José Manuel
Hoje (ontem), 17-12-2014, com
pompa e circunstância criei o dia da esbórnia.
Na pequena empresa onde
trabalho, estamos sem internet e sem telefone, já há três dias.
O atendente robotizado da Oi,
a nossa operadora, diz que se chama Eduardo e me diz incessantemente a mesma
coisa, como se eu fosse um idiota, a cada telefonema que faço para tentar saber
humildemente quando é que vamos voltar a ficar conectados com o mundo.
Por causa disso e, como o
nosso sistema é informatizado, não podemos vender utilizando as máquinas de
cartões, o sistema em rede não funciona adequadamente por força da perda da
internet, e os fregueses simplesmente sumiram a oito dias do Natal.
Dizem que grande parte foi
vista em Miami gastando os últimos dólares baratos da temporada.
Nesse meio tempo de um marasmo
ensandecido resolvi dar uma volta na redondeza e ao passar em uma banca de
jornais li sem querer a notícia de que a Câmara autorizou o aumento da
Presidente, do seu vice e dos Ministros, para o valor de R$ 30,9 mil.
Então imerso em uma atmosfera
lodosa até ao nariz, pelos fatos correntes em que o país se encontra, com o
comércio totalmente estagnado às vésperas de uma data consagrada como a melhor
das datas, uma empresa de telefonia, que não dá o menor suporte e quer que você
se lixe, mais notícia de que vou ter que passar a pagar, muito mais do que eu
já pago para o deleite de uma cúpula de governo que está levando o país à
ruína, tive uma sacada genial, comprei uma garrafa de champagne, e anunciei aos
possíveis clientes que o dia da esbórnia estava inaugurado e que cada um teria
direito a uma taça e respectiva comemoração.
O escrito acima não é ficção,
nem tampouco sarcasmo exarcebado, barato.
É a pura realidade de um
cidadão, cujo cotidiano é viver dentro de um ringue lutando contra as sandices
de um governo perdido numa tempestade, e o provável enfrentamento judicial
contra uma prestadora de serviços, pelo prejuízo conferido à empresa.
Como se não bastassem os meus
problemas pessoais, pois ao acreditar em uma aposentadoria tranquila, comprei
um passaporte para a bancarrota, onde esse mesmo governo dizia para que eu
fizesse um plano de fundo de pensão.
Foi-se o fundo e a pensão, e o
pessoal do governo continua aumentando os seus salários, que provavelmente
jamais irão para uma aposentadoria privada.
Então, quando escrevi que tive
uma sacada genial, não é porque eu seja um gênio, mas é que foi a maneira que
encontrei para enfrentar o imponderável, o execrável, com a fleugma dos
britânicos, antes que venha ser internado em uma clinica psiquiátrica, o que
pode estar perto de acontecer sob o alto patrocínio da República.
O dia da esbórnia não é uma
data fixa, ao contrário é bastante móvel e será acionado via vitrine e redes
sociais, convidando os clientes e amigos a brindarem conosco, todas as vezes
que uma conjuntura excepcional como a descrita acima ocorrer, citando-se
fartamente os causadores de tal aborrecimento coletivo.
Esperando que isso não venha a
ocorrer com nenhum de vocês, pelo sim, pelo não já tenho várias garrafas no
refrigerador.
Tim-Tim!
José Manuel, inventor do dia, não da esbórnia.
17-12-2014
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