Leo Daniele
Avançadíssimo, mas ao
mesmo tempo caótico, cinzento, nervoso, vazio, poluído, insípido, inodoro, incolor
e sem Deus é o nosso século. Assim a muitos parece.
Ter saudades do passado
implica em julgamento do presente? Com certeza. Elas consistem numa comparação
explícita ou implícita entre duas situações, a do presente e a do passado, para
o qual se inclinam. “São Paulo cresceu, mas tudo morreu”,diz a
canção “Lampião de Gás”.
Se saudades são o pesar, a mágoa causada
pela privação de algo (cfr. “Aurélio”) e nos sentimos privados de alguma coisa,
precisamos reconhecer de modo implícito ou explicito que estamos com saudades.
Do quê?
Serão saudades do passado?
A célebre e inspirada música de Inezita Barroso só fala de coisas que já
se foram: do bonde aberto, do carvoeiro, do vassoureiro com seu pregão.
Mas será só disso que temos
saudades? Ou de algo mais?
Quem sabe se não temos
saudades do futuro? Tanto mais quanto Nossa Senhora anunciou em
Fátima que “Por fim, meu Imaculado Coração triunfará”. Se for
assim, serão dias melhores.
Podemos ter saudades desses
dias? Podemos e devemos. É uma maneira de nos consolarmos nestes tempos muito
aziagos em que vivemos.
O grande são Luís Maria
Grignion de Montfort exclamava: “Se eu não tivesse a esperança de que
mais cedo ou mais tarde haveis de ouvir este pobre pecador nos interesses de
vossa glória como já ouvistes a tantos outros, pedir-Vos-ia do mesmo modo
que o profeta: Tolle animam meam” (Levai a minha alma).
“A confiança que tenho em
Vossa misericórdia faz-me, porém, dizer com outro profeta: não morrerei,
mas viverei e narrarei as obras do Senhor; até que com o velho Simeão possa
dizer: ‘Agora, Senhor, despede o teu servo em paz’”.
Diz o “Livro dos Provérbios”,
e com isso encerro: “A esperança que se retarda aflige a alma, porém
o desejo que se cumpre é uma árvore da vida”(Pr. 13,12).
Título, Imagem e Texto: Leo Daniele, ABIM,
19-3-2015
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