Se é daquelas pessoas que
critica os serviços de "catering" das companhias aéreas por falta de
mão para a cozinha, saiba que o problema não é deles. A BBC aponta o dedo aos
culpados.
Imagem: AFP/Getty Images |
Carolina Santos
Se algum dia der um jantar e
alguém lhe disser que “sabe a comida de avião”, saiba que muito provavelmente a
sua comida não está boa de sal ou simplesmente não sabe a nada. Mas a
comparação pode deixar de fazer sentido em breve. Após anos de
reclamações, as companhias aéreas procuraram saber o que altera o sabor dos
alimentos a grandes altitudes e tentam de tudo para melhorar a experiência dos
seus passageiros.
Como avança um artigo da BBC, o problema está, essencialmente, na
alienação dos seus sentidos, provocada pelas condições existentes dentro da
cabine. Segundo Russ Brown, diretor do In-flight Dining & Retail da
American Airlines, o olfato e o paladar são os primeiros sentidos a
ficarem comprometidos a grandes altitudes. “O sabor é uma combinação de ambos,
e a nossa perceção de doce e salgado diminui quando estamos dentro de uma
cabine pressurizada.” Para Charles Spence, professor de psicologia experimental
na Universidade de Oxford, esta dormência de sentidos deve-se,
essencialmente, a “falta de humidade, baixa pressão atmosférica e barulho de
fundo”.
Depois de se despedir das
pessoas no aeroporto e entrar no avião, diga adeus ao seu cheiro. A quase
inexistência de humidade não se vai compadecer desse sentido e ainda antes de
se sentar, ele já terá sido fortemente comprometido. Isto porque nós precisamos
de muco nasal para cheirar, mas devido ao ar existente na cabine os nossos
recetores de odores não funcionam como deviam, e quem paga é a comida que fica
duas vezes mais sensaborona.
Assim que vir, nos monitores a
bordo, que viaja a uma altitude de 30.000 pés (9.100 metros), pode despedir-se
do seu paladar. A humidade a uma altitude dessas é de menos de 12%, ou seja,
mais seco do que a maioria dos desertos. A combinação entre a falta de humidade
e a baixa pressão atmosférica reduzem a sensibilidade das suas papilas
gustativas ao doce e ao salgado em cerca de 30%, de acordo com um estudo levado
a cabo pelo Fraunhofer Institute for Building Physics a pedido da companhia
aérea alemã Lufthansa. Para descobrirem o que de facto se passava, os
investigadores usaram um laboratório especial, reduzindo a pressão atmosférica
existente a 35.000 pés (10.600 metros), simulando o barulho do motor, num
esforço para tornar o mais fidedigna possível a experiência de comer a bordo de
um avião.
Título e Texto: Carolina Santos, Observador,
12-3-2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-