quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

O dia da esbórnia

José Manuel

Hoje (ontem), 17-12-2014, com pompa e circunstância criei o dia da esbórnia.
Na pequena empresa onde trabalho, estamos sem internet e sem telefone, já há três dias.

O atendente robotizado da Oi, a nossa operadora, diz que se chama Eduardo e me diz incessantemente a mesma coisa, como se eu fosse um idiota, a cada telefonema que faço para tentar saber humildemente quando é que vamos voltar a ficar conectados com o mundo.

Por causa disso e, como o nosso sistema é informatizado, não podemos vender utilizando as máquinas de cartões, o sistema em rede não funciona adequadamente por força da perda da internet, e os fregueses simplesmente sumiram a oito dias do Natal.

Dizem que grande parte foi vista em Miami gastando os últimos dólares baratos da temporada.

Nesse meio tempo de um marasmo ensandecido resolvi dar uma volta na redondeza e ao passar em uma banca de jornais li sem querer a notícia de que a Câmara autorizou o aumento da Presidente, do seu vice e dos Ministros, para o valor de R$ 30,9 mil.

Então imerso em uma atmosfera lodosa até ao nariz, pelos fatos correntes em que o país se encontra, com o comércio totalmente estagnado às vésperas de uma data consagrada como a melhor das datas, uma empresa de telefonia, que não dá o menor suporte e quer que você se lixe, mais notícia de que vou ter que passar a pagar, muito mais do que eu já pago para o deleite de uma cúpula de governo que está levando o país à ruína, tive uma sacada genial, comprei uma garrafa de champagne, e anunciei aos possíveis clientes que o dia da esbórnia estava inaugurado e que cada um teria direito a uma taça e respectiva comemoração.

O escrito acima não é ficção, nem tampouco sarcasmo exarcebado, barato.

É a pura realidade de um cidadão, cujo cotidiano é viver dentro de um ringue lutando contra as sandices de um governo perdido numa tempestade, e o provável enfrentamento judicial contra uma prestadora de serviços, pelo prejuízo conferido à empresa.

Como se não bastassem os meus problemas pessoais, pois ao acreditar em uma aposentadoria tranquila, comprei um passaporte para a bancarrota, onde esse mesmo governo dizia para que eu fizesse um plano de fundo de pensão.

Foi-se o fundo e a pensão, e o pessoal do governo continua aumentando os seus salários, que provavelmente jamais irão para uma aposentadoria privada.

Então, quando escrevi que tive uma sacada genial, não é porque eu seja um gênio, mas é que foi a maneira que encontrei para enfrentar o imponderável, o execrável, com a fleugma dos britânicos, antes que venha ser internado em uma clinica psiquiátrica, o que pode estar perto de acontecer sob o alto patrocínio da República.

O dia da esbórnia não é uma data fixa, ao contrário é bastante móvel e será acionado via vitrine e redes sociais, convidando os clientes e amigos a brindarem conosco, todas as vezes que uma conjuntura excepcional como a descrita acima ocorrer, citando-se fartamente os causadores de tal aborrecimento coletivo.

Esperando que isso não venha a ocorrer com nenhum de vocês, pelo sim, pelo não já tenho várias garrafas no refrigerador.
Tim-Tim!
José Manuel, inventor do dia, não da esbórnia. 
17-12-2014

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