quinta-feira, 24 de julho de 2014

Serial Killers – Pequena História da Rússia

Ernesto Ribeiro
 
A galera da Rússia já tá fazendo um bolão de apostas pra ver quem será a próxima vítima do serial killer  Vladimir Putin (vulgo "Vlad, o Envenenador"). Ainda mais depois que a polícia encontrou radiação num hotel e até num estádio de Londres, com mais 7 pessoas afetadas e a notícia de que outra testemunha que iria depor aos investigadores russos e ingleses entrou em coma. Até na Alemanha encontraram radiação alfa no apartamento da mãe da ex-mulher de um contato do ex-agente secreto russo. Ora, os rapazes da Scotland Yard não precisam bancar Sherlock Holmes. Basta seguir o rastro de radioatividade que vai até o Kremlin e algemar o Vladimir cabeça-de-rato, o assassino radioativo. O cara já matou seis jornalistas, persegue e prende todos os opositores, lançou vírus na internet de um país vizinho, envenenou o presidente da Ucrânia, invadiu a Geógia e ameaçou bombardear a Polônia com mísseis atômicos.
  
Por que será que todos os governantes da Rússia sempre são perturbados mentais? Talvez porque até recentemente os russos sempre foram um povo de monstros bárbaros asiáticos, miseráveis e famintos, supersticiosos e ignorantes. Servos aterrorizados condenados a viver sob a ameaça do chicote, sempre postos de joelhos perante o seu senhor. Subvivendo no pior clima do mundo, levando subvidas em cabanas intoxicadas pela fumaça, cercados de inimigos e carregando o trauma da opressão mongol.   


Ivan, o Terrível (1533-1584), foi proclamado grão-duque aos 3 anos e assumiu o trono da Rússia aos 11 anos. Tinha 13 anos quando mandou seus cães despedaçarem o primeiro-ministro. Matou o próprio filho com um golpe na cabeça durante um acesso de fúria. Um dos maiores psicopatas da História, fundou o Império Russo e impôs a servidão dos camponeses. Paranóico, criou a primeira polícia política, a Opritchina, grupo de extermínio que perseguiu seus inimigos reais e imaginários. Formavam eles uma irmandade criminosa, disfarçada de ordem religiosa, tendo em Ivan uma espécie de abade-chefe. Vestiam-se todos de negro como numa ordem monacal, inclusive o czar, e tinham amarrado nas selas dos seus cavalos, pendentes, cabeças de cães decepadas para mostrar a todos a sua determinação assassina. 




As execuções em massa: durante dez anos, de 1565 até 1575, a Rússia viveu sob sistemático terror desencadeado pelo seu próprio governante. Intercalando com as guerras contra os inimigos externos, Ivan nunca deixou de atormentar os que imaginava serem potencialmente seus inimigos. Historiadores atribuem o sanguinarismo de Ivan à infância atormentada que passou na corte de Moscou, onde, desde que nascera, presenciou o assassinato de grande parte dos seus parentes e o encarceramento de tantos outros.

O próprio Ivan preparava as listas das pessoas a serem presas, torturadas e executadas. Jogou os oprichniki com furor implacável sobre suas vítimas, não poupando os anciãos, as mulheres, nem as crianças. Prisões em massa eram intercaladas com assassinatos seletivos dos membros da alta nobreza e do alto clero. Muitos deles eram conduzidos para a sede do governo, onde eram supliciados nos porões da fortaleza. Ivan, muitas vezes, supervisionava as flagelações e as mutilações, não se importando quando o sangue dos atormentados respingava no seu rosto.

A essa altura, a Rússia já era chamada de "a Terra dos Monstros".  

Total: meio milhão de mortos.





Pedro, o Grande, foi grande mesmo na maldade: matou o filho com as próprias mãos, estrangulado, ao descobrir que ele liderava uma conspiração para derrubá-lo. Torturou os criados do filho por cinco anos, e depois de confessarem, mandou torturá-los por mais cinco anos.




Catarina, a Grande, foi mesmo uma grande filha da p... como dizem os russos: alemã importada, chifrava o rei corno com um soldado da corte e só chegou ao trono do marido por uma conspiração da rainha-mãe que matou o próprio filho débil mental, pondo uma estrangeira pra segurar o cetro.
Cumpriu sua cota de massacres de camponeses e retomou a escravidão dos servos.

A essa altura, o Império Russo já oprimia tantas nacionalidades que era chamado de "a Prisão dos Povos".  


Total: 1 milhão de mortos.


