O divertido do debate
económico em Portugal é que ele é quase sempre politicamente motivado pelo que
as explicações para os fenómenos económicos são frequentemente aquelas que dão
jeito politicamente. Já li várias explicações desse tipo para a queda do
desemprego em dois trimestres consecutivos: é sazonal, é a decisão do TC, é a
emigração, é o INE que só contabiliza os inscritos no centro de emprego
[totalmente falso] … Um qualquer acidente ou imperfeição estatística gerou este
resultado.
Eu tenho uma explicação mais
simples que não envolve acidentes. Recorre antes à teoria económica mais básica
e é interessante como os economistas que falm em públicos tendem a ignorar este
tipo de explicação. É aliás a explicação padrão para uma descida sustentada do
desemprego após uma recessão: o desemprego desce porque o preço do trabalho
desceu. Quer as várias medidas tomadas pelo governo (redução de feriados,
redução do custo das horas extra, redução das indemnizações, redução do direito
a férias, redução do RSI, redução do valor e duração do subsídio de desemprego)
quer a existência de uma grande população desempregada (muita da qual já perdeu
o subsídio de desemprego) levaram à queda do preço do trabalho. Quando o preço
do trabalho desce a procura sobe.
Note-se que atribuir a queda
do desemprego ao crescimento da economia inverte a ordem dos factores. Não é o crescimento
que causa a baixa do desemprego, é a baixa do preço do trabalho que torna a
economia mais competitiva e causa crescimento e baixa o desemprego (há
obviamente outros factores que explicam o crescimento como referi aqui).
Título e Texto: João Miranda, Blasfémias,
08-11-2013
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