sexta-feira, 24 de abril de 2015

Redes sociais: o equívoco dos que se imaginam líderes

Cesar Maia

1. Esse Ex-Blog – por inúmeras vezes – e apoiado em diversos autores e especialistas, tem repetido à exaustão, que as Redes Sociais são horizontais, desverticalizadas, impessoais e impulsionadas pela decisão de indivíduos. Mas a cada grande mobilização que alcança as ruas surgem siglas e líderes que se atribuem o sucesso, a organização e a direção dos movimentos. E setores da imprensa e vários políticos acreditam nisso e convidam para reuniões e entrevistas.

2. Ilusão de todos. Isso não tira a importância daqueles que criam siglas e através delas fazem a divulgação. Mas não são nem organizadores nem líderes. São distribuidores de informação sobre eventos como divulgadores. Esse Ex-Blog tem insistido que as manifestações de rua – real e física – por maiores que sejam, são muito menores que as redes – ruas virtuais – onde todos os dias há manifestações, opiniões, multiplicação de textos e vídeos, com ou sem efeito virótico.

3. Hoje há institutos e empresas especializadas em identificar a temperatura das redes sociais. Na semana anterior à última manifestação de 12 de abril, estas afirmaram que a temperatura das redes virtuais estava bem menos aquecida e que provavelmente as ruas virtuais iriam para as ruas reais, em menor proporção, como, aliás, ocorreu.

4. Em 2013 as siglas e líderes tinham outros nomes, agora em 2015, surgem outras, todas na verdade tiveram o mérito de sentir a pulsação das redes virtuais – horizontais, desverticalizadas, individuais, impessoais, anônimas – e impulsionar nas redes a informação sobre uma concentração nas ruas e sentir o retorno, para em seguida divulgar. São efeito, e não causa. São as folhas caindo e não a ventania.

5. Mas mesmo essa divulgação primária é mínima. São as redes virtuais que vão multiplicando ou não a agenda. De junho de 2013 para 2015, algumas pegaram e tiveram um efeito virótico. Outras ficaram nas ruas virtuais e não saíram às ruas reais.

6. Se os institutos e empresas especializadas em medir a temperatura das redes sociais, em vez de prestadores de serviço, se sentissem como estimuladores de manifestações teriam muito maior impacto que movimentos e líderes eventuais.

7. Como as redes sociais – horizontais – são heterogêneas em seus perfis, a imprensa, os analistas e os políticos, não conseguem identificar qual a reivindicação principal dos protestos. Pesquisas realizadas com os manifestantes mostram isso. Nenhum tema alcança sequer 30% das respostas e em geral esses 30% repetem o que o noticiário concentra. Mas na verdade é muito mais uma reação – de Indignação – difusa ampliada num momento de crise. Ou seja, as reivindicações são pulverizadas, individuais e agregadas.

8. Que os líderes e siglas entendam a sua verdadeira importância e dimensão, e não se pensem responsáveis além de noticiadores, divulgadores, o que, aliás, não tira importância dos que conseguem maior luminosidade pela imprensa. Mas devem entender que são milhões de “siglas e líderes” individuais. Entendendo isso, e baixando a bola, produzirão maior sustentabilidade ao que se propõe. E maior reconhecimento das redes. 
Título e Texto: Cesar Maia, 24-4-2015

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