O ano acaba para uma Venezuela
asfixiada pela inflação e escassez socialista
Francisco Vianna
Ao anunciar uma inflação de 56,2
por cento ao apagar das luzes de dezembro de 2013, o governo da Venezuela
admitiu que o país tem, agora, a maior taxa de inflação do planeta, mas os
economistas advertem que os venezuelanos apenas experimentaram até agora o
início da crise econômica gerada pelo socialismo ‘bolivariano’ em 2013 e que a
alta dos preços e a escassez serão ainda muito maiores em 2014, com o país
entrando num período de hiperinflação.
Afirmou também que “isso não constitui propriamente uma surpresa e que o fato ocorre com todos os regimes socialistas conhecidos” e completou dizendo que “o que ocorre no país é apenas a ponta visível do iceberg”, e que a guerra civil é uma possibilidade que começa a assomar no horizonte.
Na situação em que se encontra
a economia, onde os compromissos no curto e no médio prazo superam
significativamente a receita do regime, “não há nada que possa ajudar a
estabilizar os preços na Venezuela. Há uma forte defasagem cambial e nenhum
plano para se estabilizar ou reordenar o ‘mercado cambial’, ou tampouco um
plano para estabilizar os preços ou para garantir o fornecimento de muitos
produtos de primeira necessidade”, explicou Ochoa.
O país sul-americano parece
ter chegado a um ponto tal de fragilidade econômica – com a fuga em massa da mão
de obra especializada e dos capitais privados – tem tudo para ter um ano de
2014 difícil, especialmente no primeiro semestre.
Apesar do regime de Nicolás
Maduro ter finalmente reconhecido oficialmente uma inflação nacional de 56,2
por cento, superando em mais do dobro a registrada em 2012, muitos
especialistas e economistas acreditam que mesmo essa taxa de inflação não
corresponde à verdadeira, que dizem se situar entre 68 e 70 por cento ao ano.
Mesmo assim, a taxa admitida
agora como oficial pelo Palácio Miraflores superou a da existente na Síria
atualmente, país do Oriente Médio que se debate com uma sangrenta guerra civil
e que tem a inflação mais alta do mundo. A inflação neste país árabe atingiu 50
por cento em novembro último.
Depois que o Banco Central da
Venezuela anunciou que a inflação de novembro teve um aumento de 4,8 por cento,
e um acréscimo de 2,2 % em dezembro, Maduro veio a público dizer que a taxa de
inflação no país é “inusitada”, produto de uma “bolha econômica”. Só não
explicou que essa “bolha” é consequência de o estado venezuelano estar a gastar
mais do que consegue arrecadar, principalmente pela queda da produção e da
exportação de petróleo bruto.
Os números apresentados por
Maduro mostram “uma desaceleração nos preços ao consumidor”, obtida pelas
medidas repressivas do regime adotadas em novembro último e que obrigam os
comerciantes a baixar os preços de seus produtos sob a ameaça de prisão e de
permitir que a população saqueie seus estabelecimentos. Maduro defendeu tais
medidas, garantido que, caso não fossem tomadas, o aumento da inflação de
novembro teria passado dos dez pontos percentuais. O presidente ‘socialista’
disse que “a inflação é produto de uma ‘guerra econômica’ contra o seu governo
empreendida por ‘setores desestabilizadores’ da oposição”, é claro!
Não obstante, os economistas
acreditam que, apesar das medidas adotadas pelo regime terem conseguido frear
ligeiramente a alta dos preços nas últimas semanas do ano, seu verdadeiro
efeito, aquele que vai realmente causar um enorme impacto na vida dos
venezuelanos nos meses vindouros, será a agudização da escassez.
“Grande parte do setor
comercial e produtivo vai reduzir de modo significativo suas compras do setor
industrial e de importação em 2014, não apenas pelo valor artificial da moeda
como também pela falta de segurança jurídica para que possam operar no país, em
função do grande temor de que as intervenções e estatizações aumentem de forma
paroxística e descontrolada por parte do governo”, comentou Ochoa. A oferta de
produtos cairá mais ainda e, por conseguinte, os preços subirão. Provavelmente,
muitos produtos de consumo só serão obtidos no mercado negro.