Nicolau criou um sistema proto-totalitário de repressão do Estado com polícia secreta... Protonazista, odiava tanto o povo judeu que mandou seu chefe da polícia secreta czarista, a Ochrana, forjar o pseudo-documento "Protocolos dos Sábios do Sião"  para jogar o mundo contra os judeus com as mentiras racistas da "Grande Conspiração Judaica de Dominação Mundial". Considerado o pior governante do mundo na época, perdeu a guerra pro Japão, enquanto a Rússia literalmente pegava fogo e moveu uma guerra de terror contra o próprio povo, massacrando milhares no campo e nas cidades (como o Massacre dos Judeus de Odessa.)
A essa altura, a Rússia já era chamada de "Purgatório Gelado".  
Total: 2 milhões de mortos. 


Se os czares já eram psicopatas de dar inveja aos mais tresloucados imperadores romanos, seus sucessores comunistas precisariam de uma enciclopédia para catalogar seu inventário de crimes. 



Lenin era o típico esquerdinha-caviar: filhinho de papai que nunca trabalhou na vida (exceto por 2 anos, como advogado, defendendo as mesmas leis que depois quebraria) Vladimir Ilich Ulianov viveu por décadas da renda das fazendas da mamãe, financiando a revolução.


Psico-maníaco-depressivo, sua esposa desistiu de fazê-lo embarcar disfarçado como um clandestino mudo, pois à noite todos ouviam ele falar enquanto dormia, xingando seus colegas de partido mancheviques. Oito meses depois da Revolução Popular de fevereiro de 1917, aproveitou o caos do país e deu um golpe dentro do Partido Social-Democrata dos Operários Russos, que não tinha nenhum operário, e muitos nem eram russos. Oficialmente, o Golpe Comunista de Outubro foi só uma troca de guarda interna: saía a facção manchevique, entravam os bolcheviques. Na prática, foi o purgatório virando inferno.

Só precisou de seis meses para fazer o povo sentir saudades do czar, com o novo governo roubando tudo e matando mais gente em um ano do que a Inquisição em três séculos. "O povo russo sobreviveu ao reinado dos Romanov, e precisa ser cem vezes mais forte para sobreviver ao reinado de Ulianov.", comentou o romancista russo Gorky. 

Foi mesmo um revolucionário em vários sentidos: Lenin criou a primeira ditadura totalitária de Partido Único (uma contradição em termos)  inaugurando o Século do Horror com o Comunismo; fez o primeiro mega-grupo de extermínio, a VETCHEKA (futura GPU, NKVD, MVD, KGB) para exterminar classes sociais inteiras; o primeiro a usar o sistema de genocídio em campos de concentração e trabalho escravo criando o GULAG; fez a primeira Guerra Civil com o objetivo de destruir o país; e a primeira Grande Fome feita de propósito para matar o próprio povo. 5 milhões de pessoas morreram de fome em 2 anos (1921-1922).

A população da Rússia retrocedeu ao canibalismo. Pais devoravam a carne dos filhos bebês. Crianças caçavam adultos para comê-los. Vendia-se carne de crianças em mercearias. A prostituição infantil disparou, com bordéis para pedófilos.

Lenin também foi o primeiro a contratar assassinos profissionais estrangeiros para massacrar seu próprio povo ("os russos são uns moleirões") comandados pelo polonês Felix Djerjinski. Prendia-se milhares de pessoas por nada, só para dobrar a resistência do povo à ditadura. As torturas monstruosas que os prisioneiros sofriam eram indescritíveis.

Lenin foi também o maior assassino de operários: as greves eram punidas com a morte. Trabalhadores eram jogados no mar com pedras no pescoço. Camponeses escondidos no mato eram bombardeados com gás venenoso. Os escravos na economia comunista não têm valor de moeda, pois lá não existe mercado: são de graça, usados como pilhas; por isso, nem são alimentados. Trabalha-se até morrer de fome, frio ou doenças. Muitas vezes, a expectativa de vida no GULAG era de 8 semanas.

Sua própria família o execrava.

A filha de Lenin fugiu da União Soviética e se tornou cidadã inglesa. 

Até que um belo dia Lenin morreu de falência múltipla dos órgãos, após cinco anos de sofrimento agravado por derrames cerebrais que o deixaram paralítico, surdo e mudo, com dores terríveis, desde o atentado à bala que sofreu no início da tirania. Uma mulher chamada Fanny Kaplan meteu-lhe 5 tiros à queima-roupa: 2 balas ficaram alojadas na garganta e na cabeça. Foi o começo de uma longa agonia física, mental e psicológica, de uma vida cheia de terror, ódio e frustração.

