segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Liberdade sem disciplina e valores é caos

Reinaldo Azevedo
A imprensa, felizmente, é livre para publicar o que acha que tem de ser publicado. A escola de pensamento que garante essa liberdade é tributária e herdeira da democracia liberal, como se sabe, não das esquerdas — sejam elas contra a Copa ou a favor dela. Essa é uma questão absolutamente irrelevante porque é falsa. Liberdade sem disciplina é escravidão. Liberdade sem hierarquia de valores atenta contra a Justiça, que, na raiz da palavra, quer dizer “equilíbrio”.

Vocês viram o vídeo em que o tal “manifestante” leva dois tiros. Vocês viram as circunstâncias. Como conciliar o que é fato com esta informação publicada pelo Estadão (em vermelho):
Um morador da região que não quis se identificar disse que estava chegando em casa quando presenciou a ação. ‘Eram três policias descendo a rua correndo atrás do menino. Depois dos tiros, o rapaz saiu cambaleando e um policial ainda deu um empurrão nele em cima da árvore’, relatou. Uma poça de sangue se formou em frente a um dos prédios da Rua Sabará, mas neste domingo só havia rastros de sangue no canteiro em que Chaves ficou esperando para ser socorrido.

Não fosse a câmera de segurança, a mentira do anônimo estaria consolidada. Sou do tempo em que informações dessa natureza só iam parar na imprensa depois de devidamente apuradas — checadas como se diz. Sim, o tempo passa. Naqueles dias, o “povo” ouvia Márcio Greyck: “Nããão, eu não consigo acreditar no que aconteceu/ era um sonho meu…”. Aí o tolo indaga: “Com saudade da ditadura, Reinaldo?”. Eu nunca tenho saudade de nada, só do futuro. Ditadura? Lutei contra e apanhei. O que o decoro tem a ver com isso?

Já chefiei um jornal. Certa feita espumei de ódio porque, num caso estrepitoso de suicídio de uma jovem, jornalistas acharam que era conveniente ouvir a vizinhança a respeito da morte da moça — que foi “suicidada” uma segunda vez, na boca dos vizinhos… “Ah, ela era estranha…” “Ela sempre chegava tarde.” “Ela não cumprimentava ninguém…” Estabeleci uma regra: “Fica proibida a fofoca no jornal. Declarações anônimas que comprometam a reputação de pessoas com nome não saem mais nestas páginas. As elogiosas ficam submetidas a consultas prévias”.
Título e Texto: Reinaldo Azevedo, 27-01-2014

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