terça-feira, 5 de maio de 2015

A minha capa no Jornal “i”

Pedro Cosme Vieira
E não matei cinco peregrinos… que seria se o tivesse feito?!

O Pedro Reininho fez-me uma entrevista por e-mail com oito perguntas que, na compreensível necessidade de vender papel, transformou numa capa sensacionalista.

A vida está difícil e eu, para ter os meus quinze minutos e fama, já sabia que me teria que sujeitar a isto.

Publico agora o que eu lhe disse para os estudiosos da comunicação social poderem comparar a fonte com a peça jornalística  (ver A história do professor mais odiado de Portugal).
(Só corrigi os erros ortográficos que seriam uns dez, o que é pouco para o meu historial)

1. Esperava a reacção que causou a mera menção ao seu nome, por parte do deputado Duarte Marques? Como interpreta aquele artigo de Francisco Louçã, em que recupera algumas das considerações que o senhor tem publicado no seu blogue? 
Como nota prévia, não conheço o deputado Duarte Marques nem ele me conhece e muito menos somos amigos.
O artigo do Louçã não me surpreendeu em nada e já o esperava há muito porque cada vez mais as batalhas políticas travam-se nos blogues. Mostrando eu no meu blogue, com números e factos, que o denominado "outro caminho" anunciado pelos pensadores de esquerda é um embuste, uma história para adormecer criancinhas, sem qualquer viabilidade prática, não lhes sobraria mais do atacar o meu carácter. Pensaram que a palavra "pretalhada" seria a sua oportunidade.

2. A verdade é que, nesses artigos que tem vindo a publicar, emprega termos fortes ("pretalhada", "alienígenas", etc.) para referir-se às pessoas que têm tentado atravessar o Mediterrâneo para chegar à Europa. Até que ponto se trata de uma mera estratégia "comercial", um meio para conseguir mais "público" para os seus artigos? 
Não interessa chamar a um pobre "Ex.mo Sr. Pobre e Desgraçado" para, depois, o mandar embora sem esmola.
Essas minhas palavras são um grito de indignação. Agora que foram notadas, queria que o Louçã apresentasse uma solução minimamente credível para o problema das centenas de milhões de pessoas que, desde Moçambique ao Bangladesh passando pela Guiné-Bissau, levam vidas de extrema miséria. Não queria o discurso de que "a culpa é do grande capital" mas antes que fossem aos calhamaços de Economia estudar soluções práticas.
Em certa medida, as palavras são uma estratégia comunicacional, uma forma de gritar no meio da multidão dos blogs.

3. O mesmo se pode dizer das teorias que apresenta para resolver o problema da SIDA, ou para o equilíbrio da Segurança Social. É um inconformado? Um irreverente? Como se define?
Quando falei do abate sanitário como política para acabar com a SIDA também referi que essa política não só não resolveria o problema como ainda o agravaria. O seu uso pelo Louçã só prova a minha tese de que o pretendido não era discutir o problema da SIDA mas lançar uma cortina de fumo sobre as incoerências do actual discurso da esquerda.
Eu sou, enquanto figura pública, uma criação do espaço público, livre e não moderado que os blogs materializam. É neste espaço que luto todos os dias para ser livre. Poderia escrever sobe anonimato como fazem, por exemplo, no Irão mas isso seria reconhecer de que não vivemos numa sociedade de livre pensamento. Seria tornar-me prisioneiro das pessoas que se acham as únicas com direito a pensar sobre a miséria que aflige o Mundo (mas que não pensam).

4. Essa forma discursiva tem um preço: as adjectivações mais variadas de que é alvo. Incomodam-no? 
Não me incomodam nada porque, de facto, essas adjectivações não são sobre mim enquanto pessoa mas apenas enquanto personagem de um mundo virtual. Quando eu vou à farmácia, ao supermercado, ao café, ou caminhar à beira mar, nesses mundos não existe qualquer ligação com a minha personagem enquanto bloggista.
Cada vez mais as pessoas são multipolares, os momentos em que sou judoca, professor, bloggista, amante da natureza, etc. não se interceptam. Por exemplo, na aldeia onde vivi desde que me lembro até ir estudar para a universidade não sabem que eu sou professor universitário, pensam que eu não tenho emprego e que vivo à custa da reforma da minha mãe. 

5. Licenciou-se em Engenharia de Minas (em 1988, se não estou em erro). Porquê esta área?
Quando eu, em 1983, me candidatei à Universidade escolhi Minas porque gostava das coisas da natureza e não precisava pensar na sua aplicação profissional porque os meus pais, tendo 6 filhos, não tinham recursos mínimos para que eu pudesse frequentar a universidade. Tive sorte de a minha mãe ter lutado para que eu tivesse uma bolsa de estudo. Eu, enquanto licenciado, sou um filho do Estado Social.

6. É filiado nalgum partido? 
Não. Em termos políticos defino-me como um liberal e já votei no CDS, no PSD e no PS.

7. É o mais velho de três irmãos. Que importância tem a família? Tem filhos? 
Pedro, eu talvez cortasse esta pergunta porque não terá interesse.
Tenho cinco irmãos e não tenho filhos porque os homens não podem ter filhos.

8. Porquê essa ausência de relação com telemóveis? 
Telefonar, receber telefonemas ou cartas e falar com pessoas causa-me mal-estar.
Deve ser uma doença qualquer.

Um abraço, 
Pedro Cosme Vieira, “Económico-Financeiro”, 5-5-2015

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