarmente de paz, o que paradoxalmente, só se revela para aqueles que vivem constantes desafios, conflitos e depressões. 
Para que a paz então, se precisamos da efervescência das paixões, das crises, das dores?
Para complementar a existência... naturalmente em seu curso, porque a paz é o melhor complemento da vida mas, muitas vezes, ela é compulsória... vem com a morte. 

Viver significa, grosso modo, estar disposto a lutar, a aceitar desafios, a resistir às pressões, a sofrer e a procurar vencer e obter a tão sonhada paz. Nesse longo tempo já vivido, não só eu mas milhares de outros amigos e colegas, tenho certeza, pensam assim e querem “paz” para viver com a qualidade de vida que temos direito, senão iremos à loucura...

Paz para todos nós, participantes do Aerus, significa que todos os pagamentos que nos são devidos sejam restituídos e a regularização dos pagamentos mensais restabelecida; tudo isso o mais rápidamente possível.
                                                                    
Como já disse num outro texto, “sutilezas à parte, quando querem resolver um problema, resolvem numa rapidez de causar inveja a qualquer caudilho latino-americano do século XIX.” Basta de longas esperas, de “aguardem”, de “sinalizações”, chega!!!

Hoje, nem com todas as letras poderia eu expressar em frases, toda a essa amarga revolta contra esse estado de coisas, que marcaram nossa época, cuja mãe, a sociedade de consumo, gestou e pariu filhos chamados de desfaçatez, infâmia e corrupção.
Por isso e para isso, só sendo louco!!!
Título e Texto: Jonathas Filho, ainda sem camisa, de força... é claro! 14-11-2013

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Um comentário:

  1. ESPERE UM POUCO MAIS.
    Não se turbe o vosso coração. Mais além tudo lhe será esclarecido e a Justiça será feita. Lembre-se sempre que, assim como nós, as pessoas que ora usufruem dos recursos temporários que foram ROUBADOS do AERUS também desencarnarão. E quando se depararem com o cenário que lhes está reservado no lado verdadeiro da vida, por culpa de seus atos errôneos, entrarão em desespero e implorarão a Deus para que lhes tirem de lá IMEDIATAMENTE para lugar melhor! O silêncio do ALTO às suas exigências e súplicas descabidas lhes trará ainda mais desespero e revolta... Depois das blasfêmias, palavrões, inconformismos, e finalmente, transcorrido um longo tempo de sofrimento, vencidos pelo cansaço e roídos pelo remorso, quando a revolta interior dos mesmos cessar, fazendo com que caiam na dura realidade, receberão aí sim a benção de uma resposta dos Espíritos Superiores: um longo pergaminho com letras luminosas, explicando que seus casos estarão sendo estudados individualmente com bastante carinho e responsabilidade, ressaltando sobre a importância da caridade, da honestidade, da humildade e de todas as qualidades que um ser humano deve ter; ressaltando que é muito grave se apropriar daquilo que não lhe pertence, etc, etc. A mensagem, bastante encorajadora e animadora, terminará no entanto com a seguinte frase desafiadora: "ESPERE UM POUCO MAIS..."

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