quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Vítima em delação premiada

José Manuel
Como empreendedor e microempresário tenho o prazer de postar a publicação abaixo, publicada em 14 de outubro de 2014 por professores universitários de Economia.

Sou mais uma vítima empresarial deste péssimo governo, em especial pelo que aqui está escrito sublinhado em negrito, o qual venho denunciando há algum tempo nesta revista virtual.

Também são vítimas milhares de funcionários e suas famílias pelo colapso fomentado da maior empresa aérea brasileira, a VARIG, como o próprio Supremo Tribunal Federal acolheu a denúncia de como os empreendimentos na citada empresa aérea podem ser facilmente corroídos por mudanças inesperadas na regra do jogo.

Tenho o maior prazer em fazer a delação pública deste artigo que para mim é um prêmio à minha competência, mas abortada por um governo medíocre, sem rumo e sem futuro.
Título e Texto: José Manuel, ex-tripulante Varig, 16-10-2014

MANIFESTO DE PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS DE ECONOMIA
Este texto é um manifesto de um grupo de 164 professores universitários de Economia, ligados a diversas instituições no Brasil e no exterior. O nosso objetivo é desconstruir um dos inúmeros argumentos falaciosos ventilados na campanha eleitoral.

1) Não há, no momento, uma crise internacional generalizada.
· Alguns de nossos pares na América Latina, uma região bastante sensível a turbulências na economia mundial, estão em franca expansão econômica.
· Projeta-se, por exemplo, que a Colômbia cresça 4,8% em 2014, com inflação de 2,8%. Já economia peruana deve crescer 3,6%, com inflação de 3,2%. O México deve crescer 2,4%, com inflação de 3,9%.1
·  No Brasil, teremos crescimento próximo de zero com a inflação próxima de 6,5%.1
· Entre as 38 economias com estatísticas de crescimento do PIB disponíveis no sítio da OCDE, apenas Brasil, Argentina, Islândia e Itália encontram-se em recessão.2
· omo todos os países fazem parte da mesma economia global, não pode haver crise internacional generalizada apenas para alguns.
· É emblemático que, dentre os países da América do Sul, apenas Argentina e Venezuela devem crescer menos que o Brasil em 2014.1
2) Neste cenário de baixo crescimento e inflação alta, a semente do desemprego está plantada. E os avanços sociais obtidos com muito sacrifício ao longo das últimas décadas estão em risco.

3) O atual governo tenta se eximir de qualquer responsabilidade pelo nosso desempenho econômico pífio e culpa a crise internacional. Entretanto, como a realidade dos fatos mostra que não há crise internacional generalizada, a explicação só pode ser outra.

4) Em grande parte, atribuímos o desempenho medíocre da economia brasileira e a perspectiva de retrocesso nas conquistas sociais às políticas econômicas equivocadas do atual governo.

5) O atual governo ressuscitou os fantasmas da inflação e da instabilidade macroeconômica.
· Uma política monetária inadequada gerou a suspeita de intervenções de cunho político no Banco Central, que foi fatal para sua credibilidade.
·  A utilização recorrente de truques contábeis destruiu a confiança na política fiscal.
· Esta combinação de políticas monetária e fiscal opacas e inadequadas gerou um cenário macroeconômico extremamente adverso, com inflação alta e crescimento baixo.

6) O governo Dilma amedrontou os investimentos.
·  Houve mudanças constantes e inesperadas de regras, como alterações arbitrárias de alíquotas de impostos.
· Diante desta instabilidade das regras do jogo, a desconfiança aumentou e o horizonte dos empresários encurtou.
· O acesso privilegiado aos órgãos governamentais passou a ser uma atividade mais lucrativa que o planejamento e investimento de longo prazo.

7) A mudança das regras do jogo não afetou apenas a iniciativa privada.
· O excesso de intervencionismo nas empresas estatais, como o represamento artificial dos preços de energia e gasolina, minou a capacidade de investimento dessas empresas.
· Por conta de empreendimentos questionáveis do ponto de vista econômico, a capacidade de investimento da Petrobrás foi comprometida.

