Paulo Gorjão
Decorreu hoje a enésima
conferência em que participaram diversos ex-titulares da pasta das Finanças, de
algum modo confirmando a velha máxima de que aquilo que é bom não é ser
ministro, mas sim ex-ministro. Nenhum deles foi consensual enquanto exerceu
funções, muitos tiveram de desempenhar o cargo em circunstâncias difíceis. Nada
do que disseram ou fizeram na altura passou pelos pingos da chuva sem ser alvo
de críticas, por vezes de críticas duríssimas.
Mais eis que, agora livres do
peso de funções oficiais, ao abrigo do invejável título de ex-ministros, tudo o
que dizem parece estar certo e carregado de sensatez, quando antes era tudo ao
contrário. Agora têm soluções para todos os problemas e conseguem detectar
falhas de calibragem na mais discreta medida. Curiosamente, se a memória não me
falha, desde que aderimos à UE nenhum ex-ministro das Finanças alguma vez
regressou à função em data posterior. Trata-se de uma infelicidade nossa
porque, muito claramente, o ideal era ter um ministro das Finanças que
fosse um ex-ministro das Finanças. Como o circuito da carne assada das
conferências nos demonstra repetidamente, um ex-ministro das Finanças que fosse
ministro das Finanças endireitava Portugal em 100 dias.
Título e Texto: Paulo Gorjão, Bloguítica,
19-03-2014
Imagem: João Quaresma
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