quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Depois de aparecer, onde se esconder?

Jonathas Filho

Hoje em dia, muita gente se esconde por vários motivos... até para parecer que não quer aparecer.
Tem aqueles que fazem de tudo e usam diversas formas de desaparecer ou se esconder...
Uns usam pesadas barbas e bigodes descomunais, uns colocam chapéus e óculos escuros enormes, uns se vestem de cinza chumbo, muitos se escondem dos outros, outros não querem ser vistos, outros fazem cirurgias plásticas que mudam suas expressões faciais, uns se vestem com roupas do sexo oposto, alguns preferem o anonimato ou aproveitam o ostracismo, outros deixam de se pintar e não “pintam mais no pedaço”!                        
Estranho, não?

Mais de dez anos atrás, um senhor bastante conhecido, mais de dez quilos a menos, grisalho e sem os característicos bigodes, depois de desaparecer daqui, até deu entrevista em Londres para um canal de TV brasileira, em Setembro de 1993. Pela denúncia de um turista, foi preso em Bangkoc em novembro de 1993. Após um tempo preso, obteve liberdade condicional. Foi encontrado sem vida, com a namorada morta ao seu lado em Maceió, em Junho de 1996.

Há pouco tempo foi preso um conhecido médico que havia sumido... desaparecido sem deixar rastros, pois não queria pagar pelos abusos cometidos contra suas clientes. Onde estava escondido ele queria o anonimato, mas como aqui era bastante conhecido e aplaudido, esse tipo de prestígio lhe fazia falta. Passou-se um tempo... e em outras circunstâncias passou a querer ser elogiado como um abastado senhor connaisseur en vins e frequentador de excelentes restaurantes. Paradoxalmente, foi reconhecido, denunciado à polícia, preso e repatriado.

Será que queriam ser descobertos?
Enquanto uns usam de diversas formas para não serem notados, vistos ou observados; outros usam das mais absurdas atitudes para serem reconhecidos. Uns têm até o poder de $edução... outros, por enquanto, não têm nenhum poder, haja vista os que se apresentam nos horários de propaganda eleitoral, querendo passar a ter esse “tal” de poder. O conceito de propaganda tem o objetivo de influenciar o indivíduo a decidir-se em escolher, utilizar ou consumir alguns produtos, serviços, ideias e até mesmo candidatos a cargos eletivos.

Este ano, para as eleições em 5 de outubro próximo, cerca de vinte mil pessoas se candidatam aos cargos de Deputado Estadual, Deputado Federal, Senador, Governador e Presidente da República.
Usando a autopropaganda, apresentam-se em meio ao povo nas ruas, com um sem-número de atestados de bom “mocismo”, se dizendo contra o mal e a favor do bem, abraçando quem nem conhece, beijando criancinhas pobres das periferias com nariz escorrendo, fazendo caras e bocas de alegria para vetustas criaturas, comendo em botequins... até pastel já vencido e dizendo ser uma delícia, bebendo cafezinho requentado em biroscas que posteriormente às eleições só verão daqui a quatro verões. A isso dá-se o nome de “corpo-a-corpo” muito embora a conotação dessa “luta” seja circunstancial e momentânea.

Nas propagandas televisivas, muitos em seus discursos ao povo, usam de figuras de retórica, emprestando um certo tom intelectual à falação, com ensejos de persuasão; outros usam de forma emblemática suas religiões ou a veneração ao seu time de futebol ou também a participação ativa que levou ao sucesso alguma associação de classe. Outros “pregam” a retidão e seriedade e, invariavelmente, se utilizam de argumentos sobre algo não empreendido até então e de melhorias não sucedidas em mandatos anteriores mas, que agora, no mandato dele com certeza ocorrerão.
Ato contínuo, pedem votos e querem aparecer; e quanto mais... melhor!

Se não fôssemos tão desmemoriados, não estaríamos a contemplar os mesmos lero-leros que se multiplicam a cada período eleitoral. Todos  se expõem em demagogias e apesar desse alarido na maioria das vezes soar como artificial ou falso, não se acanham e prometem até o impossível para serem eleitos.

E depois de eleitos?
Por efeito de pesquisas, depois de investidos nos cargos, um número alarmante de políticos desaparece. São “abduzidos” por outras atividades e segundo o site Transparência Brasil, o número de faltosos às sessões de Plenário ou às Comissões é bastante significativo. Alguns só serão vistos nas próximas eleições, fazendo as mesmas promessas... com a mesma lenga-lenga e por mais absurdo que possa parecer, são reeleitos.
E porque desaparecem?

