1. A
crise na Ucrânia faz parte de um cenário maior. Vladimir Putin quer fazer de
seu país uma potência global que rivalize com EUA, China e UE. Para isso, ele
está criando uniões aduaneiras com outros países e vê a Ucrânia como parte
crucial disso - inclusive pelos profundos laços históricos e culturais entre
ambos. Na época da URSS, graças a seus solos de grande fertilidade, a produção
agrícola ucraniana atendia a 1/4 das necessidades da Rússia.
2. Já a UE defende que a aproximação
com a Europa e eventual entrada no bloco europeu trariam bilhões de euros à
Ucrânia, modernizando sua economia e dando-lhe acesso ao mercado comum europeu.
Essa é a esperança dos ucranianos do leste e do sul do país, que anseiam também
por maior liberdade. Dos 604 milhões de habitantes, 77,8% são ucranianos e
17,3%, russos.
3. Muito se fala das divisões
linguísticas e culturais entre leste e oeste da Ucrânia. Mapas mostram que
áreas onde grande parte da população fala russo votaram em massa por Yanukovych
em 2010. Para alguns analistas, isso indica que o país pode rachar ao meio, de
forma violenta, caso não se negocie uma saída para a crise. Dos 48 milhões de habitantes,
77,2% são ucranianos e 17%, russos. O russo é amplamente falado, em especial no
leste e no sul do país. Segundo o censo, 67,5% da população declararam falar o
ucraniano como língua materna, contra 29,6% que falam o russo como primeira
língua.
4. A Rússia claramente tem uma forte
influência sobre Yanukovych, o qual foi apoiado por Moscou durante a Revolução
Laranja de 2004 - quando sua eleição foi considerada fraudulenta. A Rússia
suspendeu empréstimos quando o governo ucraniano renunciou e restringiu o
comércio bilateral quando a Ucrânia flertou com o Ocidente. A UE chamou isso de
pressão econômica "inaceitável". Moscou acusa a UE de tentar fazer o
mesmo ao oferecer acordos de livre comércio a Kiev.
Título e Texto: Cesar Maia, 24-02-2014
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