quarta-feira, 23 de abril de 2014

Emissão de dívida a 10 anos, com taxa de juro em 3,575%... magnífico, mas cuidado...

Tavares Moreira
1. Foi hoje efectuado um leilão aberto de dívida pública, ao prazo de 10 anos, com o objectivo anunciado de € 750 milhões: esse montante foi colocado e a taxa de juro média da colocação foi 3,575%, segundo as notícias, a mais baixa desde 2005 (início do “memorável” consulado socrático)...

2. Ainda segundo as notícias, a procura por esta colocação terá sido = 3,5 X montante da oferta o que, não sendo “fantástico”, diz bem do apetite pelo produto...

3. Parece assim aberto o caminho para que, concluída com sucesso a 12ª e última avaliação (a ver vamos...), a República Portuguesa possa voltar a financiar-se nos mercados, em condições de normalidade...

4. ... desde que saiba resistir à tentação de renovar os dislates que caracterizaram anos e anos de gestão orçamental desastrada, culminando no absoluto delírio dos últimos 5 anos anteriores a Abril de 2011...

5. Isto é particularmente de reter numa altura em que vai sendo lançado para a discussão pública a questão da afectação dos “dividendos orçamentais” gerados por um crescimento económico acima do previsto...

6. Aqui, não posso deixar de manifestar alguma discordância em relação à posição publicamente manifestada pelo PR, que sugeriu que esses “dividendos” fossem afectados prioritariamente a compensar aqueles que mais atingidos foram pelas medidas de austeridade dos últimos anos...

7. Embora entendendo a preocupação manifestada pelo PR em relação aos mais desfavorecidos neste difícil processo de ajustamento, na minha perspectiva esses dividendos devem, em 1º lugar, ser utilizados para reduzir a dívida pública (no suposto de que o excedente primário permita essa redução)...

8. ... enquanto a dívida pública não começar a baixar, esses “dividendos” não devem ser afectados a coisa nenhuma na minha opinião, particularmente a aumentos de despesa corrente, porque se isso acontecer a dívida pública continuará a subir o que, como sabemos, poderá conduzir a um tenebroso regresso aos problemas financeiros...

9. Numa semana caracterizada pela exaltação da falta de senso por parte de diversos agentes políticos – num claro desrespeito aos mais lídimos valores do 25 de Abril – importa manter a cabeça bem fria e pensar seriamente nas responsabilidades que o País enfrenta e que não se compaginam com revolucionarismos 40 anos retardados...
Título e Texto: Tavares Moreira, “4R – Quarta República”, 23-04-2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-