sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

O malogrado Dia do Aposentado

24 de janeiro de 2014, Rio de Janeiro, foto: Dayse Mattos

Almir Papalardo

Como ironia a espicaçar a indignação de ser perseguido pelo governo federal, o aposentado brasileiro, pertencente ao setor privado-RGPS-INSS, é obrigado a considerar o dia 24 de janeiro como o seu verdadeiro dia de comemoração cívica. - Quanta demagogia! Quanto sarcasmo -...

Qualquer um destes milhões de aposentados da iniciativa privada trocaria de bom grado o seu dia festivo, há dezessete anos sem ter nada a comemorar, pelo respeito e afabilidade que os nossos poderes públicos lhe pudesse proporcionar, respeitando-o e o reconhecendo como um patrimônio nacional. Sua aposentadoria deveria ser, por motivos óbvios, IMEXÍVEL, livre de achatamentos arbitrários e desconexos! Afinal para que serve o teto máximo de pagamento do INSS, se nenhum aposentado consegue se manter nele, um verdadeiro e matreiro "pau de sebo"? Subir, não! Manter-se na mesma altura, também não. Descer, SIM, até que todas as aposentadorias se nivelem a 01 (um) salário mínimo!

O aposentado já cumpriu com méritos toda a sua missão no mercado trabalhista. Mas, dá-se justamente o contrário. Em vez de ter sua aposentadoria protegida e fortalecida na fase final da vida, passa a ser um cidadão desprezado, obrigado a engolir uma perniciosa discriminação por não atender mais aos interesses do governo, que tem a obrigação de sustentá-lo sem receber mais aquelas cobiçadas contribuições mensais, descontadas diretamente na fonte, todos os meses, por longos 35 anos.

Seu calvário se inicia logo ao se aposentar. Recebe como amargo prêmio no processo de cálculos da aposentadoria o redutor e lesivo Fator Previdenciário, que se fosse aplicado somente com o intuito de desestimular a sua intenção de se aposentar mais cedo, até poderia ser melhor compreendido e bem aceito. Mas, sabemos, não é bem assim, há intenções sórdidas por traz disto!

Sua malfadada aposentadoria jamais ficará nivelada ao número de salários mínimos obtidos por ocasião dos cálculos pertinentes, jamais manterá o mesmo valor inicial atualizado, devido a este indecente e despropositado critério de ter seus proventos corrigidos com percentuais menores à correção do salário mínimo, o que não acontece com os outros dois terços de aposentados, demonstrando acintosa e preconceituosamente a existência de tratamentos desiguais entre aposentados cadastrados no mesmo RGPS.

E não fica resumido só nisto a má vontade política que somos obrigados a aceitar! Abala-nos psicologicamente as mais sórdidas manobras efetuadas para nos afastar da possibilidade de conseguirmos reconquistar algum direito surrupiado. Mantém-nos, de mãos atadas, desestruturando seriamente a nossa autoestima, constrangendo-nos e oprimindo-nos, não permitindo que nossos projetos de alforria possam sequer chegar as pautas de votação.

E ainda querem tapar o sol com a peneira jogando areia nos nossos olhos, empurrando-nos como falsa lealdade, o “Dia do Aposentado” como se ele fosse capaz de nos acalmar, silenciando-nos! Exigimos sim, ações mais concretas de reconhecimento e justiça, como a manutenção do nosso poder aquisitivo, e não datas festivas, ilusórias, abstratas, que em nada condizem com a verdade verdadeira...

Queremos sim, o fim do Fator Previdenciário e o fim desta maluquice perniciosa de corrigir as aposentadorias do setor privado com dois percentuais diferenciados, por ocasião das atualizações anuais! Quem, entre nossos Três Poderes,será o primeiro a se pronunciar, desligando-se desta maldita e desqualificada perseguição ao aposentado do INSS?...
Título e Texto: Almir Papalardo, 23-1-2015

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4 comentários:

  1. José Macedo Oliveira24 de janeiro de 2015 às 01:04

    Sr. Almir,
    O texto escrito pelo senhor é irretocável, mas permita-me fazer algumas considerações.
    Houve um tempo no Brasil que as aposentadorias oficiais eram de 20 (vinte) salários mínimos.
    Conseguiram reduzir para dez e não satisfeitos queriam reduzir para cinco ou seja sempre querendo nivelar por baixo.