(Quando se fala em Seleção de futebol, inúmeras vezes referem-se ao “peso” da camisa e da responsabilidade de se apresentar condignamente como um defensor das nossas cores no maior esporte nacional, pois afinal é a pátria de chuteiras.)

Depois de eleitos, certos senhores, mesmo não sabendo que o cargo vem acompanhado com as respectivas inerências; após a diplomação, eles são informados (como detentores da condição) das obrigações próprias da atividade e que estão ligados à liturgia desses cargos. Noblesse oblige!

Como depositários dos anseios dos seus eleitores, eles deveriam cumprir as promessas que usaram para serem eleitos, mas o peso disso tudo é muito grande.

Sem nível de conhecimento minimamente aceitável, ou seja, 2º Grau Completo, sem saber interpretar qualquer texto, não sendo idealistas, não tendo conhecimento de causa e não tendo o ímpeto dos realizadores, eles jamais se esforçarão, tampouco se preocuparão em aparecer como defensores dos interesses dos seus eleitores, e aí então... pluft! Desaparecem! Na realidade, eles querem é tirar proveito da situação e não fazer nada! 
Sem intenção de servir, se desligam das responsabilidades e desaparecem sem sequer dizer tchau!

Ah... como seria bom que cada cargo eletivo fosse galgado com o respectivo respeito, e que fossem estabelecidas algumas condições tais como:
- Idade mínima de 35 anos;
- O pretendente à candidatura não poderá estar indiciado nem respondendo a processo criminal ou administrativo;
- Histórico escolar: mínimo 2º grau completo;
- Prestação de provas de conhecimentos escritas e orais, inerentes ao cargo para obtenção de licença de elegibilidade;

- Como parlamentar diplomado, terá ganho mensal simbólico de cinco salários-mínimos e ajuda de custo (pró-labore) de três salários mínimos;
- Concessão de três Assessores com 3º Grau completo que sejam funcionários de carreira do Congresso Nacional, Câmaras Estaduais e Municipais, Ministérios ou Autarquias desde que sejam voluntários para tal posição. Como esses Assessores já recebem como funcionários públicos, receberão somente uma ajuda de custo de três salários mínimos;

- Residentes em locais distantes de mais de 150km da área de atuação, terão direito a apartamento funcional de 65m² e uma passagem mensal de ida e volta por ônibus para a base eleitoral; acima de 300 km a passagem será aérea;
- O parlamentar poderá pagar menores taxas (desconto de até 25% do valor normal) em planos de saúde médicos-dentários;
- Só poderão ser reeleitos os que tiverem no mínimo de 80% de presenças nas Câmaras/Senado e as faltas deverão ser cobertas por atestados médicos ou licenças médicas, ou serão descontadas dos haveres do parlamentar. Acima de cinco faltas sem as devidas justificativas, o parlamentar será automaticamente exonerado do cargo, mas poderá concorrer às próximas eleições, se obtiver licença de elegibilidade. O cargo vago será preenchido por suplente;

- Como de praxe, nenhum parlamentar poderá receber presentes ou favores de pessoas físicas ou jurídicas excetuando-se títulos, medalhas ou troféus por mérito reconhecido como ocupante do cargo;
- Nenhum parlamentar poderá intermediar quaisquer tipos de negociações entre partes, sejam com pessoas físicas ou jurídicas e qualquer situação similar deverá ser tratada por grupo de três parlamentares numa comissão, com nomes a serem sorteados no Congresso em data previamente estabelecida e tais negociações serão gravadas em local apropriado das Câmaras ou Senado, em filme que posteriormente terá sua guarda em Arquivo Público. O acesso a essas documentações filmadas será permitido para visualização e audição aos cidadãos que se identificarem e receberem a permissão, com o uso de senha sigilosa que será gravada no Arquivo Público. No momento do acesso à informação ficarão gravadas as identidades de quem acessa e o respectivo número de vezes de acesso ao arquivo; 
- O parlamentar poderá desfrutar de aposentadoria a ser regulamentada, após sete mandatos de quatro anos, ou seja vinte e oito anos de serviços prestados à nação e descontará para o regime de RGPS.

Com esse novo tipo de seleção o número de candidatos se reduziria apenas àqueles que têm idealogia democrática e querem, de fato, participar da vida política da Nação. Os que se elegessem, com certeza não fugiriam das responsabilidades... e não se esconderiam!


Quem se habilitaria  a essa nova modalidade?
Título e Texto: Jonathas Filho, 17-09-2014

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