sexta-feira, 4 de abril de 2014

Desprogramar-se....

Valdemar Habitzreuter

Há uma tarefa pessoal que cada qual poderia executar para viver com mais autenticidade e, consequentemente, mais condizente com o ritmo do Ser, da Natureza: desprogramar-se. Somos um produto quase artificial de programas de vida a nós impostos. Desde o nascimento transformamo-nos em robôs e agimos segundo o que nos é inserido na mente com o rótulo de vida edificante.

De modo geral, estamos inseridos numa cultura onde não se contesta suas influências perniciosas no que concerne a uma vida mais natural e não tão amarrada dentro de um paradigma cultural. Se cultura é aquilo que cultivamos o que está aí como autenticidade de vida ideal, então somos joguetes de opiniões alheias.

Ao nascermos já somos influenciados pelos ensinamentos de nossos pais que cultivam os costumes e crenças vigentes. Nada mais natural que haja um início de formação de caráter a um recém-nascido desprotegido. Mas, no decorrer da vida, é preciso avaliar toda esta bagagem cultural que recebemos: crenças religiosas, ensino escolar voltado unicamente para o sucesso profissional, valores morais e éticos passados pelo Estado, deficientes em si no tocante à realização pessoal do indivíduo, etc, etc, etc.

A infância e a juventude são justamente as etapas da vida onde os outros são, praticamente, os baluartes normativos de nossas vidas. Poucos sabem usar a própria razão nesta idade para delinear o que lhes convém ou não no tocante à construção de seu caráter e formação intelectual. São-lhes impostos valores e crenças que no futuro, então já adultos, serão questionados e revistos. É aí que se colocam a questão: por que estou admitindo valores e crenças que não me satisfazem como ser humano?

Neste sentido parafraseio o filósofo Heidegger para dizer que "é preciso com toda seriedade questionar o momento do mundo e fazê-lo falar, acima de todas as crenças e supostas verdades, das correntes da moda, das escolas, para que finalmente desperte a experiência decisiva de como o tesouro do Ser se oculta de maneira insondável no nada essencial."

Este nada essencial é justamente o vazio de tudo que prejudica a vida autêntica do ser humano: esvaziar-se de crenças e verdades que nos foram inculcadas ao longo de nossas vidas e que aceitamos sem relutância e sem que passem pelo crivo da razão.


Sermos "pastores do ser" nos faria mais autênticos perante a vida e no convívio com os outros.
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 04-04-2014

Relacionados:

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-