Valdemar Habitzreuter
Hoje teremos mais um
espetáculo futebolístico ansiosamente esperado por todos nós brasileiros. Esta
espera ansiosa tem uma explicação psicológica e tem a ver com o conceito de
duração. Logo, logo falarei algo sobre isso. Em primeiro lugar teçamos algumas
considerações sobre a nossa seleção canarinha e seu ninho acolhedor: a Granja
Comari com 150 mil metros quadrados de área, em Teresópolis.
Somos o país do futebol, como
se alardeia por aí. Nosso país é grande em extensão, um território continental,
e como o futebol é o esporte mais querido e praticado por aqui, a safra de bons
jogadores é grande. Países pequenos como Paraguai, Uruguai – nossos vizinhos -
também primam com um futebol forte. A diferença é que o Brasil poderia formar
várias seleções para disputar uma Copa.
Filipão teve a oportunidade de
escolher, pois, o supra-sumo de jogadores habilidosos para compor nossa
seleção. Temos, então, uma seleção forte de fazer inveja a qualquer nação do
mundo. Não é por menos que as outras seleções temem em enfrentar o Brasil.
De há muito tempo que esta
seleção se prepara para este Mundial, e foi investida uma fortuna para que os
canarinhos se apresentem em grande estilo sem serem depenados por outras
seleções. Até agora passaram quase ilesos nas duas partidas realizadas. Contra
a Croácia tiveram sorte, o juiz lhes deu um alpiste extra. Mas contra o México
a dificuldade de voar tranqüilos fez-se sentir.
O ninho aconchegante onde
nossa seleção pousa e treina é fantástico. Concomitantemente às construções das
suntuosas arenas construídas ao longo dos quatro anos, o ninho foi
diligentemente preparado. Gastou-se outra grande fortuna para que nossa seleção
tivesse todo o aparato de ponta para se preparar para este Mundial. Este ninho
requintado é de longe superior a muitos hotéis cinco estrelas e se localiza na
bela cidade serrana de Teresópolis com clima ameno e ideal para os treinamentos.
Hoje teremos o terceiro jogo,
contra a seleção de Camarões – já eliminada da Copa. Brasil esperava fazer um
jogo treino contra Camarões, mas como não se classificou com o jogo contra o
México terá que mudar de estratégia: jogar para valer. E é esta expectativa que
nos deixa ansiosos. Precisamos da vitória.
A duração do jogo é de 90
minutos no relógio, com eventuais acréscimos para sabermos se saímos vencedores
ou não. E a duração para o preparo para estes 90 minutos foi de aproximadamente
4 anos. Duração. Esta é a palavra-chave que norteia este jogo e também nossas
vidas.
Imaginem que Camarões esteja
vencendo o Brasil por 1 a 0 e no relógio do juiz faltam apenas 15 minutos para
o término do jogo. O que se passa no íntimo dos 200 milhões de torcedores
brasileiros? Estes 15 minutos se tornam um tormento para eles, pois passam como
um relâmpago, passam muito ligeiro. Brasil precisa da vitória e não consegue
marcar os gols e o tempo passa voando. Mas em contrapartida estes 15 minutos
para os camaroneses são uma eternidade, querem o fim do jogo o mais rápido
possível para assegurar a vitória.
Eis aí o que significa a
verdadeira duração. É um estado de espírito que regula nossas emoções e capaz
de direcionar-nos na vida para melhor portar-nos em nossas múltiplas situações
do quotidiano. Esta duração nada mais é que um eu que não se deixa comandar por
ponteiros de relógio, é um eu profundo que quer viver na rica profundeza e variedade
de emoções. Portanto, esta duração não se mede por ponteiros de relógios. Os
verdadeiros ponteiros da duração são nossas emoções que fazem girar a vida com
ininterruptas novidades.
Deixemo-nos levar hoje neste
jogo entre Brasil e Camarões não pelo relógio do juiz, mas pelo nosso relógio
interior que é cheio de emoções esvoaçantes. Ao presenciarmos o Brasil vencendo
o jogo, o nosso relógio interior marcará um estado de emoções diferente daquele
se o Brasil estivesse perdendo. De qualquer forma, teremos emoções. A duração
do jogo dirá quais experimentaremos.
Tudo isto para falar da
duração de um jogo de futebol. Quantas emoções iremos registrar nesta duração!
E a duração maior de nossas vidas? Quantas riquezas emocionais poderíamos
coletar ao longo de nossa duração neste mundo se soubessemos dar o devido valor
à profundeza dessa duração onde se encontra o nosso eu profundo, o responsável
para enriquecer e valorar nossas ações quotidianas.
Voem, voem
canarinhos e se alcem nas alturas das emoções de 200 milhões de brasileiros!
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 23-06-2014
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