A essa altura, a Rússia já era chamada de "Sucursal do Inferno".
  

Total: mais 6 milhões de mortos.  




Stalin amplificou todas as barbaridades de seu mestre, e inventou outras, sob o signo da traição. Matou até os ex-soldados bolcheviques do Exército Vermelho na Guerra Civil. Matou TODOS os colegas de quadrilha do alto comando do Partido Comunista Soviético (o Politburo) e ainda os obrigou a denunciarem uns aos outros com falsas acusações.

Era um anão de 1,56 de altura numa nação de montanheses altos do Cáucaso, a Geórgia. Espancado pelo pai, fugiu de casa para não trabalhar como sapateiro, e tornou-se seminarista de convento, estudando para ser padre. Como todos os bolcheviques, vivia aterrorizado, escondido e morrendo de medo do povo. Sabiam que eram os opressores mais odiados do mundo em todos os tempos. Era uma aberração desde que nasceu. Foi rejeitado pelo alistamento militar porque tinha o braço direito menor que o esquerdo e outra deformidade horrível unindo os dedos menores dos pés. "A marca do demônio" comentou o recrutador do Exército. 

Subiu ao trono pela chantagem, usando o método ACM de "dossiês" contra adversários ou concorrentes. Ou simplesmente matava seus colegas de partido, como no Grande Terror, quando exterminou todos os camaradas do Círculo Interno do PC soviético. O Diabo mata seus próprios demônios. Enquanto isso, a polícia política prendia pessoas sem motivo algum pelas ruas ou invadindo residências à noite, apenas para preencher a "cota diária" de prisões e conseguir mais escravos para encher os campos de concentração na Sibéria e no Ártico. Seu Plano Quinquenal degenerou numa guerra de esfomeamento deliberado que em dois anos (1932-1933)  matou de fome 6 milhões de camponeses, quase todos na Ucrânia, os que mais produziam alimentos.

Aumentou o GULAG, escravizando até estrangeiros. Perseguiu os judeus com mais ferocidade que os nazistas. Armou o Exército de Hitler, em troca de assistência técnica, como revelaram mais tarde os Arquivos de Moscou. Aliou-se ao Nazismo nos primeiros anos da Segunda Guerra Mundial, dividindo o estupro da Polônia. Fuzilou 40 000 de seus melhores oficiais e outros que o avisaram do futuro ataque alemão à União Soviética. Deixou que o filho mais novo morresse nas mãos dos nazistas. Depois da guerra, instaurou mais ondas de terror e genocídio em todo o país. Matou até familiares. Sua esposa cometeu suicídio com um tiro no peito. O filho mais velho, com uma bala na cabeça.

A filha de Stalin também fugiu da União Soviética e se tornou cidadã americana.  

Até que um belo dia Stalin foi envenenado por seus próprios camaradas de Partido. Foi encontrado sem poder respirar (sufocou até à morte como numa câmara de gás) e com a face irreconhecível, distorcida numa expressão indescritível de terror puro. O monstro morreu de hemorragia cerebral com o anticoagulante warfarin, um refinador do sangue incolor e sem gosto, também utilizado como raticida e ministrado a ele durante o derradeiro jantar com membros do Politburo. Foi o fim de outra vida cheia de terror, tristeza e frustração.

A essa altura, o Novo Império Russo já era chamado de "o Inferno de Gelo".

Total: outros 14 milhões de mortos.


Os sucessores no trono do Império Soviético fizeram sua parte: 




Krushev bateu o sapato na mesa da ONU, invadiu a Hungria, matou milhares de civis nas ruas de Budapeste e mostrou ao mundo quem são os verdadeiros porcos imperialistas.



Brejnev repetiu a dose e invadiu a Tchecoslováquia, matou outros milhares de civis nas ruas de Praga e lembrou aos hippies que protestar pela paz só funciona em democracias. Era um autêntico toxicômano, tomando centenas de pílulas de todo tipo, e vivia uma paixão não-correspondida pela enfermeira. No fim da vida, invadiu o Afeganistão.

Seus sucessores AndropovChernenko e Gorbachev empurraram com a barriga o fracasso do "Vietnã comunista" matando 1,5 milhão de afegães à bala, bomba e armas químicas. Crianças eram drogadas e torturadas para delatarem seus pais. As que se recusavam eram mortas na cadeira elétrica. Prisioneiros eram jogados para morrer nas fossas sanitárias.

A filha de Krushev também fugiu da União Soviética e se tornou cidadã americana. Assim como a irmã e a filha de Fidel Castro.




