O futebol nunca me atraiu, mas
as notícias que tenho lido sobre os investimentos que estão sendo realizados
nos estádios do Brasil para a realização da Copa do Mundo de Futebol de 2014
chamam minha atenção.
A segunda Copa realizada nos gramados
do país - a primeira foi em 1950 - dará, aos torcedores brasileiros, a
oportunidade de assistir ao principal torneio da modalidade esportiva mais
praticada no mundo em uma cidade próxima ou mesmo na sua.
Entretanto, para que isso
ocorra, o governo do PT - que assumiu esse compromisso ainda quando Lula era o
presidente -, está investindo bilhões de reais na reforma dos estádios já
existentes e na construção de novos, onde os jogos ocorrerão, alegando que este
é um bom investimento, pois em todos os países onde ela ocorreu aumentou
significativamente o número de turistas, o PIB e a geração de empregos.
Não é bem assim: em 1994, sem
investir um só centavo nos estádios que já estavam todos prontos, os EUA
aumentaram seu PIB em 1,4%, enquanto o Japão teve um decréscimo de 0,3% quando
as disputas se deram naquele país. Em 2002, a Coréia do Sul contava com a
geração de 500.000 novos postos de trabalho e em 2006 a Alemanha esperava a
criação de 100.000 empregos a mais, mas só 50% deles realmente foram contabilizados
nos dois países.
Os estudos iniciais do governo
eram de um investimento estatal total R$ 7,5 bilhões em infraestrutura -
estádios, aeroportos e mobilidade urbana - para a realização da mesma no país,
mas em junho de 2013 o mesmo já admitia gastos de R$ 7,6 bilhões somente nos
estádios, R$ 8,4 bilhões nos aeroportos, R$ 8,9 bilhões em mobilidade urbana e
mais R$ 3,2 bilhões em segurança, portos e telecomunicações, totalizando R$
28,1 bilhões investidos somente nestas áreas.
A presidente Dilma e seu
ministro Guido Mantega, alegam que não há dinheiro do governo federal nos
estádios de futebol, mas somente empréstimos subsidiados do BNDES e renúncias
fiscais, chamando assim de imbecis todos os brasileiros, pois, afinal, de quem
é o BNDES e quem perde com renúncias fiscais?
O Tesouro Nacional repassou
mais R$ 24 bilhões ao BNDES no final de 2013, totalizando, nos últimos quatro
anos, mais de R$ 300 bilhões injetados no banco de fomento do governo
brasileiro, que além dos campos de futebol, atualmente financia a construção de
portos e aeroportos em Cuba e diversas outras obras no exterior, concentradas
principalmente em projetos de infraestrutura na América Latina e na África.
São obras de hidrelétricas,
aquedutos, gasodutos, operações de transporte, metrôs, rodovias, ferrovias,
parques eólicos. "É um conjunto bastante diversificado", declara a
superintendente da Área de Comércio Exterior do banco, Luciene Machado.
A quem interessa investirmos
na infraestrutura de outros países, se nossas estradas estão intransitáveis,
com buracos, sem acostamentos, com pouca ou nenhuma sinalização, com falta de
duplicações nos trechos de maior movimento e que por isso matam milhares de
brasileiros todos os anos e a saúde, educação e segurança pública do país estarem
na situação em que se encontram?
Que governo é este que achaca
os brasileiros para dar a outros povos, investir em outros países, enquanto o
Brasil carece de investimentos em todas as áreas de responsabilidade estatal?
A infraestrutura rodoviária,
de portos e de geração de energia brasileira - em sua grande maioria construída
durante os governos militares -, hoje apontadas como os grandes gargalos para o
crescimento do país, está sendo privatizada porque o governo não possui
recursos sequer para conservá-las, mas consegue financiar para o governo de
Cuba, a construção do maior porto da América Latina.
De que adianta sediarmos a
Copa do Mundo se nosso povo continuará carente de transporte, segurança,
educação e saúde condizente com o que paga em tributos?
Para investir em outros países, o governo do PT desserve e mata os
brasileiros.
Título, Imagem e Texto: João Bosco Leal* www.joaoboscoleal.com.br,
14-03-2014
* Jornalista e empresário
* Jornalista e empresário
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