Cesar Maia
1. O TSE contabiliza os votos válidos no primeiro turno por duas
razões. Primeiro porque a maioria absoluta ou não dos votos válidos conseguida
pelos candidatos a presidente e a governadores é que determina se haverá
segundo turno ou não. Segundo porque nas eleições para deputados – federais e
estaduais – é a divisão dos votos válidos pelo número de vagas que determina o
cociente eleitoral e quantos deputados serão eleitos pelos partidos e pelas
coligações.
2. Mas, no segundo turno, divulgar votos válidos é uma dupla
besteira. A primeira porque é inócuo, já que vence a eleição de presidente e
governadores quem tiver mais votos, independente da porcentagem de votos que
tenha. Mas a segunda razão é de extrema gravidade para orientação dos
eleitores, da campanha, dos analistas e da própria imprensa, pois confunde e
ilude.
3. É fácil de entender. Sempre que a proporção dos que marcaram
brancos, nulos, não sabem e não responderam é significativamente maior que a
diferença das intenções de voto entre os dois candidatos, a eleição está
completamente indefinida. Exemplo. No Ibope e Datafolha Aécio tem 45% e Dilma
43% dos votos totais. Uma diferença de 2 pontos.
4. Mas há 12% dos eleitores que não marcaram nenhum nome. Isso
representa 6 vezes a diferença entre eles. Mais ainda: essa diferença de 12
pontos cresceu 2 pontos desde as pesquisas da semana passada. Ou seja, uma
eleição completamente indefinida. Na intenção de voto espontânea há um empate
de 42% a 42%, ratificando a indefinição.
5. Sempre que a porcentagem daqueles que não marcaram nenhum
candidato se aproxima ou ultrapassa o dobro da diferença entre eles, a eleição
pode se considerar indefinida. Sendo assim, o fundamental no segundo turno é
esquecer os votos válidos e informar apenas os votos totais e os que não
escolheriam nenhum deles. Com isso, os eleitores, os analistas e a imprensa
poderão avaliar a taxa de indefinição da eleição.
6. Outro exemplo: Rio Grande do Sul, Datafolha. Sartori tem 52% e
Tarso Genro 35%. Marcaram brancos, nulos, não sabem, não responderam: 13%. A
diferença entre os dois, de 17%, é 30% maior que a porcentagem dos que não
marcaram nenhum dos dois. Essa é uma eleição definida mesmo faltando 11 dias,
desde a pesquisa, para a eleição.
7. A divulgação das pesquisas deveria ser sobre votos totais: X tem
XX%, Y tem YY%, Nenhum deles ZZ%. Diferença entre eles é RR% e é tantas vezes
maior ou menor que os que marcaram brancos, nulos, não sabem não responderam.
Assim, a informação permitiria uma análise adequada das probabilidades até a
eleição.
Título e Texto: Cesar Maia, 20-10-2014
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