    Pior do que isso é a questao do fator previdenciário, criado no governo FHC e que segundo ele era para conter o deficit da previdência mas na prática so prestou para corroer o poder aquisitivo do trabalhador aposentado.

    Ha casos que essa perda já atinge 50%.

    Isso ocorre em um período da vida onde o trabalhador aposentado por estar mais velho precisa de mais médicos e remédios.
    Mas a história do trabalhador que no auge de sua vida deu o melhor de si é totalmente ignorada, e o governo na ciranda da globalização esta pouco se se lixando.
    Lembremos que na última eleição os três candidatos mais bem avaliados para a presidência debateram o FP exaustivamente.

    Agora que Dilma ganhou a eleicção e diante do cenário de crise global e local, sinceramente o sr. acha que ela vai mexer no fator previdenciário?

    O Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, adotando posturas ortodoxas, já abriu a sua caixa de maldades, aumento do IOF, aumento da gasolina, redução do tempo para obter o seguro desemprego, isso sem considerar as crises de água e de energia elétrica na região mais produtiva do Brasil, o sudeste.

    Sr. Almir, precisamos rezar, rezar muito e pedir a Deus que nos proteja porque o Brasil, apesar de suas riquezas, está à deriva e na contramão da história.

    Nós conseguimos sobreviver mas e as próximas gerações?
    Um forte abraço ao senhor.
    José Macedo.

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  2. Bem, já fiz minhas considerações sobre a necessidade do fator previdenciário que o primeiro mundo usa.
    O Brasil é um país que não valora a previdência privada, um dos maiores recursos de um país.
    Ela é mais eficiente que a caderneta de poupança.
    Tínhamos aposentadorias de 20 salários porque os Fundos de pensões da época administravam eficiente mente nossos fundos, tanto que as maiores realizações de Vargas, tais como:
    CSN
    VALE
    PETRONOSSO hoje petrobrás espoliada por partidos políticos.
    Foram feitas com o financiamento dos fundos.
    JK construiu Brasília com o dinheiro dos fundos de pensões.
    Os fundos de pensões, tinham políticas habitacionais muito mais revolucionárias que o BNH dos militares e o tal "minha casa minha vida".
    O atendimento médico dos Fundos de pensões era muito mais eficiente que o SUS.
    Seguro desemprego é um antro de corrupção, deveria ser pago pelos sindicatos.
    A previdência é para pensões, você previdenciário não faz seguro desemprego.
    Muita gente não sabe o que é décimo terceiro, vou explicar:
    A maioria dos países capitalistas de primeiro mundo paga por semana trabalhada.
    O ano sempre 52 semanas, o mensalista recebe apenas 48, então as empresas brasileiras seriam obrigadas a pagar um mês de salário a mais no final do ano, por força jurídica.
    O governo inventou o tal 13°, então ele não é prêmio, ou benesse é dinheiro devido pela força laboral do empregado.
    O fator previdenciário NÃO CORRÓI o salário do aposentado, ele apenas se justifica para os que irão se aposentar com idade muito inferior às expectativas de vida.
    Quero lembrar que quando foi instituída a aposentadoria ela era tripartite, o governo entrava com 1/3 para prover os fundos, porque não havia período de carência pra o recebimento das aposentadorias.
    Não existe posições ortodoxas em sistema previdenciário, nosso governo utiliza-o com outras funcionalidades, como pagar o superavit primário, o SUS, o FAT, o FAD, o funcionalismo do INSS, os prédios alugados, os médicos periciais, a infra-estrutura d trabalho, bolsa família...
    Isso não é ortodoxia é roubo, estelionato e corrupção.
    O governo faz social com o dinheiro da previdência.
    Fundos de pensões privados seriam a salvação da previdência, se o governo não os utilizasse para maracutaias corruptas.
    Os maiores fundos de pensões privados no Brasil são administrados pelo governo, então estão quebrando, obrigando o governo a injetar numerário para mantê-los.
    Sei que fui prolixo novamente, mas é necessário reafirmar minha posição, que sem modéstia nenhuma, é muito plausível e bem concatenada.