Já as filhas dos outros sucessores, como Gorbachev, nem precisaram: o país acabou antes.

Foi como se um buraco do Inferno se abrisse na Terra e aquele Império da Maldade fosse engolido pelo seu próprio horror.

Um jornalista brasileiro comentou o desaparecimento da União Soviética em clima de conversa de bar, quando soube que Gorbachev renunciou como presidente de um país que não existia mais: "Pensei que já tivesse visto tudo na vida, mas essa é nova: em vez de tirarem o presidente do país, tiraram o país do presidente."


Total: mais 2 milhões de mortos.





O único lúcido ali foi a honrosa exceção de Boris Yeltsinque era apenas alcóolatra e só pirou na juventude, como soldado que um belo dia pegou uma granada e bateu-lhe com um martelo só pra ver o que acontecia. Teve uma sorte inacreditável: só perdeu 2 dedos da mão direita, ficando mais mutilado que o Lula. Fora isso, tudo bem. Único herói a governar o país, o bom e velho Boris foi o primeiro anti-comunista a sair das fileiras do Partido Comunista Soviético, criticando a lentidão das reformas de seu colega de viagem Gorby, o Último. 

Ele entrava nas filas intermináveis só pra dar um esporro público em cada burocrata incompetente que não atendia o povo. Como o socialismo é a ditadura dos funcionários públicos incompetentes e corruptos, é claro que ele sempre saía aplaudido pela multidão.

Quando foi afastado do cargo de prefeito em 1988, gerou tal comoção popular em Moscou que numa peça teatral sobre mitos gregos uma atriz interrompeu sua fala em pleno palco para perguntar à platéia: "Onde está o nosso Hércules? Precisamos trazê-lo de volta, senão além dos alimentos raros nas filas, acaba também nossa esperança!"  

Yeltsin foi também o primeiro governante russo eleito pelo povo: já tinha chegado ao Parlamento em 1989 com extraordinários 90% dos votos de seu distrito. Extremamente popular, com um discurso virulentamente anti-comunista, dizia o que o povo pensava do regime mais falimentar do mundo. Em 1991, foi eleito presidente da Rússia na primeira eleição direta da História do país, com mais de 80% dos votos, junto com o referendo popular em Leningrado que recuperou para a cidade o nome original de São Petersburgo.

Não foi a primeira vez que os russos apagaram um nome sujo, mas Stalingrado voltou a ser Volgogrado por ordem dos próprios comunas, após enterrarem o Diabo da Geórgia.

O grande ato histórico de Boris Yeltsin foi virar do avesso a máxima de Marx "a História se repete como farsa" e subiu no mesmo canhão do tanque onde subira Lenin, mas para "fazer a farsa se repetir como História", conclamando o povo a resistir ao Golpe Comunista (o de agosto de 1991, não o de outubro de 1917).

Boris, o Incrível, acabou fazendo o maior ato de heroísmo de todos os tempos: implodiu o Golpe Vermelho, extinguiu o Partido Comunista Soviético na ilegalidade, declarou a independência de todas as Repúblicas, libertando os povos oprimidos por um milênio, e deu o tiro de misericórdia na União Soviética, destruindo o maior Império do Mal e pondo fim á mais longa ditadura do século XX. 

De quebra, abriu as portas ao capitalismo na Rússia, melhorando a vida da população e consolidando a democracia. A mesma que agora é ameaçada pelo desgoverno do ex-diretor da KGB. Pelo menos, o Hércules de três dedos deu esperança ao povo.

Boris Yeltsin é o maior herói do mundo, em toda a História da Humanidade. Fez tudo de bom entre um porre e outro. Não há dúvidas: foi a vodka que o salvou da loucura e o trouxe à razão. Viva a vodka Stolichnaya. Volta, São Boris!
Título, Imagens e Texto: Ernesto Ribeiro Barboza de Oliveira, 24-07-2014

7 comentários:

  1. Obrigadíssimo.

    Recebi essa resposta:

    "Excelente materia, Ernesto.

    Repassei-a aos meus contatos com pouquíssimas adaptações...

    Imprimi e guardei. Uma verdadeira aula, muito didática para que os esquerdopatas tomem ciência de quem realmente eram os porcos imperialistas...

    Francisco Vianna."

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    Respostas
    1. Eu é que devo agradecer o privilégio da sua colaboração.
      Abração./-

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  2. Hi Jim, obrigado. Uma aula de Historia. Grande abraço.

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  3. Ótimo texto.
    Teresa Oliveira

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  4. Fontes, confiavéis, por favor.

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