José Carlos Bolognese
Ainda estou esfregando os
olhos como quem sai, depois de muito tempo, de uma caverna escura para a luz.
Há tanto tempo esperando, vendo pequenos focos de luz se acender que até então
não eram a luz no fim do túnel, mas o túnel no fim da luz, percebo o novo estado
das coisas com cautela e, sim, alegria. Portanto é hora de agradecer pela nova
situação ainda que, por ter sido confinado à escuridão de um infame calote, me
sinta ainda um pouco descrente da nova claridade e desconfiado se ela veio para
ficar. Mas, estar melhor agora e com mais esperança para o futuro me leva a ser
grato primeiro a Deus, depois à família que tenho a sorte de ter e, sem poder
nominar a todos, aos colegas que lutaram e não deixaram uma história de
injustiça cair no esquecimento que tanto convém aos agentes da desgraça e seus
sacos de maldades.
No meu caso particular, o
agradecimento – que acredito ser o de vários entre nós – pela ajuda generosa de
amigos ao tempo e à hora da necessidade.
Também tenho (temos) de
agradecer aos inúmeros jornalistas que, sem precisar abdicar da isenção
profissional, souberam ver no caso Aerus/trabalhadores da Varig um flagrante
desrespeito a direitos fundamentais e se dispuseram a divulgar a luta por uma
causa justa. Aos políticos, embora poucos, mas os poucos que nos dão esperanças
de dias melhores no Legislativo. Também não podemos esquecer dos juízes que
souberam ser consistentes em suas sentenças e resistiram às avalanches de
recursos de um estado pouco acostumado a cumprir a lei a favor dos direitos
individuais.
Sim, estou feliz,
cautelosamente feliz com essa primeira vitória em finalmente receber de volta,
não uma benesse qualquer, mas apenas uma pequena parte do que construí com
vinte anos de contribuições ao Aerus. E nem é preciso dizer que, se remotamente
todo o passivo for resgatado, ainda resta o passivo maior que foi praticamente
não ter vivido durante quase nove anos.
Encerro com uma nota de
tristeza por saber que essa nova boa situação não se estendeu a todos os
prejudicados pelo fim da Varig e pelo calote ao Aerus. Se demitidos, quase
aposentados ao fim da Varig e pensionistas nada recebem, não há muito que
comemorar a não ser um pequeno avanço, nada mais. Precisamos continuar a luta,
continuar cobrando e só cantar a vitória quando todos forem atendidos em seus
direitos.
Não vamos ser empurrados de
volta à caverna e à escuridão. Para se conseguir isto, a luta se impõe.
Título e Texto: José Carlos Bolognese, 7-2-2015
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O texto de José Carlos Bolognese e irrepreensivel e surge em boa hora.
ResponderExcluirHora em que a Petrobras e a Petros navegam em águas tormentosas, com ondas tsunâmicas.
Nos anos de ouro da saudosa Varig, ninguém em sá consciência, acreditava que aquela empresa que já foi orgulho dos brasileiros pudesse um dia falir e levar ao desespero os beneficiários do AERUS por um longo periodo, quase dez anos.
Guardadas as devidas proporções, nos ex-petroleiros, vivemos hoje situação semelhante face às incertezas decorrentes do maior escândalo de corrupção na Petrobras e que já está afetando os beneficiários da Petros ao menos em termos pisicológicos.
À medida que as caixas pretas da Petrobras e da Petros vão se abrindo e novas denúncias de corrupção vão surgindo, nos deixa inseguros.
Pessoalmente creio que a Petrobras supere esta grave crise, porque se a Petrobras falir, o Brasil, como país soberano vai sofrer graves consequências.
Deus nos livre desse pesadelo, a que os aeroviários do Aerus passaram
Vida longa a todos aqueles variguianos que lutaram para ter os seus direitos reconhecidos e afinal sairam vitoriosos.
José Macedo