sábado, 31 de janeiro de 2015

A implosão do círculo

José Mendonça da Cruz
Não há semana em que Pacheco Pereira não se indigne com a «novilíngua», com a «língua de pau» de que acusa o governo. Esta semana, porém, acusou o primeiro-ministro do contrário, de ser indelicado e não diplomático ao chamar ao programa do novo governo grego «um conto de crianças». Pacheco preferia a mesura, o comentário branco, o respeitinho – a língua de pau, em suma.

Crianças, aliás, pareceram logo a seguir o mesmo Pacheco Pereira e Jorge Coelho que, embora manifestamente ignorantes do assunto, tentaram insistentemente que não fosse ouvida a informação, inteiramente verdadeira mas incómoda, de António Lobo Xavier: de que os custos da unificação da Alemanha foram inteiramente pagos pela Alemanha, sem um cêntimo «solidário» de qualquer país da Europa.

Como as crianças, Pacheco, e Tsipras e Jorge Coelho, tapam os ouvidos e gritam muito para não ouvirem as verdades de que não gostam. Mas é claro que o primeiro-ministro foi claro e falou bem. Foi até suave. Podia ter chamado ao programa de governo grego «suicida, ou «tonto», como é; ou «irresponsável», como lhe chamou Jaime Gama. 
Título e Texto: José Mendonça da Cruz, “Corta-fitas”, 31-1-2015

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