José Carlos Bolognese
Pelo que representam, Natal e Aerus são duas palavras que se estranham uma à outra na mesma
frase. No entanto, essas duas palavras nunca estiveram tão juntas nestes oito,
quase nove, últimos Natais. E o desconforto de uma e outra nessa época se deve
à esperança sempre frustrada de que fosse pela última vez, e elas voltassem a
significar pelo menos… paz e alegria.
Lamber as feridas e continuar
a viver é o mínimo que se espera neste Natal de 2014. Mas, a doce paz e a
ingênua alegria são sentimentos que estarão para sempre tisnados pela lembrança
do sofrimento imposto aos que só pecaram pela ousadia de trabalhar e se
precaver contra as incertezas da velhice.
Se há uma esperança mais firme
este ano, com decisões judiciais aparentemente mais determinadas, a sua demora
em se concretizar só demonstra o caráter vil de pessoas que têm uma enorme
dificuldade em se ajustar às leis, e como estão com o poder nas mãos, de tudo
fazem para que então as leis, se ajustem aos seus propósitos vis.
Os trabalhadores e aposentados da Varig sempre estiveram no lugar
certo e na hora certa em sua lida por uma vida decente – e próspera, porque
não? – que é sim, a razão primordial para que alguém se qualifique e busque uma
ocupação produtiva na vida.
O que vai nas três linhas
acima nada mais é do que a maneira como atuam as sociedades mais avançadas,
valorizando o mérito pessoal e coletivo e castigando a vagabundagem, bem ao
contrário do que se faz no Brasil nos dias atuais.
Não é a triste situação em que
se encontram atualmente os trabalhadores da Varig a demonstrar que fizeram
escolhas equivocadas, pelo simples fato de que quem trabalha de verdade, segue
normas e procedimentos já testados, não tem tempo nem disposição para minar as
bases do seu próprio sustento. O que revela esta situação é o país mental
atrasado onde habitam o governo e boa parte das autoridades deste país, bem
longe do Brasil de gente honesta e trabalhadora.
Se, ao estarem certos ao tempo
e à hora não bastou aos trabalhadores da Varig, há que se buscar o motivo, ou a
culpa, em outros lugares e outras pessoas. Mas, num país onde verdade e justiça
também se estranham na mesma frase, a justiça para os trabalhadores da Varig
parece cada vez mais distante.
Se o que mais se pode fazer
está além de nossas forças, resta esperar que o tal documento à espera de ser
assinado, o seja mais breve possível.
O potencial de uma caneta
oficial pode ser tudo, menos a neutralidade. Para o bem ou para o mal seu
impacto pode ser muito grande na vida das pessoas sob sua influência.
Quando, em face a uma decisão
justa para milhares de pessoas a procrastinação da caneta que decide a
transforma numa arma de extermínio. E é aí que governo e bem-estar do povo
também se tornam conceitos que não se escrevem na mesma linha.
De todo modo, Feliz Natal!
Título e Texto: José Carlos Bolognese, 13-12-2014
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Parabéns pelo sempre correto comentário e alerta a todos
ResponderExcluirJosé Manuel
VAI TER GREVE GERAL?
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