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  3. Pediria ao amigo Artur Larangeira, que há pouco tempo fez um brilhante trabalho sobre a disparidade de direitos entre os aposentados do setor privado e os dos servidores públicos, o porque do governo não ter argumentos plausíveis que possa justificar a terrível perseguição feita ao indefeso aposentado da iniciativa privada! Justamente estes últimos, a principal vítima de falhas administrativas, onde os recursos da Previdência são altamente superavitários, nunca poderiam ser punidos da maneira como o são, servindo como cobaia da incompetência governamental. Não posso passar panos quentes neste governo, que só quer sacrificar o aposentado do setor privado, em detrimento dos aposentados do setor público. Uma boa e justa administração, só é considerada, quando aplica direitos e deveres de forma equânime, priorizando tanto os aposentados do RGPS como os do RPPS. Amigo Artur, aguardamos a sua mensagem valorizando mais o seu competente e esclarecedor trabalho.
    Almir Papalardo.

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  4. Artur Larangeira Filho24 de janeiro de 2015 às 14:55

    O trabalho que fizemos foi entregue ao Ministério Público Federal, que por ser parte interessada no erro, aparentemente engavetou o projeto. Estamos aguardando pronunciamento do CIDH para onde fizemos nova reclamação, já que no Brasil nada se faz no sentido de beneficiar a população. O que avança por aqui são as mãos do estado sobre nossos bolsos.

    Segue abaixo uma reclamação que fiz hoje para a revista Veja.

    Artur

    De: Artur
    Data: 24-01-2015 13:19:56
    Para: veja@abril.com.br
    Assunto: Declarações do minstro Joaquim Levy - o novo corporativista.


    O ministro Joaquim Levy está precisando promover urgentes e necessárias reformas, mas aparentemente ele pegou a doença do corporativismo, só vê erros da iniciativa privada, ex.: ontem (23/1/15) ele disse que o seguro desemprego brasileiro está ultrapassado e está tomando medidas para corrigir os erros, mas nada fala sobre os absurdos do serviço público que nos custam caríssimo; exemplos:

    1) os salários de servidores públicos federais são substancialmente superiores aos de seus pares da iniciativa privada, e por quê? O que justificaria isso, produtividade? Comparemos dois itens: a) a produtividade da iniciativa privada nos pôs como 8ª economia mundial; b) a produtividade do serviço público nos coloca na 85ª posição do IDH, e note que somos a 8ª economia com uma das maiores cargas tributárias do mundo, ou seja: dinheiro existe e muito, mas é mal gasto. Estamos premiando a incompetência, promovendo a desigualdade, e tentando perpetuar uma oligarquia porque os jovens mais bem preparados estão fugindo para o serviço público – “Brasil! país SEM futuro”;

    2) O que justifica a estabilidade burra de emprego que só nos prejudica e que já deu provas de que é ineficiente (vide diversos escândalos de corrupção)? Não se demite funcionário relapso, incompetente ou que traga prejuízos para a população porque ele fez uma prova. Quer definição mais ultrapassada que essa?

    3) O benefício médio dos aposentados do INSS é 1/7 do benefício médio do servidor aposentado, e vale ressaltar que a iniciativa privada sempre contribuiu mais para a previdência (considerando empregado e empregador) que o setor público (tenho como demonstrar). Ex. Um copeiro aposentado do senado ganha pelo menos 4 vezes mais que qualquer aposentado da iniciativa privada quer ele tenha empregado ou dado mais de mil empregos. Tem lógica?

    Quem vai reclamar com o ministro e tentar acabar com este apartheid ou estou errado?

    4) Etc. – para listar as iniqüidades levaria pelo menos umas 3h.

    Os erros que temos no país são basicamente criados pelo setor público e do setor público, mas a conta só cai no colo da iniciativa privada. Quem vai reclamar com o ministro e tentar acabar com este apartheid, ou estou errado?

    Artur Larangeira Filho – (21) 2596-4732.

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