segunda-feira, 14 de abril de 2014

O sorteio fiscal e... outras rifas urgentes!...

Pinho Cardão
O português bate recordes no totoloto e euromilhões, joga nas apostas on-line, adere aos sorteios dos bombeiros, dos cegos, da cruz-vermelha, das comissões fabriqueiras, compra rifas de que nunca saberá o resultado, entusiasma-se na lotaria instantânea. O português gosta de jogar em tudo, mas, ao que se ouve, só não gosta das rifas dos carros promovidas pelo Fisco. Melhor dito, os media dizem que não gosta, o que é coisa radicalmente diferente.

Por exemplo, na RTP, dito serviço público, os jornalistas de serviço e ao serviço, certamente da verdade, nunca conseguiram encontrar um só cidadão que concorde com a rifa. Pelo contrário, pivôs, entrevistadores e entrevistados rivalizam nos argumentos mais boçalmente inteligentes contra a medida, como o custo do combustível ou da manutenção do carro, como se não fosse possível ao infeliz contemplado vender o objecto tão odiado que teve o azar de lhe calhar em sorte e assim arrecadar um bom pecúlio. E, ao que também vou ouvindo, a rifa de um carro de gama alta é considerada abominável afronta, coisa natural num país de pequenos e médios, agora até mais pequenos que médios.

Também os senhores deputados e comentadores da esquerda muito esquerda e da esquerda menos esquerda, como da direita da esquerda não gostam da rifa fiscal. E dizem que o governo deveria era preocupar-se em acabar com a economia paralela.

Ora eu também não gosto da economia paralela. Mas é precisamente por isso que não engalinho com o sorteio. É que ele pode mesmo contribuir para mitigar tal economia.

Pois o que eu estou é contra os impostos que deixaram de o ser para ser confisco. E contra o estado excessivo que tal permite, pior ainda, que a tal obriga. E, neste caso, contra o governo, que não fez o que devia fazer. Mas estou também contra aqueles que querem ainda mais estado, que obriga a mais impostos que, automaticamente, geram mais economia paralela.

Ao fim e ao cabo é do que gostam. Por isso, odeiam a rifa. Como sempre nestas coisas com o inegável apoio da comunicação social. Alguma dessa, sim, a necessitar de uma enorme rifa!...
Título e Texto: Pinho Cardão, “4R – Quarta República”, 13-04-2014

2 comentários:

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