Sem a interferência de imagens
e sons, a mente humana pode nos proporcionar experiências inenarráveis. A
ausência desses elementos facilita a concentração e permite que não nos
desviemos do foco.
Sentado, só e em silêncio,
fecho os olhos e inicio uma viagem inigualável, que ultimamente tenho realizado
com bastante frequência. Imagino só o que me agrada, que gostaria que ocorresse
e me lembro de detalhes de situações já vividas.
Assim, posso sonhar, imaginar
coisas ou pessoas, viajar, enriquecer, rejuvenescer, enfim, tudo, mas o que
mais me agrada é pensar em minhas paixões, algumas mais e outras menos
duradouras, mas paixões.
E quando pessoalmente
reencontro alguma, apesar das atuais rugas e cicatrizes que a vida nos impôs,
percebo que não envelheceu, pois em minha memória está gravada exatamente como
eu a conheci e com ela convivi.
Vejo-a como era, e o inverso
certamente também ocorre, pois é inconfundível o brilho no olhar das pessoas
que se reencontram e que entre si nutrem boas lembranças. Por isso não entendo
as que tentam esconder a idade, fingir que, cronologicamente, são mais novas do
que realmente o são.
Os anos vividos sem dúvida
deixaram marcas aparentes, mas certamente acrescentaram coisas que na juventude
não possuíamos, como a capacidade de dar mais e cobrar menos, sorrir e abraçar
mais, discutir menos e relevar mais.
As antigas paixões são a
presença atual desse tempo, quando muitas coisas hoje sem importância alguma,
impediam a continuidade daquele relacionamento que talvez pudesse ter se
transformado em um verdadeiro amor.
Mas o melhor de todos os
sonhos é imaginar que aquela paixão – a única que se transformou em amor -,
retorna aos meus braços, jovem e linda como sempre foi, com seu inesquecível
cabelo preso com uma trança.
E a sós nos encontramos, com
nossas rugas sem importância, invisíveis para o outro, pois assim como as
rosas, os amantes também envelhecem. Sem lágrimas, mágoas ou lembranças ruins,
nos abraçamos e beijamos como se nunca tivéssemos nos afastado e reiniciamos
nosso caminho.
Mesmo que só na imaginação, a
felicidade do reencontro de quem ama é infinitamente maior que a do encontro,
quando ainda não amava.
Nele as histórias comuns serão
relembradas e outras contadas, impedindo assim que o outro tenha qualquer
desconhecimento ou dúvidas sobre os passos dados por seu amor enquanto ausente.
As lágrimas e os sorrisos, as
chuvas e secas, a fome ou a fartura por que passaram, serão partilhadas detalhadamente,
dando fim às preocupações mútuas e proporcionando a retomada da tranquilidade.
Então, tranque a porta, feche
a janela, apague a luz, feche os olhos e sonhe. Você nem perceberá as horas
passarem, pois estará junto de quem sempre quis estar.
Jogue suas primaveras ao vento
e o abrace, sinta-o ao seu lado, de onde nunca saiu ou sairá.
Título, Imagem e Texto: João Bosco Leal, 15-11-2013
Quero trazer a memória o que me pode dar esperança.
ResponderExcluirLamentaçoes 3;21 (Biblia)
Janda Mendez