segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Resistência civil? Rebeldia civil? Desprezo à autoridade?

Cesar Maia           
1. Todos os dias a imprensa divulga fatos por todo o Brasil de confrontos e protestos de todos os tipos, com graus diferenciados de violência. As manifestações de junho de 2013 foram apenas um momentum, se listarmos fatos anteriores. Uma corrente submarina que a imprensa não conseguir agregar e projetar pela dispersão dos fatos que vinham à tona.
           
2. Progressivamente vai se perdendo qualquer temor à autoridade e às polícias pela primeira vez em muitos anos, frente a iniciativas diversas. Aqui se trata das pessoas comuns que apedrejam os trens que param, incendeiam os ônibus como protesto, obstruem as ruas, avançam em direção a policiais ‘escafandrados’. Prédios públicos invadidos. Propriedades alvejadas. Rolezinhos e rolezões como forma de protesto. Reações à desintegração do sistema de transportes, etc. Os vídeos nos jornais das TVs e nas redes sociais se multiplicam apresentando esses fatos.
           
3. Os casos das cracolândias se repetem todos os dias com fumo aberto, resistência e correria louca pelas ruas no meio do trânsito. E, claro, os delinquentes retomam a iniciativa, especialmente o que se chama de crime organizado, seja por confronto direto, seja por pressão para que pessoas, especialmente mulheres, sejam obrigadas a gerar a anarquia localizada sob pena de – até – perderem a vida. O policiamento ostensivo recua e abre as ruas para todo tipo de delinquência explícita. Crescem os assaltos em todos os lados. Arrastões nas ruas, edifícios residenciais e restaurantes se multiplicam. Crescem os assaltos em ônibus. Voltam a crescer os roubos de veículos. Multiplicam-se os casos de corrupção nas polícias.
           
4. Por coincidência ou não, nos últimos cinco anos, sob o aplauso de parte dos segmentos de maior renda e de parte da imprensa, os governantes passaram a adotar as medidas de Choque e de Repressão, em nome da Ordem. Criminalizam-se os pobres “próximos”. Nas comunidades, voltou o discurso da remoção e até construção de muros para segregá-las. O higienismo retornou com a fracassada política que vem dos anos 40, dos conjuntos habitacionais populares afastados dos bairros elegantes. Certamente estes tipos de políticas explícitas e sistemáticas, em nome da ordem, terminaram estressando a relação entre governantes e população.
            
5. Tudo feito em nome da ordem e que só produziu desordem. O quadro geral aponta para uma espécie de perda de respeito à autoridade e de perigosa resistência ou rebeldia civil. Que os governos não repitam a piada do suicida arrependido que se lançou do vigésimo andar e ao passar voando pelo décimo, gritou: Até aqui tudo bem!
Título e Texto: Cesar Maia, 27-01-2014

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