Vejam a foto abaixo, de Paulo
Ladeira, da Folhapress. Ronan. Miruna e Rioco, filhos e mulher de José Genoino
(PT), participaram nesta segunda de um protesto em frente ao complexo
penitenciário da Papuda contra a prisão do deputado e dos demais mensaleiros.
A dor da família é
compreensível, e acredito que seja real. O rosto da moça, em particular, parece
não deixar muitas dúvidas sobre o seu sofrimento. Cá nos meus valores, isso
depõe a favor do indivíduo Genoino. Certamente é um pai amoroso. Mas se cuida,
nesse caso, de outra coisa. A família do deputado, na verdade, integra uma
pequena manifestação de protesto promovida por petistas. E os cartazes que a
animam são um despropósito absoluto.
Não! Repita-se: não há presos
políticos no Brasil, mas políticos presos, conforme afirmei no debate de quinta
da VEJA.com. Tampouco se fez um julgamento de exceção. A acusação é ridícula.
Se a dor da família é compreensível; se é justo e humano que se preocupe com o
estado de saúde de Genoino, a demonização que se está a fazer do STF — e de
Joaquim Barbosa em particular — é das coisas mais absurdas a que se assistiu no
país em qualquer tempo. Num regime democrático, todos são livres para expressar
seus pensamentos. Mas é preciso que se tenha muito claro quando o protesto se
dá contra a democracia. A cruzada anti-Barbosa, como já demonstrei aqui, chega
a mergulhar no mais asqueroso racismo.
Uma coisa é a dor do filho, da
filha, da mulher; outra, muito diferente, é o achincalhe puro e simples da
Justiça. No domingo, anunciou-se com estardalhaço — e o advogado de José
Genoino, Luiz Fernando Pacheco, deveria, parece-me, ser um pouco mais contido —
que o petista havia passado mal. Nesta segunda, o Ministério da Justiça, por
intermédio do Departamento Nacional Penitenciário (Depen), desmentiu o boato em
nota: “Não houve intercorrência médica até o momento”. O deputado foi atendido
pelo médico Daniel França Vasconcelos — um atendimento de rotina para um cardiopata
como ele.
Chegou-se a atribuir ao doutor
a recomendação de que Genoino cumprisse prisão domiciliar. Informa reportagem da Folha que o médico reclamou com amigos
que não havia dado opinião nenhuma a respeito, limitando-se a relatar o estado
do paciente. Pacheco tentou se explicar: “Em nenhum
momento nós dissemos que o médico fez algum tipo de recomendação. Coube a mim,
como advogado, interpretar o que estava no laudo médico e recomendar o regime
de prisão albergue domiciliar”. Ah, bom. Agora entendi. Era só uma
interpretação do advogado de defesa.
José Nobre, aquele da
cueca…
A família de Genoino e o PT perderam qualquer senso de medida. O deputado José Nobre (PT-CE), irmão de Genoino e chefe daquele pobre coitado que foi flagrado carregando dólares na cueca, mandou ver no Twitter no domingo: “O que acontecer com Genoino, a família responsabilizará o Barbosa. Ele sabe que o Genoino não pode estar onde está. Vamos reagir a essas injustiças. O PT não se calou na ditadura militar e não pode se calar contra essa truculência da toga midiática”.
A família de Genoino e o PT perderam qualquer senso de medida. O deputado José Nobre (PT-CE), irmão de Genoino e chefe daquele pobre coitado que foi flagrado carregando dólares na cueca, mandou ver no Twitter no domingo: “O que acontecer com Genoino, a família responsabilizará o Barbosa. Ele sabe que o Genoino não pode estar onde está. Vamos reagir a essas injustiças. O PT não se calou na ditadura militar e não pode se calar contra essa truculência da toga midiática”.
Entenda-se: a Justiça é
truculenta e midiática quando condena um petista. Mas certamente é correta e
democrática quando livra a cara de alguém como José Nobre, que escapou incólume
de um escândalo. No dia 8 de julho de 2005, José Adalberto Vieira da Silva,
assessor e faz-tudo do deputado, foi flagrado transportando US$ 100 mil
na cueca e outros R$ 209 mil numa mala. O Ministério Público Federal no Ceará
concluiu que o dinheiro era propina proveniente de um contrato de R$ 300
milhões fechado entre o BNB (Banco do Nordeste) e o consórcio Alusa/STN
(Sistema de Transmissão do Nordeste). Nobre, então deputado estadual, foi
denunciado por improbidade administrativa. Conseguiu se safar. Nesse caso,
estou certo, ele considerou que a Justiça não foi nem truculenta nem midiática.
Nesta segunda, o Diretório
Nacional do PT divulgou mais uma nota insana, em que se referiu, entre outros
temas, à eleição de 2014 e à prisão dos mensaleiros (leiam post nesta terça).
Os petistas têm agora a
pretensão de ser os juízes do STF. Acusam o tribunal e a “mídia” de
espetacularização, mas transformam Genoino num mártir. Sua família, de modo
consciente ou não (pouco importa), aceita participar da pantomima, que busca,
na verdade, desmoralizar o próprio Poder Judiciário.
Ora, que os petistas tenham a
coragem de se declarar acima da lei e pronto! Até porque, na democracia, só se
tornam “políticos presos” — e nunca “presos políticos” — os que se comportam
como marginais do poder. Reitero: que Genoino cumpra prisão domiciliar se ficar
comprovado que as condições do presídio representam risco real à sua vida. Mas
ele não é juiz dos juízes. Ele é um homem condenado por corrupção ativa e
formação de quadrilha, que participou de um grupo que cometeu um crime grave
contra a ordem republicana. Só isso! Está preso por isso, não porque seja um
mau pai. Dá para entender a diferença?
Título e Texto: Reinaldo Azevedo, 19-11-2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-