Imagine que você seja um
designer dependendo de ideias novas, que por vezes não aparecem, para obter seu
sustento. Realize agora a situação em que você abra o seu e-mail e comece a
receber diariamente sugestões de ótimos designs, de graça, que podem inspirar
suas criações. Você ficaria agradecido por isso, não? De jeito algum você
definiria esta “ajuda” gratuita como imoral, correto? Ok, agora é a hora de
falar da técnica da “criação” de notícias.
Basicamente, precisamos
primeiro entender como funciona a “criação” de uma notícia, o que não é o mesmo
que invenção de fatos. Uma notícia é “criada” a partir do interesse de um
jornalista em um assunto, a existência de fatos relacionado a este assunto e
uma percepção (por parte deste mesmo jornalista) de que a notícia interessa a
uma parte de seu público. Enfim, o jornalista, na melhor das hipóteses, tem
interesse em tratar de um assunto, existem fatos relacionados ao assunto e
entende que as pessoas vão querer ler a respeito.
É claro que muitos jornalistas
possuem suas agendas particulares, podendo omitir notícias, mas se esta agenda
particular não entrar em conflito com o assunto e ele perceber o interesse do
público, ele receberá empolgado a sugestão de uma nova notícia.
O processo de “criação” de
notícias de que falo aqui se baseia em enviar e-mails (ou qualquer outra forma
de comunicação rápida) para jornalistas dando-lhes ideia de publicar uma
notícia a respeito de um fato que não tenha sido abordado suficientemente pela
mídia, em sua percepção. Quer dizer, você dará “idéias” de notícias, auxiliando
o jornalista a “criar” uma notícia que provavelmente não surgiria na mente dele
se não fosse sua forcinha.
Veja o “trailer” para o livro
Trust Me I'm Lying, de Ryan Holiday, mostrando o uso desta técnica para a
“criação” de notícias falsas (o que é bem diferente do que estou pedindo, pois
falo de notícias verdadeiras não abordadas suficientemente pela mídia):
Recomendo que você faça
um filtro (deixando de lado a oposição ideológica) e assista a um vídeo
divulgado pelos socialistas do Portal Vermelho a respeito do poder das redes
sociais. Poder este desprezado pela direita. Neste vídeo, temos exemplos (lá
pelas tantas) de como os petistas da Internet conseguiram fazer suas notícias
serem publicadas na grande mídia:
Você pode até alegar que o PT
tem uma preferência por parte dos jornalistas, o que é inteiramente verdadeiro.
Mas nem todos os jornalistas são petistas, portanto é plenamente possível que
executemos o mesmo processo. A pergunta agora é: como?
Simples. Primeiramente, avalie
se o conteúdo que você tem em mãos merece vir a se tornar notícia. As opções
são múltiplas, podendo incluir:
· O post de um blog mencionando um
aspecto da realidade
· Um vídeo revelador, podendo ser uma denúncia, ou
mesmo a gravação de um ato de vandalismo, ou de um professor doutrinando alunos
· O resultado de uma investigação particular, com
dados
Mas qualquer coisa vale, desde
que seja interessante e com potencial de interessar aos leitores.
Em seguida, contacte um
jornalista, questionando-o por que ele não tratou do assunto ainda, mandando o
link onde ele pode encontrar o conteúdo. O questionamento “por que você você
não publicou nada sobre isso?” é útil quando o conteúdo é aparentemente óbvio.
Mas outra abordagem pode incluir uma asserção dizendo “você precisa falar disso
urgentemente”, novamente com um link para o conteúdo. Seus “alvos” devem estar
nos grandes meios de comunicação, como Globo, UOL, Terra e outros. Não deve ser
difícil encontrar e-mails de jornalistas, que também podem ser contatados via
Twitter e Facebook. Envios organizados a partir de comunidades podem
potencializar o resultado.
Muitas das notícias favoráveis
ao PT tem surgido assim. Não é justo darmos a eles o monopólio de um
recurso tão poderoso. Use e abuse da cobrança sobre jornalistas, além de
fornecer-lhes dicas de conteúdo. Muitos deles o agradecerão. E lado político
defendido por você também ficará grato.
Título, Imagem e Texto: Luciano Ayan, Ceticismo Político, 31-08-2014
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