segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Brinde ao fracasso


Vitor Cunha
Sobre o mais relevante de 2013, várias pessoas apontarão o facto x ou y, a morte de sicrano ou beltrano, a estatística preferida para o preconceito que pretendem validar ou uma série de produtos de entretenimento. Para mim, nada disso é particularmente relevante em relação à subserviência que o português demonstrou pelo fracasso.

Efectivamente, em 2013, tudo o que ficou de capas de jornais, programas de televisão e intervenções de “especialistas” foi o sabor ácido de um povo que anseia pelo seu próprio fracasso. Isto tem duas vantagens: a primeira é que, em caso de “fracasso do fracasso”, não é necessário considerá-lo um “sucesso”; em segundo, permite desvalorizar qualquer esforço efectuado perante a perspectiva de promessa antecipada de um sucesso que todos sabem não passar de um fracasso.

É bastante cómico, se visto de fora.

Brindemos então ao nosso fracasso, ao nosso eclipse civilizacional e à nossa regressão à idade média. Brindemos à nossa extinção, à destruição do país e ao fim derradeiro de qualquer noção vaga de conforto, substituindo-o pelo fétido esgoto da desumanização pela vil austeridade. Só não mexam na pensão do Bagão Félix.

Bagão Félix

Título e Texto: Vitor Cunha, Blasfémias, 30-12-2013

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