segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Guerra Política 2014: Auxílio na “criação” de notícias

Luciano Ayan


Imagine que você seja um designer dependendo de ideias novas, que por vezes não aparecem, para obter seu sustento. Realize agora a situação em que você abra o seu e-mail e comece a receber diariamente sugestões de ótimos designs, de graça, que podem inspirar suas criações. Você ficaria agradecido por isso, não? De jeito algum você definiria esta “ajuda” gratuita como imoral, correto? Ok, agora é a hora de falar da técnica da “criação” de notícias.

Basicamente, precisamos primeiro entender como funciona a “criação” de uma notícia, o que não é o mesmo que invenção de fatos. Uma notícia é “criada” a partir do interesse de um jornalista em um assunto, a existência de fatos relacionado a este assunto e uma percepção (por parte deste mesmo jornalista) de que a notícia interessa a uma parte de seu público. Enfim, o jornalista, na melhor das hipóteses, tem interesse em tratar de um assunto, existem fatos relacionados ao assunto e entende que as pessoas vão querer ler a respeito.

É claro que muitos jornalistas possuem suas agendas particulares, podendo omitir notícias, mas se esta agenda particular não entrar em conflito com o assunto e ele perceber o interesse do público, ele receberá empolgado a sugestão de uma nova notícia.

O processo de “criação” de notícias de que falo aqui se baseia em enviar e-mails (ou qualquer outra forma de comunicação rápida) para jornalistas dando-lhes ideia de publicar uma notícia a respeito de um fato que não tenha sido abordado suficientemente pela mídia, em sua percepção. Quer dizer, você dará “idéias” de notícias, auxiliando o jornalista a “criar” uma notícia que provavelmente não surgiria na mente dele se não fosse sua forcinha.

Veja o “trailer” para o livro Trust Me I'm Lying, de Ryan Holiday, mostrando o uso desta técnica para a “criação” de notícias falsas (o que é bem diferente do que estou pedindo, pois falo de notícias verdadeiras não abordadas suficientemente pela mídia):


Recomendo que você faça um filtro (deixando de lado a oposição ideológica) e assista a um vídeo divulgado pelos socialistas do Portal Vermelho a respeito do poder das redes sociais. Poder este desprezado pela direita. Neste vídeo, temos exemplos (lá pelas tantas) de como os petistas da Internet conseguiram fazer suas notícias serem publicadas na grande mídia:


Você pode até alegar que o PT tem uma preferência por parte dos jornalistas, o que é inteiramente verdadeiro. Mas nem todos os jornalistas são petistas, portanto é plenamente possível que executemos o mesmo processo. A pergunta agora é: como?

Simples. Primeiramente, avalie se o conteúdo que você tem em mãos merece vir a se tornar notícia. As opções são múltiplas, podendo incluir:

·  O post de um blog mencionando um aspecto da realidade
· Um vídeo revelador, podendo ser uma denúncia, ou mesmo a gravação de um ato de vandalismo, ou de um professor doutrinando alunos
· O resultado de uma investigação particular, com dados

Mas qualquer coisa vale, desde que seja interessante e com potencial de interessar aos leitores.

Em seguida, contacte um jornalista, questionando-o por que ele não tratou do assunto ainda, mandando o link onde ele pode encontrar o conteúdo. O questionamento “por que você você não publicou nada sobre isso?” é útil quando o conteúdo é aparentemente óbvio. Mas outra abordagem pode incluir uma asserção dizendo “você precisa falar disso urgentemente”, novamente com um link para o conteúdo. Seus “alvos” devem estar nos grandes meios de comunicação, como Globo, UOL, Terra e outros. Não deve ser difícil encontrar e-mails de jornalistas, que também podem ser contatados via Twitter e Facebook. Envios organizados a partir de comunidades podem potencializar o resultado.

Muitas das notícias favoráveis ao PT tem surgido assim. Não é justo darmos a eles o monopólio de um recurso tão poderoso. Use e abuse da cobrança sobre jornalistas, além de fornecer-lhes dicas de conteúdo. Muitos deles o agradecerão. E lado político defendido por você também ficará grato.
Título, Imagem e Texto: Luciano Ayan, Ceticismo Político, 31-08-2014

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