José Manuel
Por mais que procure, não
consigo entender o porquê de tanta surpresa com a notícia de que a OAB/DF não está querendo reativar a
carteira de advogado do Joaquim Barbosa, por ter "ferido a
ética profissional" quando investido no cargo que
ocupou. As informações a respeito da trajetória do cidadão em questão estão na
internet aos borbotões para quem quiser ver e refletir sobre o assunto. É só
procurar.
Ora, se um órgão de classe,
mais ainda, uma Ordem que rege os destinos de milhões
de advogados neste país, e que para exercer a nobre profissão têm que passar
por provas na referida Ordem, toma uma atitude deste
tipo, é porque algo de muito sério aconteceu no meio do caminho para esse fato
inusitado nos anais jurídicos.
E obviamente aconteceu. Como
temos memória curta e só nos lembramos das bravatas dos Deuses "ungidos" de
poder temporário, gostaria de recordar o fortíssimo constrangimento a que
proeminentes advogados, colegas do referido Joaquim, foram submetidos, quando
de uma visita a seu gabinete, quando então Ministro do Supremo.
Entidades emitem nota
sobre audiência com Joaquim Barbosa
(09/04/2013 – 18:13)
A Associação dos
Magistrados Brasileiros (AMB), a Associação dos Juízes Federais do Brasil
(Ajufe) e a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho
(Anamatra), entidades de classe de âmbito nacional da magistratura,
considerando o ocorrido ontem (8) no gabinete do presidente do Supremo Tribunal
Federal (STF), vêm a público manifestar-se nos seguintes termos:
1. O presidente
do STF, ministro Joaquim Barbosa, agiu de forma desrespeitosa,
premeditadamente agressiva, grosseira e inadequada para o cargo que ocupa.
2. Ao permitir, de forma
inédita, que jornalistas acompanhassem a reunião com os dirigentes
associativos, demonstrou a intenção de dirigir-se aos jornalistas, e não aos
presidentes das associações, com quem pouco dialogou, pois os interrompia sempre
que se manifestavam.
3. Ao discutir com
dirigentes associativos, Sua Excelência mostrou sua enorme dificuldade em
conviver com quem pensa de modo diferente do seu, pois acredita que somente
suas ideias sejam as corretas.
4. O modo como tratou as
Associações de Classe da Magistratura não encontra precedente na
história do Supremo Tribunal Federal, instituição que merece o respeito
da Magistratura.
5. Esse respeito foi
manifestado pela forma educada e firme com que os dirigentes associativos
portaram-se durante a reunião, mas não receberam do
ministro reciprocidade.
6. A falta de
respeito institucional não se limitou às Associações de Classe, mas
também ao Congresso Nacional e à Advocacia, que foram
atacados injustificadamente.
7. Dizer que os
senadores e deputados teriam sido induzidos a erro por terem aprovado
a PEC 544, de 2002, que tramita há mais de dez anos na Câmara dos
Deputados ofende não só a inteligência dos parlamentares, mas também
a sua liberdade de decidir, segundo as regras democráticas da Constituição da
República.
8. É absolutamente
lamentável quando aquele que ocupa o mais alto cargo do Poder Judiciário
brasileiro manifeste-se com tal desprezo ao Poder Legislativo, aos Advogados e
às Associações de Classe da Magistratura, que representam cerca de 20.000
magistrados de todo o país.
9. Os ataques e as
palavras desrespeitosas dirigidas às Associações de Classe, especialmente
à Ajufe, não se coadunam com a democracia, pois ultrapassam a liberdade de
expressão do pensamento.
10. Como tudo na vida,
as pessoas passam e as instituições permanecem. A história do Supremo Tribunal
Federal contempla grandes presidentes e o futuro há-de corrigir os erros
presentes.
Brasília, 9 de abril de
2013.
Ao longo do período o
ex-presidente do STF, destratou também dois advogados, sendo um
ex-Ministro de Estado, ex-Ministro do próprio STF, Dr. Maurício Corrêa, já
falecido, e José Gerardo Grossi, durante o seu período como Ministro do
Supremo.
A OAB, em
cada uma das ocasiões, realizou atos de desagravo a esses profissionais atingidos
tão fortemente. Também certa vez, mandou que seguranças retirassem da corte o
advogado Luiz Fernando Pacheco, que defendia um mensaleiro, fato inédito na
história do judiciário.
E não foi só isso, o rol é
extenso, pois atitudes não menos cavalheirescas e falta de
postura como Ministro foram observadas ao longo de sua missão pública, como,
por exemplo, atitudes contra profissionais de imprensa em missão de
trabalho.
Aos que o profetizam
como Batman super herói, por ter enfrentado os réus do
mensalão com firmeza, quero lembrar que nada mais fez do que a liturgia
do cargo lhe exigia ao momento e, pelo excelente salário como funcionário público
de alto escalão, bem como a sua posição em hierarquia jurídica seria o mínimo
que se poderia esperar como profissional da área durante
o julgamento dos criminosos em questão.
Eu, simples ser mortal, teria
feito igual ou melhor caso fosse advogado ou mesmo Ministro, porque afinal era
a Nação que estava sendo ofendida, e não nos esqueçamos disto.
Porém, um fato interessante,
que os seus defensores parece que não se lembram mais, foi a sua
solicitação"joia" em 29-08-2013 do reajuste dos vencimentos seu e de seus pares, para a módica quantia de R$
30.658,00, fato inédito até então e que poderia chegar a R$ 40.000,00, exatamente
no mesmo dia em que o ministério do Planejamento anunciava o novo valor do
salário mínimo: R$ 722,90.