8) O atual governo expandiu a oferta de crédito subsidiado de forma discricionária e irresponsável.
·  A distribuição arbitrária de crédito subsidiado produz distorções na alocação de recursos do país e contribui para o baixo crescimento econômico.
· Os subsídios envolvidos geram altos custos fiscais que o atual governo tenta esconder com malabarismos e truques contábeis. Estes expedientes destruíram a confiança nas estatísticas fiscais do país.
· Os recursos gastos na forma de subsídios injustificados poderiam ser utilizados para ampliar programas sociais e investimentos públicos em educação, saúde e infra-estrutura.
·  O Brasil precisa continuar avançando na direção de uma sociedade mais justa e igualitária, com melhor distribuição de renda.
· Além de deletéria para o desenvolvimento do país, a política de distribuição arbitrária de crédito subsidiado para grandes grupos econômicos é concentradora de renda.

No ambiente econômico do Brasil de hoje, os frutos de um novo empreendimento podem ser facilmente corroídos por mudanças inesperadas nas regras do jogo, pela alta inflação e pelo baixo crescimento econômico. Portanto, não é surpreendente que o investimento tenha colapsado. Sem investimento, o Brasil jamais retomará o seu caminho para o desenvolvimento. E sem desenvolvimento, os avanços sociais obtidos com muito sacrifício ao longo das últimas décadas sofrerão retrocessos.

O Brasil tem sérios desafios pela frente e para enfrentá-los precisamos de um debate transparente e intelectualmente honesto. Ao usar de sua propaganda eleitoral e exposição na mídia para colocar a culpa pelo fraco desempenho econômico recente na conjuntura internacional, se eximindo da sua responsabilidade por escolhas equivocadas de políticas econômicas, o atual governo recorre a argumentos falaciosos.

14 de outubro de 2014

Fontes:
1 Dados retirados do World Economic Outlook, FMI, Outubro de 2014.
2 Dados retirados do sítio da OCDE (http://stats.oecd.org/). Recessão definida como variação negativa do PIB real dessazonalizado nos últimos 2 trimestres com dados disponíveis.

Assinam (em ordem alfabética) os professores abaixo:

Nome
Titulação, Instituição
Afiliação atual
(1)
Ademar Romeiro
PhD, EHESS
Unicamp
(2)
Adriana Bruscato Bortoluzzo
Doutor, IME/USP
Insper
(3)
Afonso Henriques Borges Ferreira
PhD, New School
Ibmec MG
(4)
Alan André Borges da Costa
Mestre, UFMG
UFOP
(5)
Alan Moreira
PhD, Chicago
Yale University
(6)
Alberto Salvo
PhD, LSE
National University of Singapore
(7)
Alesandra de Araújo Benevides
Mestre, CAEN/UFC
UFC
(8)
Ana Beatriz Galvão
PhD, Warwick
University of Warwick
(9)
Anderson Mutter Teixeira
Doutor, UnB
FACE/UFG
(10)
André Carraro
Doutor, PPGE/UFRGS
PPGOM/UFPel
(11)
André da Cunha Bastos
Mestre, USP
UFG
(12)
André Portela Souza
PhD, Cornell
EESP/FGV
(13)
Antonio F. Galvao
PhD, Illinois
University of Iowa
(14)
Antônio Márcio Buainain
Doutor, Unicamp
Unicamp
(15)
Ari Francisco de Araujo Junior
Mestre, UFMG
Ibmec MG
(16)
Arilda Teixeira
Doutor, UFRJ
Fucape
(17)
Arilton Teixeira
PhD, Minnesota
Fucape
(18)
Armando Gomes
PhD, Harvard
Washington University in St Louis
(19)
Aureo de Paula
PhD, Princeton
University College London e EESP/FGV
(20)
Bernardo de Vasconcellos Guimarães
PhD, Yale
EESP/FGV
(21)
Bernardo Soares Blum

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