Luciano Henrique
A BLOSTA serve para muitas
coisas, inclusive para gerar conteúdo de campanha governista, testar esse
conteúdo (a partir de reação a posts, por exemplo) e daí incorporar esse
conteúdo à campanha oficial. Os “shares” para as matérias da BLOSTA fazem parte
do serviço. Tudo bancado com dinheiro estatal superfaturado (pois como Fernando
Rodrigues demonstrou, o governo paga 10 vezes mais por uma visualização nos
sites governistas do que nos demais sites).
Há outra utilidade para a
BLOSTA: discutir estratégias entre os militantes e obter feedback. Como efeito
colateral, com isso descobrimos de forma antecipada os planos governistas. (Ou
vocês acham que eu leio o conteúdo da BLOSTA por masoquismo?)
Veja um trecho do texto O plano do governo Dilma para regular a mídia, publicado no
Blog da Cidadania, que confessa muita coisa:
[…] o governo tem um plano. Ou
diz que tem. Basicamente, seria envolver a sociedade civil com a proposta
de regulação ECONÔMICA da mídia. […]
O que se planeja é uma
regulação econômica da mídia, ou seja, tratar a comunicação como qualquer outro
setor da economia, impedindo a formação de oligopólios (controle de poucos
sobre um segmento de mercado). Nesse aspecto, poderia se estender ao Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (CADE) a tarefa de impedir oligopólios no
setor de comunicação assim como o órgão faz em qualquer outro setor da economia.
Mas como, se metade dos
parlamentares do Congresso Nacional detém propriedade de meios de comunicação
eletrônicos, sobretudo rádios e tevês? Como conseguir maioria entre políticos
que dependem de controlar meios de comunicação em seus Estados para se manterem
politicamente fortes?
O plano do governo é simples:
discutir a regulação econômica da mídia com a sociedade em fóruns oficiais
criados para esse fim.
Todavia, já houve, no fim do
governo Lula, uma Conferência Nacional de Comunicação, a Confecom, da qual este
blogueiro participou como delegado por São Paulo. Porém, após dias discutindo a
regulação da mídia, aquilo tudo deu em nada. Dilma assumiu em 2011 acreditando
que poderia se compor com a mídia e deixou os trabalhos da Confecom
engavetados.
O detalhe é que a petista
Renata Mielli já havia confessado há mais de um mês que falar em
“regulação econômica” não passava de um engodo para esconder as reais intenções
do governo. E eu já havia demonstrado há uns 2-3 meses que regulação econômica sempre é regulação de conteúdo.
Enfim, já sabemos como
funciona o embuste, mas ainda temos a estratégia, que, conforme confessa
Guimarães (que é muito próximo à turma de censores do PT), é muito simples.
Ei-la: para disfarçar, eles
chamarão seus coletivos não-eleitos, ou seja, a turminha de sempre: OAB, UNE,
MST, CUT e outros na linha. Eles, como sói ocorre nesses casos, se
auto-definirão como “a sociedade”, e, portanto, virão com uma proposta dizendo
que “é um pedido espontâneo” da sociedade.
Sim, eu sei que o cinismo de
Guimarães e do governo é imundo até dizer chega para fazer uma armação deste
nível à luz do dia. Resta saber se com essa confissão tão explícita alguém
ainda vai cair no truque.
Título e Texto: Luciano Henrique, Ceticismo Político, 6-1-2015
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