Luciano Ayan
Em termos de cinismo,
dissimulação e fingimento torpe os petistas sempre trazem algo de novo e
surpreendente. Negativamente, é claro. Leia o texto A dolorosa epifania do barbeiro tucano, de Eduardo
Guimarães, para o Brasil 247. Talvez seja preciso tomar um Engov antes, pois
você verá a prática do discurso de ódio para obtenção de dividendos políticos:
Faz mais de 10 anos que todo mês tenho uma “briga” marcada com o
meu barbeiro, um cearense de trajetória admirável. Ele veio para São Paulo nos
anos 70 em busca de uma vida melhor. Comeu o pão que o diabo amassou, mas
pode-se dizer que venceu.
Em Sampa, Pedrinho conheceu uma pernambucana, que desposou. Com ela
teve um filho, que nasceu “especial”. Mas sua trajetória de vida fez dele um
conservador. Aprendeu a cortar cabelo quando serviu no Exército, e não foi só
isso que lá aprendeu.
A caserna fez do barbeiro cearense um reacionário. Tem preconceito
contra homossexuais e sempre teve um ódio visceral pelo PT. Inexplicavelmente,
por conta do Bolsa Família.
Algumas vezes pensei em trocar de barbeiro, mas, além de Pedrinho
ser um homem sério, trabalhador e de bom coração – apesar da ignorância –,
ninguém corta meu cabelo tão bem quanto ele.
O barbeiro e a família que formou integraram-se à classe média
paulista, sobretudo depois que ele começou a ganhar dinheiro – ironicamente, na
era Lula –, comprou o imóvel onde funciona a barbearia e se mudou para a Vila
dos Remédios, do outro lado do Tietê – morava em Guaianases, antes.
Não chega a ser um bairro nobre, mas a casa é dele.
Uma vez por mês, entro no estabelecimento, abraçamo-nos e logo me
acomodo em uma das três cadeiras eletrônicas de barbeiro das quais ele tanto se
orgulha, apesar de que jamais entendi por que um barbeiro que trabalha sozinho
precisa de três cadeiras.
Enfim, após as gentilezas protocolares, eu ou ele puxamos o assunto
política. Às vezes, finjo que desta vez não estou a fim de discutir, mas a
discussão acaba surgindo. E sempre acalorada. Terminou o corte, porém, volta a
cordialidade e nos despedimos com outro abraço.
Pedrinho previu que Marina se mostraria uma farsa e que logo
ruiria. E, antes de qualquer outro, já dizia que o candidato “certo” para
“derrotar o PT” seria Aécio, que iria para o segundo turno.
Detalhe: Pedrinho só se informa pela tevê e pelo rádio – Globo e
CBN. E pelos “doutores” engravatados da Bovespa que também cortam o cabelo ali
– a barbearia fica no centro velho. Não lê jornais ou revistas, e parece ter
medo da internet e de computadores em geral.
No sábado, fui cortar o cabelo. Alguma coisa me dizia que teria
muito a discutir com meu barbeiro, e que, desta vez, a conversa poderia ser
diferente.
Explico: Pedrinho é um nordestino orgulhoso, do que dá prova a
decoração com motivos nordestinos no salão. Nos dias que antecederam a ida até
lá, fiquei imaginando se ele ficara sabendo da onda de ataques a nordestinos na
internet…
Quando apareço na porta da barbearia, ele não me encara.
Cabisbaixo. E eu, em tom de ironia:
– Como é que anda o barbeiro mais cearense de São Paulo?
– Ah, vai falar da xingação, né?
– Se você quiser…
– Bando de filhas da puta. A gente construiu essa merda dessa
cidade.
– Como você ficou sabendo da onda de preconceito, Pedrinho? Está
usando computador, agora?
– Deus me livre. Foi a Jussara [a esposa]
– E sobre a “xingação”, o que você sentiu?
– Raiva, né? Que você acha?!
– Não sei, ora. Afinal, você sabe por que xingaram os nordestinos,
né?
– Sei…
– Então… Se você não gosta do PT, se tem tanta raiva do PT, fiquei
pensando se não iria apoiar os eleitores paulistas do Aécio que xingaram o povo
do Nordeste por votar em peso em Dilma.
– Porra, Eduardo! Minha mãe é cearense, meu pai é baiano, meus
irmãos são cearenses, minha avó é cearense, porra!
– O que você sentiu?
– Decepção
– Decepção? Não foi raiva?
– Também, mas mais decepção.
