Ivan Ditscheiner
Tu me pões a escrever e eu
escrevo.
Só que hoje te falarei de mim
com tua aquiescência para dizer-te dos infortúnios que Tu provocas em mim. Por
favor! Deixe que eu escreva, e não comeces já em tua insegurança a pensar o que
os outros dirão do texto. O texto é meu!
O diálogo hoje é nosso, é
particular (se quiser publique para que colegas meus tomem conhecimento).
Este sistema central que
possuo chamado cérebro é que traz a todas as minhas partes, os Teus desejos,
propósitos e aspirações, como Tu bem o sabes.
Tu és meu Senhor, sou teu
servo.
Por que me maltratas tanto? Tu
que és infinitamente superior a mim porque me desprezas? Por que procuras
tantas panacéias, se Tu és meu remédio? Meu médico? Meu guru?
Por que me fazes andar
ridiculamente enfeitado para atender Tua vaidade? Olhe com que dificuldade
escrevo e esta mão treme. Não podes vislumbrar que és Tu e não eu que tremo?
Até quando deverei esperar pacientemente a felicidade que tantos e tantos
outros colegas anteriores esperaram, e voltaram à terra deformados e tristes?
No momento Te sinto querendo
colocar minhas palavras a teu modo.
Rogo-te outra vez, deixe que
eu escreva. Viu como parou de tremer a mão que usas?
Não, não me faças chorar senão
não consigo escrever.
Faz-me andar, e eu te obedeço.
Levas-me a lugares escusos e te obedeço.
Em Tua insanidade quebraste-me
os ossos das pernas e de um braço.
Não querias sentir dor, mas
que culpa tenho eu?
Tenho que dar um tempo... Lá
vem Ele querendo falar Dele e não de mim!
É a tal mente que é Dele e que
me perturba muito.
Agora começou com
espiritualismo, esquecendo-se sempre que também é um Espírito. Já começa a
querer voar mais alto (acho que é coisa de aviador apressado), e quem leva as
trombadas sou eu!
Estou envelhecendo. Meu tempo
é curto o Dele não. Deixe-me aproveitar bem este raro momento.
Quantas funções tenho! Por que
não as usa melhor? Tenho aqui um aparelho genital. Não tem ele uma função
específica? Coitado, fizeram dele o caminho do pecado. Então uma de minhas
partes é pecaminosa? Quando meu Senhor não crê nisso transforma-me em
instrumento de luxúria. Sofro imensamente nos dois casos.
Por que será que Ele não me ama
com o mesmo amor que o sirvo? Assim fazendo não seria o básico ou o início do
amar?
Como gostaria que fossem os
olhos mais brilhantes e compreensivos. Que pena. Ele ainda não descobriu que os
olhos tristes que tenho são os olhos Dele.
Ele ainda se mira nos outros
corpos e as vezes se envergonha de mim.
Aí quem chora sou eu...
Será que Ele não sente que é
parte do Universo? Que eu sou uma cópia física de uma galáxia, e que em mim
habitam milhares e milhares de vidas?
Que estas vidas - como eu
próprio - somos regidos por Ele, este Sol que rege a nós?
Quando vai Ele sentir que é
uma extensão, fagulha ou essência do GRANDE SOL?
Oh! como gostaria que meu
Senhor se unisse ao GRANDE SENHOR, sabe por quê?
Porque sabedor de que meu
tempo é pequeno, me levaria a estar mais em contato com minhas origens. Me
colocaria em contato com as árvores, com os rios, com os lagos, com os
pássaros, com as flores. Como é bom este perfume!
Estou feliz e Ele também pois
está em contato com Suas origens. E quando nos separarmos e eu estiver sendo
velado para me colocarem de volta à minha terra, possa sentir a presença de meu
Senhor ao meu lado comovido e agradecido para os fins que lhe servi.
Título, Imagem e Texto: Ivan Ditscheiner, 01-11-2014
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