sábado, 14 de fevereiro de 2015

A carta dos trinta e dois e pico

Vasco Lobo Xavier

Parece que António Costa já veio dizer que assinaria a carta dos 32. Ninguém se deve ter lembrado de lhe falar antes e por isso vem agora. É mais um, pronto. Diga trinta e três, pela sua saúde. Ou trinta e dois e pico. Eu acho que é só trinta e dois e pico. Acho até que está tudo doido e que no PS se perdeu completamente o sentido de Estado: aquele pessoal anda a fazer política baixa, do mais rasteiro, ao estilo das jotas no liceu: o que é preciso é “ser do contra” e mais nada.

Vejo esta notícia do Público, (onde certamente se julga que o dinheiro cai do céu até que um dia isso acabe) e fico pasmo! É preciso alguém explicar ao Octávio Teixeira que os problemas de Portugal não têm nada a ver com os da Grécia! E ao Adão e Silva que não há consenso alargadíssimo algum em Portugal para ajudar a Grécia! E ao Ferro Rodrigues a realidade! Esclareçam eles aos Portugueses que dos seus bolsos há que sair dinheiro para custear a maluqueira grega de pagar setecentos e tal euros de salário mínimo quando cá se pena arduamente para ganhar pouco mais de 500 e os Portugueses mandam-nos todos à fava (nenhuma relação familiar com aquela pessoa que compra com extraordinária facilidade montes em Montemor-o-Novo).

Então nós, com as dificuldades que temos, emprestámos mil e cem milhões aos gregos e vamos abdicar disso e perdoar a dívida como pretende o PS? Antes comprar Mirós aos pacotes!
Então há que ter respeito pelo eleitorado grego e pela sua democracia, que elegeu aquele bando de malucos do Syriza?!? E o respeito pelos eleitores Portugueses, para o PS não conta? Nem o dinheiro dos Portugueses?

Essa malta do Syriza que prometa aos gregos coisas com o seu dinheiro e não com o dos Portugueses! E se os do Syriza tivessem prometido um carro a cada grego e o fim dos impostos e fossem eleitos? Teríamos de ir lá encher aquela malta de Audis? E o PS anda atrelado a esta maluqueira?!? Eu não consigo perceber! No PS ninguém pensa que um dia poderão ser Governo de Portugal e (pelo menos) fingir que têm juízo junto dos seus parceiros europeus?!?

«Ah… mas os portugueses também ganhariam…» Mas já ninguém tem vergonha de mendigar esmolas? Que coisa é esta? Nós, portugueses, podemos ser pobrezinhos mas somos honrados! Ainda ontem fomos aos mercados com honradez, sem ser de chapéu na mão e de cabeça baixa. Não temos nada a ver com a situação grega. O Sócrates meteu-nos na bancarrota e honradamente cumprimos os acordos a que ele nos obrigou. Ponto. E sem ajuda do PS, que há três anos que nos quer arrastar para o lodo da Grécia.

Mas os Gregos já vão no segundo resgate e preparam-se para o pior. E ainda têm a lata de dizer que estamos no mesmo barco e de se amarrarem a nós para nos arrastar para o fundo! E o PS engole essa coisa! E apoia! Em Itália, quando se consciencializaram disso mandaram logo os Gregos passear. E de gravata! Cá, o PS quer atrelar-se a essa gente para ir ao fundo! Eu tenho imensos amigos do PS mas imagino que eles próprios estejam um nadinha à rasca com estas posições.

Uma das frases mais imbecis daquela carta dos 32 e pico (não consigo perceber como pessoas que admiro, como Pacheco Pereira, ou que admirava, como Bagão Félix, de entre outras, assinam aquele monumental disparate) reza o seguinte: «Este momento exige por isso uma atitude construtiva, que conduza a uma cooperação europeia de que Portugal não se deve isolar.»  Portugal isolado?!?... Mas está tudo doido?!? Isolada está a Grécia!

Mas alguém pensa que os países da EU e os respectivos contribuintes de cada país estão para pagar qualquer maluqueira que qualquer outro país queira eleger?!? Só um tolo pode pensar nisso. Aqui ao lado, em Espanha, elege-se um qualquer partido que promete que “Podemos ir a Portugal sem pagar portagens e gasolina.” E nós temos de aceitar isso?!?

Uma coisa é ajudar pessoas sensatas ou países sensatos; outra, muito diferente, é permitir a continuação do vício. Todos nós ajudaríamos (ou já ajudámos) amigos em dificuldades mas não é para continuarem a jogar no casino ou para beber na taberna. Experimentem chegar a casa e dizerem às mulheres que este ano não há férias no Algarve para os amigos a quem emprestaram o dinheiro irem para férias na Grécia para ver o que acontece. É isso que o PS está a pretender para os Portugueses.

A solidariedade europeia é muito bonita e defensável mas é preciso alguma razoabilidade. Não é menosprezar o problema Grego, dos Gregos e de cada um dos Gregos. Nós estamos a falar de uns doidos de esquerda radical que prometeram aos seus eleitores o que não podiam, com o dinheiro dos outros, o nosso inclusive, e que a qualquer momento e por meia-dúzia de dracmas se aliam a Putin, ao doido da Venezuela, e que para governar se amancebam com a extrema-direita grega. É deste tipo de gente que o Bloco, o PCP e o PS gostam. Boa! 

Claro que agora o Governo Grego é elogiado por certa comunicação social portuguesa por ter recuado em algumas das suas exigências mas é preciso recordar e ter sempre presente que, se não tivesse sido travado, se se tivesse seguido as opiniões do PS desde o primeiro dia, esse recuo não teria existido. E nós, Portugueses, estaríamos a pagar o salário mínimo grego de 700 euros com o nosso de 500. Explique lá isso ao eleitorado português o Sr. António Costa e os restantes 32 assinantes.

Então andamos nós a suar para honrar as dívidas que o Sócrates nos deixou e ainda vamos ter de pagar a maluqueira do Tsipras? E os cachecóis Burberrys do seu Ministro das Finanças? 
Tenham juízo o PS e António Costa! 
Título e Texto: Vasco Lobo Xavier, Corta-fitas, 14-2-2015

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