quinta-feira, 12 de março de 2015

Por que é que a comida não tem sabor nos aviões?

Se é daquelas pessoas que critica os serviços de "catering" das companhias aéreas por falta de mão para a cozinha, saiba que o problema não é deles. A BBC aponta o dedo aos culpados.

Imagem: AFP/Getty Images

Carolina Santos
Se algum dia der um jantar e alguém lhe disser que “sabe a comida de avião”, saiba que muito provavelmente a sua comida não está boa de sal ou simplesmente não sabe a nada. Mas a comparação pode deixar de fazer sentido em breve. Após anos de reclamações, as companhias aéreas procuraram saber o que altera o sabor dos alimentos a grandes altitudes e tentam de tudo para melhorar a experiência dos seus passageiros.

Como avança um artigo da BBC, o problema está, essencialmente, na alienação dos seus sentidos, provocada pelas condições existentes dentro da cabine. Segundo Russ Brown, diretor do In-flight Dining & Retail da American Airlines, o olfato e o paladar são os primeiros sentidos a ficarem comprometidos a grandes altitudes. “O sabor é uma combinação de ambos, e a nossa perceção de doce e salgado diminui quando estamos dentro de uma cabine pressurizada.” Para Charles Spence, professor de psicologia experimental na Universidade de Oxford, esta dormência de sentidos deve-se, essencialmente, a “falta de humidade, baixa pressão atmosférica e barulho de fundo”.

Depois de se despedir das pessoas no aeroporto e entrar no avião, diga adeus ao seu cheiro. A quase inexistência de humidade não se vai compadecer desse sentido e ainda antes de se sentar, ele já terá sido fortemente comprometido. Isto porque nós precisamos de muco nasal para cheirar, mas devido ao ar existente na cabine os nossos recetores de odores não funcionam como deviam, e quem paga é a comida que fica duas vezes mais sensaborona.

Assim que vir, nos monitores a bordo, que viaja a uma altitude de 30.000 pés (9.100 metros), pode despedir-se do seu paladar. A humidade a uma altitude dessas é de menos de 12%, ou seja, mais seco do que a maioria dos desertos. A combinação entre a falta de humidade e a baixa pressão atmosférica reduzem a sensibilidade das suas papilas gustativas ao doce e ao salgado em cerca de 30%, de acordo com um estudo levado a cabo pelo Fraunhofer Institute for Building Physics a pedido da companhia aérea alemã Lufthansa. Para descobrirem o que de facto se passava, os investigadores usaram um laboratório especial, reduzindo a pressão atmosférica existente a 35.000 pés (10.600 metros), simulando o barulho do motor, num esforço para tornar o mais fidedigna possível a experiência de comer a bordo de um avião.
Título e Texto: Carolina Santos, Observador, 12-3-2015 

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