sábado, 11 de outubro de 2014

Na Bolívia, coletivos não-eleitos ameaçam chicotear quem não votar em Evo Morales

Luciano Ayan
Você quer saber de forma didática para que serve o Decreto 8243 de Dilma Rousseff, criado em maio de 2014 e ainda não derrubado pelo Congresso? Antes veja a notícia No altiplano boliviano, eleitores irão às urnas sob ameaça do chicotaço:



Os habitantes das comunidades do altiplano boliviano votarão no domingo (12) sob ameaça de sanções físicas.

“O chicotaço será em nível nacional, não só no norte de Potosí. Votaremos em linha [num só partido] por sermos leais, e não traidores”, disse à agência Ansa o deputado Luis Gallego, do Movimento ao Socialismo (MAS), partido do presidente Evo Morales.

Gallego foi notificado pelo Ministério Público por tentativa de coação aos eleitores. Morales é o favorito para vencer a eleição, com 57% das intenções de voto.

Em sua defesa, o deputado disse que a decisão de impor castigos físicos não é sua, mas das “organizações sociais que agem de acordo com seus usos e costumes”.

A Confederação Sindical Única de Trabalhadores Camponesas da Bolívia reforçou que controlará o voto nas comunidades, mas de forma “orgânica” – evitando sanções físicas aos moradores.

“Os que vivem na área rural sabem que é proibido votar cruzado. Na democracia comunitária, temos de respeitar a decisão da maioria”, disse o líder da organização governista, Damián Condori.

Na Bolívia, o voto secreto pode ser dado de duas formas.

No “linear”, o eleitor escolhe numa parte da cédula presidente, senadores e deputados de um mesmo partido.

No “cruzado”, usa as duas partes da cédula e escolhe parlamentares de partidos diferentes do presidente.

“Em alguns locais, decide-se o voto em assembleia. Apesar de secreto, é possível saber o voto foi cruzado ou não”, disse à Folha o analista político Pablo Stefanoni.

O Tribunal Supremo Eleitoral disse que as tentativas de coação serão investigadas.

O uso de chicotes e castigos físicos está reconhecido pela Constituição de 2009 para sanção de casos menores (furtos e pequenos roubos).

A Carta regulamentou a justiça comunitária, colocando-a sob controle da Justiça.

Trata-se, porém, de um dos setores mais débeis do governo, com Morales tendo sido criticado por estabelecer a escolha de magistrados por voto direto e pela lentidão na resolução de casos.

Na periferia de grandes cidades, foram registrados linchamentos, nos quais teria sido usada a justiça comunitária.
Enfim, é para isso que servem os coletivos não-eleitos dos decretos soviéticos. Como estão aparelhados pelo governo e servem à agenda governamental (recebendo grana do estado para isso), possuem tempo para pressionar não apenas o Congresso, como também a população.

Como podemos ver nesta notícia, as leis são “ajustadas”, pois sempre que estamos diante de coletivos não-eleitos, a lei “é afrouxada”. Um governo bolivariano passa sempre a dizer que “esta é a vontade do povo”, usando o truque da sociedade civil denorex.

Mas é óbvio que as coisas sempre descambam para isso com coisas como o Decreto 8243: a partir do momento em que temos os coletivos não-eleitos (que como o nome diz não foram eleitos pelo povo) determinando regras e recebendo verba de governos sujos para isso, a coisa sempre vai descambar para o comportamento antissocial e terrorista.

Nada é mais bolivariano do que isso. Este tipo de coisa que está ocorrendo na Bolívia faz parte do “grande salto” que o PT quer para seu próximo mandato. E você, vai engolir isso?
Título, Imagem e Texto: Luciano Ayan, Ceticismo Político, 11-10-2014

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