Ou seja, o governo venezuelano
até agora não tomou qualquer medida para combater as causas da inflação na
Venezuela: o financiamento de um gigantesco déficit fiscal através da emissão
de dinheiro sem lastro. Ao contrário, o governo parece ter preferido financiar
o seu próprio déficit injetando cifras monetárias enormes, sem valor, em
circulação. Isso significa que o Palácio Miraflores tenta adotar algumas
medidas para “suavizar” o desequilíbrio econômico a vigorarem em 2014.
Entre essas possíveis medidas,
o regime deixa entrever, a que pode começar a aplicar a partir de janeiro
próximo um aumento nos preços dos combustíveis, principalmente o da gasolina,
uma ‘maxidesvalorização’ da moeda, o Bolívar, e a criação de novos impostos. As
duas primeiras, que são medidas que diminuem a atividade econômica, associada à
falta de segurança jurídica nos negócios, formam uma mistura explosiva com a
última, que é o aumento da carga tributária de uma população fortemente
empobrecida pelo ‘socialismo bolivariano’.
Tais medidas não apenas são
insuficientes para combater um déficit público consolidado estimado em algo em
torno de 15 por cento do PIB, e com um chavezismo que sequer parece disposto a
discutir medidas que realmente possam ajudar a estabilizar a economia do país –
como a suspensão dos gigantescos subsídios de petróleo que a ‘Revolução
Bolivariana’ envia regularmente para Cuba e outros aliados do Foro de São
Paulo.
Maduro, na verdade, diz que se
sente otimista quanto ao futuro desempenho econômico da Venezuela. “O
chavezismo está vivo!”, gritou o ex-motorista de ônibus numa entrevista à
imprensa local. “2014 será ‘um bom ano’ para se colher um triunfo definitivo na
‘guerra econômica’”.
E a Venezuela cada vez mais
adquire ares de uma Cuba maior, em território e tragédia social...
Título e Texto: Francisco Vianna, (da mídia
internacional), 31-12-2013
Leia também no blogue “Las
armas de Coronel”:
Sexta-feira, um amigo estava me dizendo que o país vizinho dos hermanos a querida Venezuela está nos últimos estertores, na bancarrota, totalmente falida.
ResponderExcluirUm amigo dele saiu correndo de lá, depois de morar lá por vários anos com um negócio, correndo até risco de vida, horrorizado, e chegou a Campinas (ele é daqui) quarta-feira. O país não tem mais nada - para vender, para comprar, nem comida; os supermercados vazios, lojas, redes de supermercados o tempo inteiro saqueados direto pela população num desespero; não existe emprego, postos de trabalho, nada. Os jovens que vão se formando ficam todos desempregados.
O Presidente, o Seu Nicolas Maduro, sucessor do Chaves, afirma o tempo inteiro que toda essa penúria e sofrimento do povo são por culpa exclusiva dos empresários, das classes alta. A população está no limite para uma guerra civil, de destruição, de matanças. E só em Caracas existe uma favela enorme, super tamanho família de 1.200.000 pessoas que não têm nada!
A Cia. Petrolífera venezuelana está também totalmente falida, não está dando nada. A Bolívia também está passando quase por uma fase semelhante a da Venezuela. Não é à toa que a nossa GRANDE Dona Dilma está toda preocupada, sensibilizadíssima com o seu amigo Maduro, e ela começou a ajudar o governo de lá injetando dinheiro que o Maduro tanto necessita, através de saques ilimitados do Banco do Brasil.
Para o AERUS, é claro, não há dinheiro...
Que sorte que o presidente venezuelano tem de contar com uma pessoa tão prestimosa, tão solidária, de coração do tamanho do Titanic, que não mede esforços para ajudar amigos num momento de precisão!
Em abril deste ano assisti a uma palestra dada pelo Bispo de Boa Vista, RR, que esteve em Itaici (e passou por aqui) e ele estava dizendo que aquela região do norte do Brasil está todo tomado por venezuelanos que vivem aqui passando pela fronteira.
Ouvi de uma outra pessoa que já quase não existe fronteira entre os dois países - logo logo vai ser uma coisa só (os brasileiros nem sonham com isso). Às vezes fico com minhocas na cabeça: será que isso não é algo um pouco preocupante? Mas logo penso que se o pessoal do governo não está se preocupando, então, não deve ser nada. A gente tem cada idéia sem fundamento...
Por isso que é bom saber das coisas, estar atualizado...
Muito bom!
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