– Vamos ver se entendi: você não sabia que os paulistas da gema
veem assim o Nordeste?
– Achei que isso era coisa do passado. No meu bairro tem tanto
nordestino, aqui no centro tem tanto nordestino… São Paulo é só nordestino,
porra!!
– Sim, é verdade. Mas uma parte dos paulistas não se mistura… Ou
você não sabia disso?
– Sabia, mas não sabia que pensavam essas coisas…
– Ah, vai me dizer que não sabe quem é Mayara Petruso?
– Quem?
– Aquela filha de um dono de supermercado de Bragança Paulista,
estudante de direito, quem, em 2010, logo após a vitória de Dilma no segundo
turno, pediu que as pessoas fizessem “um favor” e matassem um nordestino
afogado.
– Não sabia. Teve isso, também?
– Teve…
– E o que aconteceu com ela?
– Foi processada, perdeu o emprego, ficou manchada.
– Cadeia não, né?
– Filha de bacana, Pedrinho. Mas, para ser honesto, sendo ré
primária…
– Ah, tá. Tendi…
Ficamos algum tempo em silêncio. Pelo espelho, olhava o semblante
do meu barbeiro. Juro que havia dor.
– Ficou chateado, né, Pedrinho?
Os olhos dele marejaram.
– Fica assim não, Pedrinho. Essa gente não merece. Eles são
ignorantes. Escravizaram as meninas da sua terra, trancaram-nas em quartinhos
de empregada sem janela, trabalhando 7 dias por semana. Essa gente odeia vosso
sotaque, vossa comida, vossa cultura. Mas não abre mão dos vossos serviços…
– Eu nunca pensei… Falei com a Ju, Eduardo. Estamos pensando em voltar
pra terrinha. Juntei dinheiro, aqui. Acho que quero viver onde não sou
desprezado. Ela também.
– Não faça isso, meu amigo. Fique e lute. Mas para de votar nesses
coxinhas tucanos. Eles representam essa gente.
– Nem sei…
Pedrinho é duro na queda, mas foi ali que a mulher dele, que até
então permanecera silente, manifestou-se:
– Ele vai votar na Dilma nem que seja a tapa, Eduardo. Ele e todo
mundo lá da Vila. Estou ligando pra todo mundo e tem mais gente fazendo a mesma
coisa. Depois a gente vai embora desta merda. Com todo respeito, Edu…
– Imagine, Jussara. Fica tranquila. Entendo perfeitamente. E acho
que, de certa forma, você tem razão.
Enojado? Revoltado? Se
você é uma pessoa minimamente ética, com certeza sim.
E lembre-se de que o Brasil247
é financiado com verbas estatais, como podemos rever neste vídeo com a
confissão de Rui Falcão:
Título, Imagem e Texto: Luciano Ayan, Ceticismo Político, 13-10-2014
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Escrevemos noutras oportunidades , neste blog , a respeito da técnica utilizada por Antônio Gramsci ( idealizador comunista cuja ideia era alcançar o êxito pelo método da não-violência) . Esta parece ser a essência da coisa : dividir para enfraquecer ; jogar pessoas de um grupo contra outras , promovendo animosidade , desconfiança , ódio até ; fomentar a luta do "proletariado" , mostrando que o capitalismo conduz ao infortúnio e aumenta a fome no mundo . O ideal , pois , é que todos tenham terra e o que comer (Esforçar-se para obter tudo isto é outra estória ...)
ResponderExcluirEssa é uma senda perigosa e não deu certo nas nações que adotaram tal conduta . Cuba que o diga .
Ao que parece, esta é uma filosofia cuja arte é dividir igualitariamente os bens .... dos outros .
São três , os elementos capazes de derrubar as ideias comunistas ( aqui, travestidas de socialismo) :
Democracia - Esta liberdade proporciona alcançar a educação.
Educação - Esta poderosa arma permite chegar às oportunidades , mediante a qualificação conseguida pelo esforço .
Oportunidades - O indivíduo livre para escolher , e qualificado pela educação que conquistou , segue o desenvolvimento ( para sí, os seus e a Pátria )..
Na próxima troca de governo, talvez não haja opções milagrosas , mas deve-se fazer de tudo para descartar o que aí está ( "A situação") e confiar no poder do Grande Arquiteto para um Brasil melhor gerenciado e mais bem visto por todos .
E deus sempre ganha do diabo .
Sidnei Oliveira
Assistido Aerus
Filiado à Aprus