Luís Naves
Um dos argumentos mais
repetidos pela oposição é de que a dívida pública atingia 93% do PIB em 2010 e
agora está em 128% do produto. Ou seja, os sacrifícios feitos em nome do
endividamento excessivo foram inúteis, pois só agravaram o problema.
Este argumento omite, de forma
conveniente, que em 2011 Portugal não conseguia financiar-se nos mercados e
estava submetido a um programa de resgate negociado pelos socialistas e que
envolveu 78 mil milhões de euros. Embora o dinheiro não tenha sido todo gasto
nos três anos seguintes, tratava-se de empréstimos que contavam para dívida
pública, num valor equivalente a quase 50% do PIB. Não admira que a dívida
tenha subido, pois foi preciso pagar compromissos que já existiam e os défices
seguintes. Tendo agora excedente primário, Portugal já está a pagar a dívida e
antecipou o desembolso de uma parte do próprio resgate. Havendo crescimento
económico já significativo, a proporção em termos de produto começará a
diminuir mais depressa.
No entanto, continua a
repetir-se esta ideia de que os sacrifícios nunca foram necessários e que não
estivemos em situação de pré-falência. Os críticos esquecem que em 2011 não
havia dinheiro para pagar salários e pensões. Durante os três anos de programa
de ajustamento, desmentindo a ideia da espiral recessiva e evitando o segundo
resgate ou a tentação da renegociação da dívida, este governo cumpriu as
condições impostas pelo memorando e conseguiu em 2014 uma saída limpa do
programa, financiando-se sozinho nos mercados.
Era isto ou a Grécia.
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