quinta-feira, 20 de março de 2014

A sapiência que chega sempre atrasada


Paulo Gorjão
Decorreu hoje a enésima conferência em que participaram diversos ex-titulares da pasta das Finanças, de algum modo confirmando a velha máxima de que aquilo que é bom não é ser ministro, mas sim ex-ministro. Nenhum deles foi consensual enquanto exerceu funções, muitos tiveram de desempenhar o cargo em circunstâncias difíceis. Nada do que disseram ou fizeram na altura passou pelos pingos da chuva sem ser alvo de críticas, por vezes de críticas duríssimas.
Mais eis que, agora livres do peso de funções oficiais, ao abrigo do invejável título de ex-ministros, tudo o que dizem parece estar certo e carregado de sensatez, quando antes era tudo ao contrário. Agora têm soluções para todos os problemas e conseguem detectar falhas de calibragem na mais discreta medida. Curiosamente, se a memória não me falha, desde que aderimos à UE nenhum ex-ministro das Finanças alguma vez regressou à função em data posterior. Trata-se de uma infelicidade nossa porque, muito claramente, o ideal era ter um ministro das Finanças que fosse um ex-ministro das Finanças. Como o circuito da carne assada das conferências nos demonstra repetidamente, um ex-ministro das Finanças que fosse ministro das Finanças endireitava Portugal em 100 dias.
Título e Texto: Paulo Gorjão, Bloguítica, 19-03-2014
Imagem: João Quaresma

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