sexta-feira, 25 de abril de 2014

Os medos da vida

João Bosco Leal

Inúmeras são as ocasiões em que, durante a vida, nos machucamos física ou emocionalmente, mas nos levantamos e continuamos a caminhada.

Nessa estrada muitos são os que se acomodam, decidem permanecer onde estão e desistem de uma nova tentativa, mas há os que, por maior que seja a queda, não se intimidam e continuam, sem parecer terem sido afetados, o que não significa que não tenham sentido, se esfolado, arranhado ou mesmo se machucado, muitas vezes de forma irreversível.

Um acidente ou uma doença grave – mesmo quando não deixou sequelas ou foi curada -, normalmente transforma o comportamento das pessoas, que passam a ter muitas apreensões, preocupações, dúvidas e medos.

A morte de um ser querido muito próximo, por exemplo, provoca uma dor indescritível nos que ficaram e permanecerá, machucando-os diariamente, a cada minuto, durante toda a sua vida. Uma simples foto que não conheciam ou uma que reveem, podem provocar lembranças, emoções, lágrimas e sentimentos de saudades. Imagine, então, a dor daqueles que perdem alguém que – pelo menos cronologicamente -, ainda não deveria ter partido.

Isso, entretanto, não lhes dá o direito de ficar se lastimando, porque os trabalhos, tropeços, quedas e dores de cada um são exclusivamente seus, indivisíveis e devem ser suportados individualmente. Apesar de muitos serem os que se oferecem para ajudar, ninguém é obrigado a partilhar a carga alheia.

Em diversas ocasiões pelas quais passei, repetia inúmeras vezes em minha mente: “não é nada, logo vai passar” o que me ajudou a superar as dores que sentia, pois apesar da consciência de que muitas dores jamais passarão, naquele momento, esses pensamentos me permitiam sair da pior fase.

A fé sempre me ajudou muito, pois sempre imaginei que, se como pai nunca daria a um filho uma responsabilidade ou tarefa que ele não pudesse realizar, sendo eu filho de Deus, creio que Ele jamais me daria algo que não tivesse forças para carregar, o que me capacita a suportar todas as cargas e dores que a vida me apresentar.

Assim, sabendo que vou suportar, acredito no “não é nada” e não me acovardo diante das situações ocorridas ou – simplesmente por ter sofrido um acidente -, deixo de fazer o que antes me proporcionava prazer.

A cada momento, durante toda a vida, temos de tomar os mais diversos tipos de decisão e erros de percepção, julgamento e análise dos riscos podem ocorrer, mas tentando evita-los, muitos possuem excesso de cuidados e com isso deixam de viver experiências maravilhosas, pois se esquecem de que não há como se prevenir contra tudo e todos.

As dores sofridas, físicas, mentais ou emocionais, também podem nos fazer enxergar coisas, opções e até pessoas, que antes só víamos.

Só com nossas experiências ou de outros, adquirimos sabedoria, que diferentemente de tudo o que é material, jamais nos será tirada ou perderemos, e, com ela, poderemos perceber, analisar e julgar melhor cada situação.

Diariamente estamos envelhecendo e a única coisa que nos resta é um futuro finito, mas eternamente incerto. Portanto, devemos aceitar os limites que a idade nos impõe e viver tudo o que pudermos.

A vida, com seus altos e baixos, alegrias, tristezas, riscos e dores, deve ser vivida sem medos.
Título, Imagem e Texto: João Bosco Leal, 25-04-2014

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