Nada contra, pois cada
um pede o que quiser na vida e estamos em uma democracia.
Porém, exatamente nessa
mesma época, nós do AERUS estávamos super estressados por tanta espera de
um julgamento que dependia da sua boa vontade e enquanto isso cada dia tínhamos
menos o nosso pão de cada dia à mesa, e mais óbitos em nossa contabilidade.
Mas isso, pelo visto,
não tinha a menor importância aos olhos do Ministro.
Destes fatos super
interessantes, ninguém se lembra, talvez por acharem que
Super-Heróis, devam ganhar rios de dinheiro, enquanto
a RALÉ que paga os seus salários deve se contentar
com míseras migalhas. Só que hoje temos acesso a todas as
informações que desejarmos e só não vê quem não quer.
Agora, com relação aos
participantes do AERUS, temos uma
história mais triste ainda e com nuances de tragédia familiar no seio das
famílias enlutadas nesse período, em que o cidadão Joaquim estava como
ministro.
Vamos recordar, para clarear
um pouco as mentes esquecidas, de que os dois processos, tanto a tutela
antecipada como a tarifária da Varig, estiveram
em suas mãos. A primeira para julgamento e a segunda para colocação em pauta
também para julgamento.
Conforme todos se
recordam, como os prazos não eram cumpridos, nos utilizamos dos
mais variados tipos de manifestações públicas, desde invasões,
passeatas, a uma que, no meu entender, foi a pior de todas, pois foi pela fome
e só pela fome e pressionado pela mídia é que ele deu o parecer à mesma tutela
em cinco dias após o início dessa greve de fome e pelo longo tempo em suas
mãos.
Hoje, temos como vitória essa
mesma tutela na sentença do desembargador Daniel Paes Ribeiro.
À época ele, Barbosa, deu, é claro, um rotundo não à nossa
mesa, ao nosso alimento, à nossa vida, por pura indiferença à tragédia que se
abatia sobre os participantes, pois sabia que havia uma pessoa
passando fome para que isso se tornasse realidade.
Ora, se nós temos hoje a
tutela com uma sentença irretocável, porque ele como Ministro, não a poderia
ter dado, até porque isso é "alimentos", e não se
negam nem alimentos nem água a ninguém, muito menos a pessoas idosas.
Continuando com a recordação,
foi feita uma segunda greve de fome e desta vez com três seres humanos que lhe
pediam para que a tarifária fosse colocada em pauta para julgamento.
Também não surtiu efeito e
quase um ano depois, e depois de inúmeras mortes ocorridas entre os nossos
participantes, esse mesmo ministro coloca, por fim em, pauta o referido
processo.
Ao receber o voto da relatora
nos dando a vitória, porque esse dinheiro da Varig se destina ao nosso
pagamento, ele, mais uma vez e por pura indiferença, pede vista ao
processo, ocasionando mais caos em nossa vidas e sem necessidade, por um longo
período.
Depois de longos meses de
espera e ao final do julgamento essa pessoa foi vencida por cinco votos e hoje
somos donos tanto da tutela como da tarifária, que esse senhor
quis nos tomar à força, mas não conseguiu, porque seres humanos não podem e não
devem ser tratados da forma como ele trata os colegas, muito menos idosos como
nós que apenas trabalharam a vida inteira e pagávamos o seu alto salário.
Em um dos dias em que eu
estava passando fome em protesto no aeroporto Santos Dumont contra a
sua desumanidade para com seres humanos idosos, tive o desprazer de
cruzar o meu olhar com a sua soberba.
Nunca mais vou me esquecer do
mal que apenas um homem pode fazer a tantos.
Título e Texto: José Manuel, ex- tripulante Varig,
7-10-2014
O público do Aerus continua a nos surpreender.
ResponderExcluirA sua falta de capacidade em se insurgir, a sua passividade em relação a seus algozes é algo a ser estudado no futuro.
Quanto mais apanha, quanto mais é relegado a saco de pancadas mais se regozija e venera esses algozes que o fazem sofrer.
O tema central deste texto , é um exemplo claro, pois o que mais se vê em redes sociais ou mesmo em e- mails repassados, é a adoração a quem os fez sofrer, e não conseguem vislumbrar a culpa deste homem em dezenas de mortes dos seus colegas, e as consequências funestas às suas famílias
A seu tempo, Freud talvez pudesse explicar esse fenômeno
Mas hoje, talvez não seja possível
Maria Irene
JONATHAS FILHO
ResponderExcluirTemos visto ao longo da vida, um grande número de personagens que se vestem de personalidades e de personalidades que se vestem de personagens. Uns se vestem durante um tempo, talvez até para a interpretação teatral vir de "dentro" numa forma mais verdadeira. Outros, vão se vestindo aos poucos ou seja, à medida que vão sendo investidos em cargos. O que era apenas interno, como um pensamento, começa à se exteriorizar e quando o indivíduo galga o mais alto status, ele que era apenas um pensamento; se mostra com todas as penas e garras afiadas, bico dilacerante e olhar inquisidor. Quem sabe, precisam do poder para poderem ser arrogantes e prepotentes. Quem sabe, precisam do poder para até desfazer do poder. O bom juiz é o que aplica o que determina a Lei mas, o melhor dos juízes reúne técnica, razão, conhecimento, sensibilidade e respeito cumprindo os ritos pertinentes. Jonathas Filho