Alberto Gonçalves
De vez em quando, regressa a
ofensiva. Agora foi o físico britânico Stephen Hawking a proclamar, com vasta
repercussão, que Deus não existe. Mesmo para um ateu como eu, ou sobretudo para
um ateu, estas batalhas de certo ateísmo para aborrecer os crentes são um
nadinha tontas.
Pelos vistos, há por aí imensa
gente a quem não basta não acreditar numa entidade divina: dá-se a uma
trabalheira para converter os outros à sua falta de fé. Um ateu a sério não
perde um minuto a pensar na existência ou na inexistência de Deus.
Aparentemente, os ateus militantes perdem boa parte da vida a pensar nisso. O
fervor deles é religioso.
Deixando a discussão teológica
a cargo de especialistas de ambos os lados da trincheira, o facto é que a
formulação do senhor Hawking tende para o pueril. De que maneira é que o homem
chegou à conclusão acima? Há um teorema demonstrativo, passe a redundância? Viu
a Luz? Ou apenas se levantou de manhã (sem brincadeiras com a doença do senhor)
e decidiu assim?
E depois temos a arrogância
implícita da coisa: o senhor Hawking leva-se em tão alta conta a ponto de supor
que a sua afirmação influenciaria um único devoto que fosse?
Qualquer dia, no frenesim de
espalhar a palavra contra o Senhor, os evangélicos da descrença batem-me à
porta de casa. E eu não abro.
Título e Texto: Alberto Gonçalves, Diário de Notícias, 28-9-2014
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