Cesar Maia
1. Curiosamente, a divulgação
das pesquisas, sempre que compara a situação dos candidatos, aplica a margem de
erro e diz – por exemplo – que “há um empate técnico”. Mas quando há oscilações
de um mesmo candidato, a divulgação apressa-se em dizer que tal candidato/a
caiu ou subiu. Até que os Institutos de Pesquisa dão informações corretas ao
apresentar gráficos de intenção de voto por um período de várias pesquisas
desenhando as curvas.
2. Sempre que as pesquisas
ocorrem em intervalos curtos, digamos de até um mês, mais importante que
analisar o que houve com a última pesquisa é olhar a curva, ou melhor, a série.
Especialmente na reta final das eleições em que as pesquisas dos mais
destacados Institutos são semanais.
3. A série permite corrigir
naturais desvios da última pesquisa. Quando se entra nos cruzamentos (região,
renda, instrução, idade...) – onde a margem de erro é bem maior, por cortar uma
pesquisa de 2 mil entrevistas em, digamos, 400 por corte –, é fundamental
analisar a série. O ideal seria os Institutos disponibilizarem em seus sites – na
reta final da eleição – as séries por tipo de cruzamento.
4. E – obrigatoriamente – pelo
cruzamento mais importante na reta final das campanhas: o voto por região e por
estado. Sabe-se que a formação de opinião pública se dá por proximidade entre
as pessoas. Por mais importantes que sejam os programas na TV e a cobertura da
campanha pela mídia e pelas redes sociais, a informação difundida é captada
pelas pessoas que conversam a respeito com outras pessoas. E assim formam-se
fluxos de opinião.
5. As séries permitem perceber
esses fluxos no início e antecipar tendências. E permite separar opinião
pública em amadurecimento de opinião pública impactada por fatos. Esses
momentos de impacto podem ser pontos fora da curva e exigem prudência para ver se
sedimentam ou se volatilizam.
6. Nesse sentido – e
rigorosamente – a intenção de voto da presidente Dilma se encontra (na série de
dois meses) estabilizada em 35%, para se usar um número redondo. Não seria
difícil prever que o momento da morte do governador Eduardo Campos produziu um
forte impacto de opinião e um ponto fora da curva para Marina. Em que nível
esse ponto irá sedimentar, há que acompanhar a série até o início da última
semana da eleição.
7. Aécio trocou com Marina 7 pontos,
vindo para o patamar dos 15%. Com isso, sua campanha passou a apontar para a
recuperação do que perdeu. Uma oscilação que deve ser acompanhada em série. Se
Marina tem 30% e Aécio 17%, por exemplo, como diz o Datafolha, se ele recuperar
tudo que trocou com Marina, ou uns 5 pontos, ele iria para 22% e Marina cairia
para 25% ou, como diz a imprensa, um empate técnico, que poderia ser tirado nas
urnas pelas máquinas locais do PSDB na boca da urna.
8. Mas será assim? Sedimenta
ou volatiliza? A série terá que ser acompanhada nas próximas duas pesquisas dos
Institutos que a imprensa divulga. E – muito especialmente – a série dos
cruzamentos, com ênfase na intenção de voto por região e na série de pesquisas
estaduais que os mesmos Institutos divulgam.
Título e Texto: Cesar Maia, 22-9-2014
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